Ai de mim se não anunciar o evagenlho

terça-feira, 5 de maio de 2015



“Com efeito, quando estávamos entre vós, demos esta regra: ‘Quem não quer trabalhar também não coma’.
Ora, temos ouvido falar que, entre vós, há alguns vivendo desordenadamente,
sem fazer nada, mas intrometendo-se em tudo.
A essas pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo
 que trabalhem tranquilamente e, assim, comam o seu próprio pão”. (2Ts 3, 10-12).

Caríssimos leitores e leitoras,

É possível que, ao se deparar com o texto paulino acima algum leitor o ache estranho ou, pelo menos, fora de lugar. Na realidade seu objetivo é motivar uma reflexão sobre uma realidade fundamental da vida humana que é o trabalho. E, por quê? Porque, ao celebrar no dia Primeiro de Maio o DIA DO TRABALHO, dele podemos encontrar algumas repercussões durante todo o mês. Sua repercussão encontra eco no dia a dia de cada homem, da cada mulher na luta cotidiana pela própria vida e pela vida dos seus e da própria sociedade.
       Desejo, pois, partilhar algumas ideias que já externei num artigo recente e que me parecem oportunas nesta ocasião na qual a Igreja propõe como modelo do trabalhador ninguém menos que o pai adotivo de Jesus, São José. São José Operário. Vamos partir de um tema abrangente para os que deixam iluminar suas vidas pela fé. Melhor, para os que querem ver a realidade com os olhos de Deus: o trabalho humano visto com os olhos de Deus. De fato, esta atitude convém aos que nEle creem e que com Seu projeto de amor querem modelar suas vidas.
Evidentemente, não é possível tratar aqui de todas as implicações sociais do trabalho e de suas consequências, a maioria das quais, de algum modo, experimentadas na própria pele por milhões de trabalhadores pelo mundo e – porque não? – aqui também no Brasil: injustiças, exploração e escravização de todos os tipos, desemprego cada vez mais acentuado, salários ainda que legais, mais absolutamente injustos e indignos, desrespeito à pessoa gerando revolta e, muitas vezes, até violência, etc..

1. Trabalho e projeto de Deus na Bíblia. Ao entregar a terra às suas primeiras criaturas humanas, o Senhor deu-lhes o poder de submetê-la (cf. Gn 3,28). É o primeiro indício da lei do trabalho. Entretanto, na raiz do peso do trabalho estão a ingratidão e a desobediência dos nossos primeiros pais. Mas é nessa mesma raiz que vamos encontrar o projeto de Deus para suas criaturas: “Comerás o pão com o suor do teu rosto, até voltares ao solo do qual foste tirado” (Gn 3, 19. Assim, percorrendo o Antigo Testamento deparamo-nos com inúmeros textos referentes ao trabalho humano, ao seu peso, mas, também, à sua dignidade e ao seu valor.  A construção do Templo de Javé, em Jerusalém, das Sinagogas, o apascentar as ovelhas nos campos e montanhas, o cultivo da terra para que produza frutos para sustento das comunidades, etc.. Tudo enobrece o trabalho do povo eleito e Deus o acompanha e encoraja enviando o tempo favorável para colheitas abundantes e suficientes para todo o povo.
2. Jesus, operário como seu pai adotivo, São José: “Não é ele o filho do carpinteiro?” (Mt 12,55; cf. Mc 6,3). Apessoa e o testemunho de vida de Jesus, sobretudo nos seus primeiros trinta anos, santificaram o trabalho de suas mãos. Além do conhecido trabalho diário em Nazaré, supõem alguns historiadores que no tempo de Jesus, devido à construção, na Palestina, de uma cidade gigantesca chamada Séphora, recrutava-se mão de obra de todas as partes e que José e Jesus também teriam ali trabalhado por algum tempo.  Seria, mais ou menos, como na construção da nossa Brasília, para onde afluíam operários recrutados de todos os cantos do país – os famosos candangos. Jesus e José poderiam ter sido como “candangos” do seu tempo. O fundamental para nós é que, trabalhando arduamente na sua carpintaria ao lado seu pai adotivo, Jesus santificou o trabalho, dele fazendo não apenas uma obrigação imprescindível para o sustento da família mas, sobretudo, um precioso meio de santificação e de testemunho de solidariedade.

3. O trabalho nos Documentos do Magistério da Igreja. Além de outros documentos, dois sobressaem pela importância e pelas orientações pastorais neles contidas. O primeiro é a Encíclica RERUM NOVARUM SOBRE A CONDIÇÃO DOS OPERÁRIOS, do Papa Leão XIII, de 15 de Maio de 1891, na qual o Papa manifesta sua preocupação tanto com as condições dos operários tratados quase como escravos como com as opressoras condições de trabalho a que eram obrigados para sobreviver, saindo de uma cultura agrícola para uma cultura totalmente nova, a da conhecida Revolução Industrial. O segundo Documento, tão importante quanto o primeiro - ou, quem sabe, até mais por sua atualidade - é a Encíclica LABOREM EXERCENS SOBRE O TRABALHO HUMANO NO 90º. ANIVERSÁRIO DA RERUM NOVARUM, do Papa São João Paulo II, de 14 de Setembro de 1981. Como motivação para a leitura de toda esta importante encíclica, reproduzo sua introdução: “É MEDIANTE O TRABALHO que o homem deve procurar-se o pão quotidiano e contribuir para o progresso contínuo das ciências e da técnica, e sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os próprios irmãos. E com a palavra trabalho é indicada toda a atividade realizada pelo mesmo homem, tanto manual como intelectual, independentemente das suas características e das circunstâncias, quer dizer toda a atividade humana que se pode e deve reconhecer como trabalho, no meio de toda aquela riqueza de atividades para as quais o homem tem capacidade e está predisposto pela própria natureza, em virtude da sua humanidade. Feito à imagem e semelhança do mesmo Deus no universo visível e nele estabelecido para que dominasse a terra, o homem, por isso mesmo, desde o princípio é chamado ao trabalho. O trabalho é uma das características que distinguem o homem do resto das criaturas, cuja atividade, relacionada com a manutenção da própria vida, não se pode chamar trabalho; somente o homem tem capacidade para o trabalho e somente o homem o realiza preenchendo ao mesmo tempo com ele a sua existência sobre a terra. Assim, o trabalho comporta em si uma marca particular do homem e da humanidade, a marca de uma pessoa que opera numa comunidade de pessoas; e uma tal marca determina a qualificação interior do mesmo trabalho e, em certo sentido, constitui a sua própria natureza”. Ambas as encíclicas são orientadoras originais da Doutrina Social da Igreja, sobre a qual e com frequência, tratam alguns importantes documentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.


 4. Dia 1º. De Maio, Dia de São José Operário. Visando a imprimir um sentido mais evangélico e cristão ao Dia do Trabalho e a despertar a consciência da dignidade do trabalhador, a Igreja preocupou-se em dar a esse dia a oportunidade de uma reflexão e de um conteúdo mais elevado, apresentando o modelo de operário na pessoa de São José. Pio XII o declarou patrono dos trabalhadores e o Papa São João XXIII declarou São José patrono da Igreja. É assim que, no mesmo dia 1º. de Maio a Igreja Católica celebra o Dia de São José Operário.   Estas sábias iniciativas lembram que o trabalho não deve ser tratado, apenas, como um necessário e justo meio de sobrevivência ou, ainda, de mera acumulação de bens em detrimento de tantos milhões de empobrecidos ou somente como realização pessoal e profissional, mas, sobretudo, como meio de santificação e como instrumento de construção de uma sociedade mais justa e mais solidária.  
Oração: São José Operário, rogai por todos os operários deste nosso Brasil: pelos empregados e pelos milhões de desempregados; pelos injustiçados e pelos empobrecidos pelo salário indigno bem como por suas famílias e dependentes. E iluminai os empresários e empregadores para que se deixem conduzir pelos valores do Evangelho e não pela tentação da exploração da mão de obra de seus irmãos ou pela tentação do lucro fácil à custa do suor e das lágrimas de tantos!

5. Maio, mês mariano. Maria, a serva do Senhor. Maria, a Mãe do Filho de Deus encarnado. Maria, a bendita entre todas as mulheres. Maria, a sofredora ao pé da cruz, deixando que, por amor, uma espada lhe atravessasse o coração. Maria, a servidora da santa Família. Maria, a dona de casa perfeita: lavar, cozinhar, limpar, entregar-se ao serviço do Reino... Maria, exemplo de solidariedade na visita à sua prima Isabel. Maria, Mãe de Deus, Mãe da Igreja, nossa Mãe: rogai por nós!
Com meu carinhoso abraço, irmão e amigo,

Pe.José Gilberto BERALDO
Equipe Sacerdotal GEN

sábado, 25 de abril de 2015

“Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho”
                                                             (1Cor 9,6)

Após algum tempo sem escrever, hoje senti um enorme desejo de colocar no papel aquilo que venho sentindo e me inquietando. Como ser Cristão no mundo de hoje?
A igreja vive um momento propício de mudança e de conversão com as atitudes do Papa Francisco, mas vejo muitas vezes uma igreja doente e sem forças para enfrentar esse desafio que nos foi imposto por Jesus Cristo e que tem sido gritado e suplicado fortemente pelo nosso Papa. Tronar-se uma Igreja em saída.
Na Alegria do Evangelho encontramos as seguinte afirmações sobre a igreja  “... é preciso sair da própria comodidade e ter  a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do evangelho... a igreja em saída é a comunidade de discípulos missionários que primeireiam, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festeja”. Somos chamados a missionariedade, a levar a palavra e a justiça de Deus a todas as criaturas, mas ainda preferimos ficar fechados em nossos grupos, pastorais e movimentos, defendo os nossos anseios e entendimentos.
Preferimos acalentar os corações com palavras de conforto que faz chorar e emocionar, preferimos defender ações que elevem o nosso nome e a nossa credibilidade, mas esquecemos de Ser Cristão. “ Pai, ó Pai Nosso, quando é que esse mundo será nosso?” É triste ver que essa canção é entoada com um sentimento de posse e de individualismo, é triste ver a nossa igreja dividida, é triste ver pessoas se ofendendo e causando a discórdia por defender o que quer, mas não o que Jesus Cristo quer.
A Igreja vive um clima de renovação. Mas, muitos leigos persistem em ações internas à Igreja sem um empenho pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade. Nós leigos somos chamados a descobrir e alimentar uma espiritualidade apropriada à nossa vocação, precisamos rejeitar a tentação de uma espiritualidade intimista e individualista, para assumir uma espiritualidade da transformação, renovando a nossa identidade no contato com a Palavra de Deus, na intimidade dos Sacramentos, na oração e na ação.
O Cristão Comprometido que nos é apresentado no Cursilho é aquele baseado em uma proposta revolucionária, com homens e mulheres ousados, dispostos a transformar o mundo com o seu testemunho, porque tem forças suficientes na graça de Deus, mastigando os “freios” da pós modernidade, libertando-se dos cabrestos que nos são impostos pela globalização e capitalismo, trilhando um caminho novo, fazendo uma história nova, exatamente nas pegadas de Jesus de Nazaré.
Os Cristãos Comprometidos devem pensar sempre como João Batista “É preciso que ele cresça e eu desapareça”. Anunciar e falar somente de Jesus, ser apenas uma voz que clama no deserto, não é suficiente, é necessário não colocar-se como exemplo a ser seguido, não exaltar a sua espiritualidade e o seu trabalho missionário, para que as pessoas o admirem. Não apresentar-se como pessoas de oração poderosa, diante da qual Deus se curva para fazer a “sua” Vontade, infelizmente muitos dos nossos irmãos preferem viver essa fantasiosa vida de cristão.
Deixemos para traz o saudosismo de uma igreja tradicional e de uma igreja espiritualizada, vamos juntos, unidos em busca da construção de uma igreja missionária, façamos do nosso lema de cristão aquilo que nos foi dito pelo Papa Francisco, “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”.
Deixemos para traz o MCC das idéias fundamentais e vamos em busca do novo pentecoste, assumindo a nossa missionariedade, tomando a iniciativa, envolvendo-se, acompanhando, frutificando e festejando como missionários as pequenas vitórias alcançadas a cada dia.
Sejamos verdadeiros Cristãos Comprometidos, para que parafraseando Paulo possamos dizer, “combati o bom combate, continuarei na missão e guardarei a fé.

Dione Cedraz Araújo Freitas
Secretária do GED Serrinha Bahia


segunda-feira, 20 de abril de 2015

GED SERRINHA REALIZA 1ª ASSEMBLEIA 2015


O Grupo Executivo Diocesano do Movimento de Cursilhos da Diocese de Serrinha, realizou ontem 19 sua primeira assembleia do ano, contando com cerca de 100 participantes a assembleia teve a presença dos representes do Grupo Executivo Regional do Nordeste III BA/SE, Adelvan e Aguinaldo. Foi feito um estudo sobre a missão dos cristãos na Igreja.
Na oportunidade foi apresentado os coordenadores para os cursilhos que serão realizados em setembro deste ano, irão coordenar Claudio Batista ( claudinho) de Coité e Suely de Nova Fátima.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

VIDEO OFICIAL DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012

sábado, 21 de janeiro de 2012

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012


Todos os anos durante o período quaresmal, tempo de conversão, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) realiza a Campanha da Fraternidade, que tem por objetivo despertar a solidariedade de seus fiéis e de toda a sociedade em relação a um problema concreto que envolve toda a nação, buscando uma solução para o mesmo.

REPERTÓRIO PARA OS DOMINGOS DA QUARESMA - ANO B - 2012


QUARTA-FEIRA DE CINZAS (B) 22/02/2012

- Abertura: Canto da conversão (fx 02)

- Salmo responsorial: Piedade, ó Senhor (SI 51/50) (fx 06)

- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)

- Distribuição das cinzas: Converter ao Evangelho (fx 05)

- Oferendas: Eis o tempo de conversão (fx 12)

- Comunhão: Agora o tempo se cumpriu (fx 13)

Cite a fonte: www.portalkairos.net

1° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 26/02/2012

- Abertura: Lembra, Senhor, o teu amor (fx 03)

- Salmo responsorial: Verdade e amor são os caminhos do Senhor (fx 06)

- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)

- Oferendas: Eis o tempo de conversão (fx 12)

- Comunhão: Nós vivemos de toda a palavra (fx 14)

2° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 04/03/2012

- Abertura: Lembra, Senhor, o teu amor (fx 03)

- Salmo responsorial: Andarei junto a Deus (fx 06)

- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)

- Oferendas: Eis o tempo de conversão (fx 12)

- Comunhão: Este é o meu filho muito amado (fx 15)

3° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 11/03/2012

- Abertura: Lembra, Senhor, o teu amor (fx 03)

- Salmo responsorial: Senhor, tu tens palavras (fx 06)

- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)

- Oferendas: Retorna, Israel (fx 11)

- Comunhão: Destruí este templo, disse Cristo (fx 16)

4° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 18/03/2012

- Abertura: Acolhe, ó Deus (fx 04)

- Salmo responsorial: Que se prenda minha língua (fx 08)

- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)

- Oferendas: Retorna Israel (fx 11)

- Comunhão: Gloriica o Senhor, Jerusalém (fx 17)

5° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 25/03/2012

- Abertura: Acolhe, ó Deus (fx 04)

- Salmo responsorial: Criai em mim um coração que seja puro (fx 09)

- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)

- Oferendas: Retoma Israel (fx 11)

- Comunhão: Se o grão de trigo não morrer (fx 19)

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO (B) 01/04/2012

- Abertura 1: Hosana ao Filho de Davi

- Abertura 2: Hosana e viva

- Procissão: Os filhos de hebreus

- Salmo responsorial: Meu Deus e Pai por que me abandonastes?

- Aclamação ao evangelho: Salve ó Cristo obediente

- Oferendas: O morte estás vencida

- Comunhão: Eu vim para que todos tenham, vida

- Comunhão 2: Somos todos convidados (fx 20)


Assista:



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Divulgação ganhador Campanha Cursilhista 2011

De acordo com o resultado da loteria federal, o numero sorteado do primeiro prêmio é 47323.


E a ganhadora é do GED Uruguaiana (GER Sul III) da cidade de São Francisco de Assis, RS.

PARABENS!!!!

DECOLORES!!!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

CARTA MCC BRASIL – JANEIRO 2012 (149ª.)

“Não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da que está por vir” (Hb 13,14). “Vi, então, um novo céu e uma nova terra...” (Ap 21, 1 ssqq).“O que esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça” (2Pd3,13).

Meus amados leitores e leitoras, irmãos e irmãs, peregrinos que somos todos, rumo ao Reino definitivo:

As citações acima têm por objetivo provocar algumas reflexões sobre um novo ano que começa; um novo tempo da história que o Senhor nos concede e uma nova etapa de vida a ser vivida à luz da Palavra, com os pés postos nas pegadas do Senhor Jesus uma vez que “não temos aqui cidade permanente”. Ora, “não ter cidade permanente” não significa acomodação ou conformidade passiva diante da vida e do tempo, e, sim, aquele dinamismo que nos leva “à procura da que está por vir”. Ou seja, a empenhar-nos, mais do que no ano passado, na construção de “um novo céu e de uma nova terra no quais habitará a justiça”, colaborando, assim, em nossas limitações, com o “Senhor do tempo e da história”.

1. Como vivenciar o início de um novo ano? Podem-se considerar duas maneiras de vivenciar esse momento de passagem:

a) Uma que se “conforma com este mundo” (cf. Rm 12,2) que supõe preocupações com a sobrevivência, que planeja, que prevê, que esquadrinha horizontes à procura de oportunidades de todo tipo, que luta para “levar vantagem em tudo”, e que hoje não falta numa cultura de imediatismo e de relativismo de valores, condicionante que é da mentalidade das pessoas e construtora de uma sociedade consumista, egoísta e exacerbadamente individualista. Até certo ponto, claro, tudo isso é necessário enquanto se trata da busca de uma vida digna para cada um e para todos os seres humanos, respeitosa da liberdade e da crença de cada um.

b) Outra, a partir do mesmo conselho de Paulo aos Romanos: “transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. Aí está toda uma programação a ser executada pelos seguidores de Jesus. Quanto mais avança um tempo novo, quanto mais se aperfeiçoam as tecnologias, quanto mais se instala uma mentalidade distorcida sobre os valores que deveriam pautar nossas vidas, tanto mais se faz necessário o discernimento proposto por Paulo: renovar nossa maneira de pensar, isto é, nossa mentalidade que é a orientadora do nosso agir, para discernir, à luz da fé e dos ensinamentos evangélicos do Mestre “o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. Árdua tarefa essa; trabalhoso processo que irá ajudar-nos a ser fiéis discípulos e irmãos uns dos outros na construção de uma sociedade justa e solidária.

O Pai espera sua resposta para uma pergunta simples e, ao mesmo tempo complexa (porque não depende somente de você...): qual das duas maneiras norteará sua vida e a vida de sua comunidade neste ano de 2012?

2. Peregrinos, discípulos missionários num tempo novo. Na visão apocalíptica e na esperança anunciada por São Pedro, sonhamos com “um novo céu e uma nova terra” como recompensa final, diante da face do Pai, pelos sofrimentos que suportamos, pelas cruzes nossas e alheias que carregamos, pelas lágrimas que derramamos: “Então ouvi uma voz forte que saia do trono e dizia: ‘Esta é a morada de Deus-com-os-homens. Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram’” (Ap 21,3-4). Entretanto, mesmo alimentados e movidos por esta esperança final, somos chamados e enviados por Jesus para construirmos, já aqui neste tempo e nestas circunstâncias, uma “nova terra na qual habitará a justiça”.

Somos, portanto, desafiados pela nossa própria vocação, a partir do chamado do Pai, a enfrentar, abraçar e, assim, assumir os desafios do tempo presente. Sem saudosismos inúteis, sem métodos ultrapassados, sem expressões que já nada mais dizem aos ouvidos e, muito menos, aos corações e à vida do homem e da mulher nesta nossa cultura epocal (isto é, nem moderna, nem pós-moderna, mas ainda totalmente indefinida...): “Nenhuma comunidade deve isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” (DAp 365) . Ainda no mesmo importante documento, podemos sentir uma grande preocupação dos nossos Pastores: “Constatamos o escasso acompanhamento dado aos fiéis leigos em suas tarefas de serviço à sociedade, particularmente quando assumem responsabilidades nas diversas estruturas de ordem temporal. Percebemos uma evangelização com pouco ardor e sem novos métodos e expressões, uma ênfase no ritualismo sem o conveniente caminho de formação, descuidando de outras tarefas pastorais” (DAP 100 c). Atentos à nossa missão discipular, neste início de novo ano, somos insistentemente convidados a sair da inércia, a abandonar a preguiça e a instalação no comodismo, alegando, às vezes, desculpas “indesculpáveis” bem como a pôr em prática, corajosamente, os valores do Evangelho: a fraternidade, a solidariedade, a caridade, o amor, a justiça, o perdão... Esquecendo possíveis e naturais ressentimentos e oferecendo-nos como “hóstias vivas” numa celebração incessante da própria vida e, sobretudo, buscando a unidade na caminhada de discípulos missionários, somos chamados à criatividade no campo da evangelização; a superar as frequentes atitudes de braços cruzados; a oferecer colaboração efetiva (ao invés de nos contentarmos com o famoso “apoio moral” tão ao feitio dos acomodados) no anúncio do Reino, de acordo com os carismas com que Deus nos presenteou.

3. “Anunciar ao mundo o “Logos” da Esperança”. Penso não haver nada mais oportuno e mais encorajador nesta nossa Carta de início de ano, do que terminá-la lembrando uma das mais belas expressões do Papa Bento XVI quando, na Exortação Apostólica VERBUM DOMINI, convida-nos ao anúncio do “LOGOS” – a PALAVRA – que é o próprio Jesus - da Esperança, assim, com maiúscula: “Com efeito, o que a Igreja anuncia ao mundo é o Logos da Esperança (cf. 1 Pd 3, 15); o homem precisa da «grande Esperança» para poder viver o seu próprio presente – a grande esperança que é «aquele Deus que possui um rosto humano e que nos “amou até ao fim” (Jo 13, 1)». Por isso, na sua essência, a Igreja é missionária. Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna, que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para todos, para cada homem. Cada pessoa do nosso tempo – quer o saiba quer não – tem necessidade deste anúncio. Oxalá o Senhor suscite entre os homens, como nos tempos do profeta Amós, nova fome e nova sede das palavras do Senhor (cf. Am 8, 11). A nós cabe a responsabilidade de transmitir aquilo que por nossa vez tínhamos, por graça, recebido” (VD 91).

Um 2012 de grande aumento da fé (cf. Lc 17,5), de intensa experiência de Deus na vida de cada um e de cada uma de vocês, queridos e fiéis leitores, bem como um compromisso cada dia mais profundo na sua opção de discípulo missionário, com a presença de Maria “Mãe do Verbo e Mãe da Alegria” e com todas as bênçãos de Deus, é o que lhes deseja o amigo, irmão e servidor no Cristo Jesus,


Pe.José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional
MCC do Brasil
E-mail: jberaldo79@gmail.com

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ORAÇÃO DE PREPARAÇÃO PARA O JUBILEU DE OURO DA PRESENÇA DO MOVIMENTO DE CURSILHOS DE CRISTANDADE NA IGREJA DO BRASIL



Senhor, neste tempo em que nos preparamos para celebrar o Jubileu de Ouro da presença do Movimento de Cursilhos de Cristandade em nosso país, queremos viver uma experiência de profunda Ação de Graças.

Agradecemos a Deus Pai que inspirou, a um grupo de sacerdotes e leigos, a peregrinação de milhares de jovens a Santiago de Compostela, fazendo assim nascer a semente, deste movimento que se tornaria verdadeira benção para a Igreja e providencial instrumento de renovação cristã na transformação evangélica dos ambientes.

Agradecemos a Deus Filho, pois, a partir do encontro pessoal com Ele e do seguimento de suas pegadas, em comunhão com aqueles que Ele instituiu como Pastores, temos buscado cumprir nossa missão, sendo fermento, sal e luz.

Agradecemos a Deus Espírito Santo que não cessa de oferecer à Igreja o dom de Pentecostes, capaz de conceder aos que o pedem, o ardor e o entusiasmo para relançar, com fidelidade e audácia, a missão transformadora deste Movimento que nos quer discípulos missionários, fiéis ao nosso carisma de formadores de pequenas comunidades de fé.

A São Paulo Apóstolo, nosso celestial Patrono e modelo, pedimos que nos inspire na tarefa de evangelizar nossa cultura, tão distanciada dos valores anunciados por Jesus, e nos ajude a mostrar a face do Mestre a todos os homens e mulheres, sobretudo aos que se distanciaram do caminho que a Ele conduz.

A Maria, Mãe da Igreja e primeira discípula missionária, pedimos que nos acolha e nos guarde em sua maternal proteção, ajudando-nos a renovar nosso compromisso de construtores do Reino. Amém.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO PARA 2012.

12/02  Primeira Assembléia – N. Fatima
11/03  Escola de Mensageiro –
Santaluz
21/04  Forró
Decolores - Retirolândia
27/05  Escola de Mensageiro -
Biritinga
14 e 15/07  Retiro Espiritual - Coité
21/07  Reunião preparatória -
Retirolândia
28/07  Reunião preparatória -
Retirolândia
04/08  Reunião preparatória -
Retirolândia
11/08  Reunião preparatória -
Retirolândia
17 A 19/08  CURSILHO - Coité
24 A 26/08  CURSILHO -
Coite
01/09  Avaliação dos
Cursilhos - Retirolândia
21/10  Encontrão do MCC - Coité
24 e 25/11  Assembléia diocesana - Coité

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pensamentos e Sonhos sobre o Brasil

1. O povo brasileiro se habituou a “enfrentar a vida” e a conseguir tudo “na luta”, quer dizer, superando dificuldades e com muito trabalho. Por que não iria “enfrentar” também o derradeiro desafio de fazer as mudanças necessárias, para criar relações mais igualitárias e acabar com a corrupção?

2. O povo brasileiro ainda não acabou de nascer. O que herdamos foi a Empresa-Brasil com uma elite escravagista e uma massa de destituídos. Mas do seio desta massa, nasceram lideranças e movimentos sociais com consciência e organização. Seu sonho? Reinventar o Brasil. O processo começou a partir de baixo e não há mais como detê-lo.

3. Apesar da pobreza e da marginalização, os pobres sabiamente inventaram caminhos de sobrevivência. Para superar esta anti-realidade, o Estado e os políticos precisam escutar e valorizar o que o povo já sabe e inventou. Só então teremos superado a divisão elites-povo e seremos uma nação una e complexa.

4. O brasileiro tem um compromisso com a esperança. É a última que morre. Por isso, tem a certeza de que Deus escreve direito por linhas tortas. A esperança é o segredo de seu otimismo, que lhe permite relativizar os dramas, dançar seu carnaval, torcer por seu time de futebol e manter acesa a utopia de que a vida é bela e que amanhã pode ser melhor.

5. O medo é inerente à vida porque “viver é perigoso” e sempre comporta riscos. Estes nos obrigam a mudar e reforçam a esperança. O que o povo mais quer, não as elites, é mudar para que a felicidade e o amor não sejam tão difíceis.

6. O oposto ao medo não é a coragem. É a fé de que as coisas podem ser diferentes e que, organizados, podemos avançar. O Brasil mostrou que não é apenas bom no carnaval e no futebol. Mas também bom na agricultura, na arquitetura, na música e na sua inesgotável alegria de viver.

7. O povo brasileiro é religioso e místico. Mais que pensar em Deus, ele sente Deus em seu cotidiano que se revela nas expressões: “graças a Deus”, “Deus lhe pague”, “fique com Deus”. Deus para ele não é um problema, mas a solução de seus problemas. Sente-se amparado por santos e santas e por bons espíritos e orixás que ancoram sua vida no meio do sofrimento.

8. Uma das características da cultura brasileira é a alegria e o sentido de humor, que ajudam aliviar as contradições sociais. Essa alegria nasce da convicção de que a vida vale mais do que qualquer coisa. Por isso deve ser celebrada com festa e diante do fracasso, manter o humor. O efeito é a leveza e o entusiasmo que tantos admiram em nós.

9. Há um casamento que ainda não foi feito no Brasil: entre o saber acadêmico e o saber popular. O saber popular nasce da experiência sofrida, dos mil jeitos de sobreviver com poucos recursos. O saber acadêmico nasce do estudo, bebendo de muitas fontes. Quando esses dois saberes se unirem, seremos invencíveis.

10. O cuidado pertence à essência de toda a vida. Sem o cuidado ela adoece e morre. Com cuidado, é protegida e dura mais. O desafio hoje é entender a política como cuidado do Brasil, de sua gente, da natureza, da educação, da saúde, da justiça. Esse cuidado é a prova de que amamos o nosso pais.

11.Uma das marcas do povo brasileiro é sua capacidade de se relacionar com todo mundo, de somar, juntar, sincretizar e sintetizar. Por isso, ele não é intolerante nem dogmático. Gosta e acolhe bem os estrangeiros. Ora, esses valores são fundamentais para uma globalização de rosto humano. Estamos mostrando que ela é possível e a estamos construindo.

12. O Brasil é a maior nação neolatina do mundo. Temos tudo para sermos também a maior civilização dos trópicos, não imperial, mas solidária com todas as nações, porque incorporou em si representantes de 60 povos que para aqui vieram. Nosso desafio é mostrar que o Brasil pode ser, de fato, um pedaço do paraíso que não se perdeu.

Autor: Leonardo Boff

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

 
São Paulo, 04 de Outubro de 2011


Caros irmãos e irmãs de caminhada

Peregrinando rumo ao Jubileu...


“Que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé” (cf.4,12-13)



Estamos dia a dia nos aproximando do Ano Jubilar de nosso Movimento e a cada dia se renovam nossas esperanças e alegrias, na certeza que será um ano de grandes graças e, sobretudo de um novo Pentecostes.

Caros irmãos e irmãs coordenadores de GERS e GEDS, sabemos que para que aconteça este novo Pentecoste é necessário que criemos as condições favoráveis de abertura de coração e de mente.

O grupo executivo Nacional, reunido no dia 30 de setembro, acatando a sugestão do grupo de Apoio ao GEN, sugere e mesmo pede que cada GED, até o Natal, faça um solene ato de abertura do ano jubilar, de preferência com a presença de seu bispo diocesano, abrindo assim o ano do jubileu de ouro do Mcc do Brasil.

Em nível Regional sugerimos que seja por ocasião da realização de cada Assembléia Regional em 2012.

Comunicamos, também, que a abertura do Jubileu de ouro, em nível Nacional, dar-se-á no dia 15 de novembro, em Campo Grande, por ocasião da Assembléia Nacional com presença de Dom Dimas Lara, Arcebispo Metropolitano de Campo Grande.

Na certeza de contarmos com o entusiasmo e alegria de todos, nosso fraterno abraço.


Marum Mellem Jacob Neto                 
 Coordenador Nacional
                                          
Pe. Francisco Bianchim
Assessor Nacional


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CARTA SETEMBRO 2011

“Contigo está a sabedoria, que conhece tuas obras, a teu lado estava quando fizestes o mundo; ela sabe o que te agrada, o que corresponde a teus mandamentos.
Envia-a do céu sagrado, manda-a do teu trono glorioso, para que esteja a meu lado e trabalhe comigo, ensinando-me o que te agrada.
Ela, que tudo sabe e compreende, me guiará prudentemente em meus empreendimentos,e me guardará com seu prestígio”... (Sb 9,9-11)


Muito amados irmãos e irmãs, discípulos e discípulas, ouvintes todos e missionários da “Palavra divina que se fez Palavra humana”:

Entre as numerosas citações de referência ao MÊS DA BÍBLIA (na Igreja do Brasil, é o mês de setembro), mês da Palavra e da Sabedoria de Deus, porque não lembrar esta - ainda que mais ou menos longa - do Livro da Sabedoria, do Primeiro Testamento que prefigura, já, o Novo? Trata-se de uma belíssima perícope do AT sobre a “sabedoria” que nada mais é do que a simbolização do Verbo do Pai, Jesus Cristo encarnado no humano, e da ação do Espírito Santo. Proponho, pois, que nestes breves parágrafos façamos uma reflexão sobre a Cristologia da Palavra do Pai[1]. O tema está desenvolvido no contexto da Primeira Parte da Verbum Domini (VD), “O Deus que fala” no sexto parágrafo, “Cristologia da Palavra” (11 a 13) cuja leitura recomendo vivamente para que todos possam situar-se sem necessidade de tornar a repetir citações.

1. A Palavra do Pai na Encarnação do Verbo. Durante alguns séculos “Deus falou com seu povo escolhido através dos profetas e a ele revelou-se como único Deus verdadeiro e vivo, com palavras e obras”. Sempre se manifestou um Deus disposto ao diálogo e ao perdão, embora parecesse um Deus distante, mais juiz do que pai. Agora, porém, na pessoa de Jesus que se encarna, envia a sua própria Palavra. Assim se expressa o Papa: “Aqui a Palavra não se exprime primariamente num discurso, em conceitos ou regras; mas vemo-nos colocados diante da própria pessoa de Jesus. A sua história, única e singular, é a palavra definitiva que Deus diz à humanidade”. E, depois destas palavras tão próprias do diálogo do Pai com a humanidade, aparecem outras profundamente significativas para nossa reflexão de cristãos, quem sabe rotineiros ou tradicionais, isto é, cristãos por costume e não por convicção: “Daqui se compreende por que motivo, «no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo». A renovação deste encontro e desta consciência gera no coração dos fiéis a maravilha pela iniciativa divina, que o homem, com as suas próprias capacidades racionais e imaginação, jamais teria podido conceber”. E a chave de ouro que fecha este parágrafo deveria ser objeto de nossa mais profunda admiração: “A fé apostólica testemunha que a Palavra eterna Se fez Um de nos. A Palavra divina exprime-se verdadeiramente em palavras humanas”. Ao mesmo tempo deveria repercutir em cada um de nós uma pergunta insistente: com que atenção você costuma escutar esta Palavra para que ela repercuta no seu coração e na sua prática de vida?

2. A história humana do Verbo e a realização dos mistérios da salvação. Logo no início deste parágrafo, chama nossa atenção uma expressão carregada de significado, que foge das maneiras habituais de falar de Jesus-Palavra: “O Verbo abreviou-se”. Citando a tradição dos antigos Padres da Igreja e lembrando algumas outras passagens da Escritura (por exemplo, “O Senhor compendiou sua Palavra, abreviou-a”, Is 10,23; Rm 9,28),) a VD põem-nos diante de uma realidade que eu chamaria de comovedora: “O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez--Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós». Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré”. E porque “comovedora”? Muito simples sua compreensão: porque, não há necessidade de ficar imaginando como seria a face de Jesus (interpretada, tantas vezes, com traços tão estranhos, como as ideias de quem a retratou!), pois é bastante ouvirmos e interiorizarmos a Palavra para saber como é Jesus. Hoje! Agora! Em mim! No meu próximo!

Em seguida a VD chega às outras maneiras que o Pai usa para manifestar o Seu Logos, a Sua Palavra e chega ao Mistério Pascal, escrito, assim, com maiúsculas, referindo-se ao mistério da cruz, ao silenciamento da Palavra: “Por fim, a missão de Jesus cumpre-se no Mistério Pascal: aqui vemo-nos colocados diante da «Palavra da cruz» (cf. 1 Cor 1, 18). O Verbo emudece, torna-se silêncio de morte, porque Se «disse» até calar, nada retendo do que nos devia comunicar. Sugestivamente os Padres da Igreja, ao contemplarem este mistério, colocam nos lábios da Mãe de Deus esta expressão: «Está sem palavra a Palavra do Pai, que fez toda a criatura que fala; sem vida estão os olhos apagados d’Aquele a cuja palavra e aceno se move tudo o que tem vida». Aqui verdadeiramente se nos comunica o amor «maior», aquele que dá a vida pelos próprios amigos (cf. Jo 15, 13)[2]. Fechando esse parágrafo, a VD sintetiza a Palavra na figura da “Luz do mundo”: “Desde o início, os cristãos tiveram consciência de que, em Cristo, a Palavra de Deus está presente como Pessoa. A Palavra de Deus é a luz verdadeira, de que o homem tem necessidade. Sim, na ressurreição, o Filho de Deus surgiu como Luz do mundo. Agora, vivendo com Ele e para Ele, podemos viver na luz”.

Pergunte-se agora, meu irmão, minha irmã: de verdade, a Palavra-Jesus-Luz tem iluminado o caminho de sua vida? Ou você se deixa invadir por outros focos que, de repente, vão-se apagando?

3. O “coração da ‘Cristologia da Palavra’”. O Mistério Pascal, conforme a VD, realiza a unidade do projeto de Deus com o Verbo encarnado. Por isso, o mesmo Mistério Pascal é posto como o “coração da Cristologia da Palavra”: “No Mistério Pascal, realizam-se «as palavras da Escritura, isto é, esta morte realizada “segundo as Escrituras” é um acontecimento que contém em si mesmo um logos, uma lógica: a morte de Cristo testemunha que a Palavra de Deus Se fez totalmente “carne”, “história” humana»....Deste modo São Paulo, transmitindo fielmente o ensinamento dos Apóstolos (cf. 1 Cor 15, 3), sublinha que a vitória de Cristo sobre a morte se verifica através da força criadora da Palavra de Deus. Esta força divina proporciona esperança e alegria: tal é, em definitivo, o conteúdo libertador da revelação pascal. Na Páscoa, Deus revela-Se a Si mesmo juntamente com a força do Amor trinitário que aniquila as forças destruidoras do mal e da morte”.

Por fim, para que meus leitores possam degustar todo o sabor delicioso tema, não resisto a não transcrever suas últimas frases: “Assim, recordando estes elementos essenciais da nossa fé, podemos contemplar a unidade profunda entre criação e nova criação e de toda a história da salvação em Cristo. Recorrendo a uma imagem, podemos comparar o universo com uma partitura, um «livro» – diria Galileu Galilei – considerando-o como «a obra de um Autor que Se exprime através da “sinfonia” da criação. Dentro desta sinfonia, a determinado ponto aparece aquilo que, em linguagem musical, se chama um “solo”, um tema confiado a um só instrumento ou a uma só voz; e é tão importante que dele depende o significado da obra inteira. Este “solo” é Jesus (…). O Filho do Homem compendia em Si mesmo a terra e o céu, a criação e o Criador, a carne e o Espírito. É o centro do universo e da história, porque n’Ele se unem sem se confundir o Autor e a sua obra».

A todos meu abraço fraterno, desejando-lhes um iluminado Mês da Bíblia- Palavra de Deus com Maria “Mater Verbi et Mater laetitae” = Mãe da Palavra e Mãe da alegria!

Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do GEN
E-mail: beraldomilenio@uol.com.br

sábado, 20 de agosto de 2011

ASSUNÇÃO DE NOSSA MÃE






Nossa Mãe Maria está na glória. Esta é uma verdade de fé que nos produz íntima alegria. Deus quis que a Mãe de seu Filho fosse Imaculada desde a sua conceição, e que fosse assumida na glória do paraíso com corpo e alma. Maria é figura da Igreja na qual vivemos, cujo destino último é a mesma glória na qual vive Maria. Porque é cheia de graças, porque é imaculada, porque é Mãe de Deus, Maria ganhou todos os privilégios possíveis. A Senhora da glória intercede junto a seu Filho por todos os seus e pela Igreja, que é comunidade marcada de santidade, mas composta ainda de pecadores que precisam de purificação. Maria da Glória atrai os homens para o destino último que é o céu.

Fonte Ged de Estância Sergipe