Ai de mim se não anunciar o evagenlho

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"Não tenham medo da Verdade", exclama Bento XVI

'Queridos irmãos e irmãs, desejo dizer a todos, também àqueles que estão em um momento difícil em sua caminhada de fé, a quem participa pouco na vida da Igreja ou a quem vive 'como se Deus não existisse', que não tenham medo da Verdade, não interrompam nunca o caminho rumo a ela, não deixem de procurar a verdade profunda sobre si mesmos e sobre as coisas com o olho interior do coração. Deus não deixará de dar Luz para fazer ver e Calor para fazer sentir no coração que nos ama e que deseja ser amado', disse Bento XVI ao final da Catequese desta quarta-feira, 25.
O encontro do Papa com os peregrinos foi dedicado à figura de Santo Agostinho - cuja memória litúrgica é celebrada no sábado, 28 - e aconteceu às 10h30min (em Roma - 5h30min em Brasília), a partir do balcão do pátio interno do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Ao final, o Santo Padre fez apelo à comunidade internacional em prol da Somália.
Como agosto chegou ao fim, esta foi a última Catequese realizada em Castel Gandolfo neste ano. Bento XVI ainda permanece em período de descanso no local durante todo o mês de setembro, mas as audiências voltam a acontecer no Vaticano já na próxima semana.
O Pontífice afirmou que todos possuem, na própria vida, pessoas que lhes são próximas. Nesse sentido, defendeu a importância de se ter 'companheiros de viagem' no caminho da vida cristã.
'Todo mundo deveria ter algum Santo que lhe fosse familiar, para senti-lo próximo com a oração e a intercessão, mas também para imitá-lo. Desejo convidar-vos, portanto, a conhecer mais profundamente os Santos, começando por aqueles de que levais o nome, lendo-lhes a vida, os escritos. Tenhais certeza de que se tornarão bons guias para amar ainda mais o Senhor e válidos auxílios para o vosso crescimento humano e cristão', indicou.
São José e São Bento são alguns dos santos a que o Papa é ligado de uma forma especial, bem como o próprio Santo Agostinho, 'que tive o grande dom de conhecer, por assim dizer, proximamente através do estudo e da oração e que se tornou um com 'companheiro de viagem' na minha vida e no meu ministério. Gostaria de sublinhar uma vez mais um aspecto importante da sua experiência humana e cristã, atual também na nossa época em que o relativismo parece ser, paradoxalmente, a 'verdade' que deve guiar o pensamento, as escolhas, os comportamentos', disse.
Verdade e silêncio
 O Santo Padre ressaltou o caminho difícil de Santo Agostinho em sua busca pela Verdade, seus erros e acertos, até perceber que 'aquele Deus que procurava com as suas forças era mais íntimo a si do que ele mesmo, sempre estava ao seu lado, nunca o havia abandonado, estava na expectativa de poder entrar definitivamente em sua vida'.
Logo após, Bento XVI apresenta um episódio em que o Santo de Hipona conversa com a mãe, Santa Mônica, conforme relatado nas Confissões:
'É ma cena muito bela: ele e a mãe estão em Ostia, em um albergue, e da janela veem o céu e o mar, e transcendem céu e mar, e por um momento tocam o coração de Deus no silêncio das criaturas. E aqui aparece uma ideia fundamental no caminho rumo à verdade: as criaturas devem ficar em silêncio quando se deve dar lugar ao silêncio em que Deus pode falar'.
Por fim, o Bispo de Roma explica que esse episódio é verdadeiro também na atualidade, em que as pessoas pareceriam ter uma espécie de medo do silêncio. 'Frequentemente prefere-se viver somente o momento presente, iludindo-se que traga felicidade duradoura; prefere-se viver, porque parece mais fácil, com superficialidade, sem pensar; tem-se medo de buscar a Verdade, ou talvez tenha-se medo de que a Verdade nos encontre, nos apanhe e mude a vida, como fez com Santo Agostinho'.


Fonte Canção Nova




terça-feira, 10 de agosto de 2010

CARTA MÊS DE AGOSTO

“Com efeito, Deus, que disse: ‘Do meio das trevas brilhe a luz’, é o mesmo que fez brilhar a luz em nossos corações, para que resplandeça o conhecimento da glória divina que está sobre a face de Jesus Cristo” (2Cor 4,6).

Algumas – ou muitas – de minhas cartas mensais do mês de agosto, desde o já distante 1999, têm tido como foco, reflexões que giram em torno da Transfiguração de Jesus cuja festa é celebrada no dia seis. Pois neste de 2010, quero centrar-me no mesmo episódio, pois o julgo importante para a vida dos discípulos missionários nos dias que correm. Dias de aceleradas transformações; dias de vertiginosas mudanças; dias nos quais brilham luzes imaginárias que quando, porventura, se acendem mostram-se fugidias e enganadoras; dias de faces brilhantes e mentes carregadas de obscuridade, apesar de tantas promessas de holofotes e de intenso brilho; dias de irradiantes emanações da ciência e, entretanto de tanta obscuridade dos corações na expressão e vivência da fé.

1. Jesus manifesta a sua glória na luz de sua face resplandecente. De maneira muito especial é São João que, desde o início do seu Evangelho, nos mostra a presença da luz em Cristo; melhor, identifica Cristo, a Palavra do Pai, com a luz: “Nela (na Palavra) estava a vida e a vida era luz dos homens” (Jo 1,4). Prosseguindo, o Evangelista constata que, apesar de iluminar a todo o mundo, não só o próprio mundo não a reconheceu, como também não a reconheceram os que eram seus: “Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram” (Jo 1,11). E não acolheram a Palavra pela simples razão de não a conhecer. Agora, entretanto, os discípulos tinham diante de si a Palavra, a “Luz verdadeira que, vindo ao mundo a todos ilumina” (Jo 1, 9). Mesmo assim duvidavam que Jesus fosse a Palavra eterna do Pai, a Luz verdadeira. Talvez por isso, Jesus quis provar-lhes a sua divindade, transfigurando-se no alto da montanha para que ouvissem a voz do Pai saída dentro da nuvem: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!” (Lc 9, 38). O esplendor da face de Jesus no episódio da Transfiguração deveria levar os apóstolos à convicção de que eles, e os que aceitariam a Luz verdadeira, se tornariam filhos e filhas de Deus e não mais caminhariam nas trevas, como já lhes dissera o próprio Jesus: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida”. (Jo 8,12). Aliás, o Evangelista volta a afirmar ainda no início do seu Evangelho: “A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; são os que crêem no seu nome” (Jo 1,12). Aos meus caros leitores deixo dois pontos para reflexão: a) você reconhece em Jesus a única fonte de luz capaz de iluminar todo seu ser? b) você tem manifestado aos que o cercam a alegria da luz de Cristo?

2. Os discípulos missionários manifestam ao mundo a luz de Cristo. Se sua resposta foi positiva, então você pode ter certeza de que tudo ao seu redor vai ser iluminado por sua presença: a família, o ambiente de trabalho, de lazer, de convivência e de relação com outras pessoas. Seus olhos haverão de brilhar iluminados pela luz de Cristo; suas palavras haverão de ser centelhas faiscantes da luz divina; o mundo todo ao seu redor, tal como um farol a guiar os navegantes, haverá de, pouco a pouco, transfigurar-se também, iluminando, assim, seus próprios critérios e valores com a luz do Transfigurado. O seguidor de Jesus, seu discípulo missionário, como um ser iluminado por essa luz, sob nenhum pretexto poderá esconder-se ou esconder a luz que brilha nele, embora continuamente tentado pelas ilusórias luzes da cultura contemporânea e por suas enganadoras facilidades: o consumismo, a vaidade, as aparências enganosas do culto ao corpo, etc.. O nosso Documento de Aparecida repete, pelo menos umas seis vezes, que necessitamos de um “novo Pentecostes”. Ora, Pentecostes é a luz do Espírito Santo, é a luz do Transfigurado. É verdade que o Documento nos fala de cada comunidade. Entretanto, não existe comunidade sem a participação viva de cada discípulo missionário: “Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança. Por isso, é imperioso assegurar calorosos espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor incontido e tornem possível um atraente testemunho de unidade “para que o mundo creia” (Jo 17,21 (DAp 362).

3. É urgente “desarmar” as tendas. Comodismo, instalação, acomodação. Pedro, Tiago e João, diante de tanto fascínio, de tanta glória, talvez estivessem pensando haver encontrado a tranquilidade, a paz, enfim, o paraíso na terra. Quem sabe já se sentiam cansados de andar com aquele que era visto com tanta desconfiança por seus próprios conterrâneos. Ou, então, sentiam-se lisonjeados pelo convite com que o Senhor lhes privilegiara sobre os demais seguidores dAquele que parecia um “sinal de contradição” para os costumes vigentes e para os seus desafetos e inimigos de sua mensagem. Então, por que não armar ali três tendas... porque não permanecer abrigados para sempre e para sempre iluminados por aquela luz divina? Afinal, longe do tumulto das incômodas e barulhentas multidões que corriam atrás do Mestre em busca de milagres e sinais do céu, até a voz de Deus se fizera ouvir, confirmando tudo o que Jesus já lhes vinha afirmando. Mas, era preciso descer, sair, com Jesus, retomar a cruz de cada dia, voltar ao chão da vida peregrina do Mestre. E você, meu irmão, minha irmã, qual é sua atitude? Embora maravilhosos os momentos passados aos pés do Mestre, você não se anima a “descer” com Ele para a missão? Por que não desarmar nossas tendas, ainda que muito confortáveis?

Termino com uma forte chamada de atenção que nos fazem nossos Pastores em Aparecida:“Esta V Conferência, recordando o mandato de ir e fazer discípulos (cf. Mt 28,20), deseja despertar a Igreja na América Latina e no Caribe para um grande impulso missionário. Não podemos deixar de aproveitar esta hora de graça. Necessitamos de um novo Pentecostes! Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de “sentido”, de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Não podemos ficar tranqüilos em espera passiva em nossos templos, mas é imperativo ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não tem a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca na Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção de seu Reino em nosso Continente! Somos testemunhas e missionários: nas grandes cidades e nos campos, nas montanhas e florestas de nossa América, em todos os ambientes da convivência social, nos mais diversos “lugares” da vida pública das nações, nas situações extremas da existência, assumindo ad gentes nossa solicitude pela missão universal da Igreja” (DAp 548).

Um forte abraço fraterno do irmão e servidor em Cristo, desejando de todo o coração que ouçamos a voz do Pai: “Este é o meu Filho, o escolhido. Escuta o que Ele diz” (Lc 9, 35);


Pe. José Gilberto BERALDO
Grupo Sacerdotal do GEN
e-mail: beraldomilenio@uol.com.br