Ai de mim se não anunciar o evagenlho

sábado, 11 de dezembro de 2010

CARTA MCC DEZ/2010



“Foi num deserto que o Senhor achou seu povo,
num lugar de solidão desoladora; cercou-o de cuidados e carinhos
 e o guardou como a pupila dos seus olhos” (Deuteronômio 32,10).

Meus amados no Senhor Jesus cujo nascimento aguardamos com santa expectativa:

Desde logo não se assustem com uma citação bíblica inusitada para este tempo tão cheio de luzes como o Natal e, talvez, tão “estranha” como esta tirada do livro do Deuteronômio (provavelmente do séc. V antes de Cristo). Espero que logo vocês me compreendam. Meus leitores já sabem que, como é natural, costumo direcionar nossas reflexões do mês de dezembro para o insondável mistério do Advento e do Natal que, juntamente com a Páscoa da Ressurreição, constitui-se no eixo fundante e na razão de nossa fé e marca profundamente a história da salvação.

1.                  Um tempo de espera
a)                  À espera de um nascimento sem bebê. Esta é a espera de uma sociedade típica do nosso tempo, a sociedade de uma época em mudança. A cada ano, já por volta do final do mês de setembro, acabo fixando mais minha atenção nos acontecimentos, na publicidade da mídia, na insistência desmedida e calculada para a venda dos chamados “produtos de natal”, dos brinquedos e dos presentes; vou observando os esforços para ver quem ergue a maior árvore de natal do mundo, ou que apresenta o boneco do papai Noel mais original da cidade, ou qual shopping center que apresenta as maiores atrações natalinas. Tudo isto acompanhado obsessivamente pelas expressões que vão agredindo nossos tímpanos, ensurdecendo nossos ouvidos e, com tantas feéricas luzes, atrapalhando nossa visão, tendo, até, com pano de fundo, aquelas maravilhosas melodias compostas especialmente para a celebração de um misterioso nascimento: “magia do natal”, “espírito do natal”, “Papai Noel”, etc.. Mentalmente vou comparando tudo isso com o que aconteceu em outros natais e, com tristeza ou preocupação – não sei dizer - vou percebendo como a sociedade consumista vai-se distanciando sempre mais da originalidade dos acontecimentos que marcam esta data sagrada; pior, como o consumismo, a ganância, a sede insaciável do ter e do prazer vão alimentando e reforçando uma mentalidade cada vez mais distante do mistério central que nada tem de mágico, mas que tem tudo a ver com uma realidade inexplicável, com profundas repercussões na história e na vida de cada ser humano. Quem vive imbuído desta mentalidade, pensa natal como um nascimento sem bebê; simplesmente comemora o natal, isto, é faz dele uma mais ou menos apagada memória, dele tem uma esmaecida lembrança. A citação acima tem tudo a ver com esta sociedade figurada como um “deserto”, um “lugar de desolação” em relação à explosão de Vida que deve acontecer no Natal.
b)                À espera do nascimento de um Cristo-bebê, enviado pelo Pai, Palavra e Filho de Deus.  É neste “deserto”, neste “lugar de solidão desoladora” que o Senhor quis desde sempre e continua querendo “achar o seu povo” e “cercá-lo de cuidados e carinhos”, enviando, para esta tarefa e missão o seu próprio Filho. Muito oportunamente o papa Bento XVI  inicia o Advento perguntando à Igreja e a cada cristão se é possível viver o Natal num “clima” de distanciamento cada vez mais acentuado do projeto de salvação anunciado e vivido por Jesus. É o clima de uma “solidão desoladora”, de uma cultura vazia de sentido em relação ao projeto do Pai; mas é ali que estamos sendo alcançados pelo Senhor que, como nos tempos do Deuteronômio, anda em busca do seu povo, ansioso por “cercá-lo de cuidados e carinhos”. Então, cabem aqui a pergunta ou perguntas: como você está se preparando para deixar-se encontrar pelo Senhor através de seu Filho feito carne? Aliás, você consegue visualizar este cenário de “deserto”, de “solidão desoladora” e, portanto, também você e sua comunidade conseguem descobrir no Natal que o Senhor quer guardá-los como a “pupila dos seus olhos”? E que ou quem são as pupilas dos olhos do Pai? Deixe-me ajudá-lo a dar a resposta: são Jesus, você e toda a humanidade resgatada da “solidão desoladora”. 
2.                Um tempo de celebração. Advento – iniciado no domingo último - e Natal, são tempos de imersão profunda no mistério insondável do amor que manifesta a ternura do coração de um Pai misericordioso. Advento, expectativa, esperança de um novo nascimento, tempo de celebração. Nossa fé nos diz que Cristo continua vivo no meio de nós e em cada um de nós. Entretanto, o Advento que prepara este novo nascimento e o Natal que o vivencia, trazem-nos à realidade de uma renovada presença. Por isso, essa noite do Natal é feliz; essa noite é intensamente iluminada; essa é a noite na qual, como num deserto e num lugar de solidão, o Senhor “acha o seu povo” e o “cerca de cuidados e carinho” e, sobretudo, “guarda-o como a pupila de seus olhos”. A pupila é, sem dúvida, a parte mais sensível e delicada da nossa visão. Por isso, tudo fazemos para dela cuidarmos e é com carinho que o fazemos. É a linda e perfeita imagem do carinho de Deus para com a humanidade, concretizado na presença do seu Filho amado, o Cristo Jesus.  Advento e Natal, para aqueles que buscam vivê-los na intensidade da fé, são momentos privilegiados de encontro, de participação, de vivência encarnada, saboreada na interioridade do mistério. Quem assim entende este tempo, celebra o Natal e não, simplesmente, o comemora. E celebra o Natal buscando encarnar em si mesmo e na comunidade a Palavra de Deus. Natal não é magia como querem impingir-nos os meios de comunicação. Natal é a Encarnação do amor, da ternura e da misericórdia do Pai. Portanto, Natal é compromisso. De Deus conosco. Nosso com Deus, com o mundo, com toda a humanidade.
3.                  Esperança e votos. É na dimensão da vivência do mistério do Filho de Deus encarnado que nos é lícito acender e alimentar a nossa esperança de que o Senhor nos vai encontrar neste deserto e nesta solidão de uma sociedade, de uma cultura que dEle já está tão distanciada e, com certeza vai-nos cercar de todo o cuidado e carinho. Viveremos, assim, novos tempos e novas dimensões do amor concretizado em tempos de não-violência, em tempos de solidariedade, em tempos de perdão entre as pessoas e entre todos os povos da terra. Em suma, em tempos de fraternidade e de justiça. Pois, “nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado. O poder de governar está nos seus ombros. Seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz” (Is  9,6).  E quando toda a humanidade, a começar por nós mesmos, abrir seus braços e seu coração para O receber, então continuará a se realizar, em plenitude, a visão de Isaias, já uma vez acontecida na história: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, para os que habitavam as sombras da morte uma luz resplandeceu” (Is 9,1). Nesse espírito e na autêntica dimensão do mistério da Encarnação, é que, em meu nome e em nome do Grupo Executivo Nacional por cuja delegação escrevo estas cartas mensais, desejo a todos os meus queridos e fieis leitores e leitoras um fecundo Advento e um Santo e felicíssimo NATAL de 2010!

Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do MCC

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A MISSA PASSO A PASSO

A Estrutura da Liturgia Eucarística

A estrutura fundamental que se conservou ao longo dos séculos até aos nossos dias, desdobra-se em dois grandes momentos que formam uma unidade básica:

1. A Liturgia da Palavra
2. A Liturgia Eucarística

Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística constituem juntas “um só e mesmo ato de culto”, com efeito, a mesa preparada para nós na Eucaristia é ao mesmo tempo a da Palavra de Deus e a do Corpo do Senhor. (CIC 1347)

Estrutura da Liturgia Eucarística - Completa

Ritos Iniciais:

• Canto de Entrada
• Saudação
• Ato Penitencial
• Glória
• Oração (Coleta)

Liturgia da Palavra

• 1ª Leitura
• Salmo
• 2ª Leitura
• Evangelho
• Homilia
• Oração Universal (Profissão de Fé)

Liturgia Eucarística

• Preparação das Oferendas
• Lavabo
• Oração sobre as Oferendas
• Oração Eucarística
• Prefácio
• Epiclese
• Narrativa da Ceia
• Anamnese
• Oblação
• Intercessões
• Doxologia Final
• Comunhão
• Pai Nosso
• Rito da Paz
• Fração do Pão
• Procissão para a Comunhão
• Oração depois da Comunhão

Ritos Finais

• Avisos
• Benção
• Despedida

Participando da Missa Passo a Passo


A Missa é simultaneamente sacrifício de louvor, de ação de graças, de propiciação e de satisfação. Nela se encontra tanto o ápice da ação pela qual Deus santificou o mundo em Cristo, como o do culto que os homens oferecem ao Pai, adorando-o pelo Cristo, Filho de Deus.

A celebração da Eucaristia é uma ação de toda a Igreja, onde cada um deve fazer tudo e só aquilo o que lhe compete, segundo o lugar que ocupa no Povo de Deus.

Ritos Iniciais

Comentário Introdutório: O comentário introdutório, feito pelo comentarista da celebração, marca de certa maneira, o inicio da Santa Missa. Em algumas comunidades é precedido pelo som do sininho, que indica aos fieis presentes para que interrompam suas orações particulares e se unam na Oração Oficial e Comum da Igreja.

O comentário inicial convida a participação coletiva dos fieis e visa criar um ambiente propício para oração e a fé. Em geral, o comentário situa os presentes num determinado “tema” que será abordado mais profundamente nas leituras da Bíblia, durante o Rito da Palavra.

A assembléia pode ouvir o comentário sentada, uma vez que a celebração, de fato, só tem inicio com o Canto de Entrada, quando o sacerdote e os demais ministros entram em procissão, como veremos a seguir.

Canto de Entrada: Tem a função de abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir os fieis no Mistério do tempo litúrgico ou da festa e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros.

Se houver uso de incenso, prossegue até que o altar seja incensado.O Canto de Entrada deve ser um canto que trate do mesmo assunto e motivo da celebração. Os instrumentos musicais terão a função de unir, incentivar e apoiar o canto não devendo cobrir as vozes. Todo este canto como a procissão do sacerdote não deverão ser demasiado longas. O canto deve terminar quando o sacerdote chega ao altar.

O ideal é que não falte, porém não havendo canto de entrada, a antífona proposta pelo Missal é recitada pelos fieis, leitor ou pelo Sacerdote.

Antífona de Entrada: São breves palavras que o sacerdote ou diácono fazem para introduzir os fieis na Missa do dia. Em regra, costuma a ser um versículo bíblico que tenha total ligação com o “tema” da missa, com as leituras que serão feitas durante o Rito da Palavra.

Saudação: Toda a assembléia de pé. É um gesto de boas vindas feito pelo presidente da celebração recebendo a todos com alegria. Após a saudação a assembléia responde: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”.

Ato Penitencial: Toda a assembléia de pé. Todos são convidados pelo sacerdote a reverem suas faltas, permanecendo-se em silêncio por um tempo. Neste Ato Penitencial, os pecados Veniais (leves) são perdoados de acordo com a vontade. Pode ser recitado ou cantado, conforme convite do presidente. Se cantado sua melodia deve traduzir a contrição de quem pede perdão. Todo o povo deve participar deste canto e os instrumentos devem o acompanhar de modo suave, quase imperceptível.

No domingo de Ramos pode ser substituído pela procissão. Na Quarta feira de Cinzas é substituído pela imposição das cinzas ou pode também ser substituído pela benção e aspersão da água.

Este Ato é introduzido pelo sacerdote e concluído com a absolvição, também pelo sacerdote que se inclui para deixar claro que não se trata do sacramento da Penitência.

Kyrie, eleison - Senhor Tende piedade: Toda a assembléia de pé. Depois do Ato Penitencial inicia-se o Kyrie, eleison, a não ser que já tenha sido rezado ou cantado no próprio ato penitencial. Nele os fieis aclamam o Senhor, imploram a sua misericórdia e também louvam ao Senhor Jesus pelo perdão, (por olhar por nós com Sua misericórdia). Por via de regra, dada aclamação é repetida duas vezes, não se excluindo nem incluído mais repetições. Se não for cantado, seja recitado.

Glória: Toda a assembléia de pé. É o hino antiquíssimo (século II) pelo qual a Igreja congregada no Espírito Santo, glorifica a Deus Pai e ao Cordeiro. É um louvor as três pessoas da Santíssima Trindade, cantado ou recitado nas Missas dominicais, solenidades ou nas festas dos santos. No tempo do Advento e Quaresma não se reza nem se canta o Glória. Também não se diz nos dias de semana porque perderia o sentido solene. As vezes são cantados uns hinos um pouco diferentes.

- Há uma proibição explícita de se substituir o texto do hino do Glória por outro texto qualquer (cf. n.53 da IGMR) o mesmo acontece com o Santo e o Cordeiro de Deus.

- Não é lícito substituir os cantos colocados no Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus, por outros cantos (cf. n. 366 da IGMR).

Oração (Coleta): Toda a assembléia de pé. Esta oração encerra o rito inicial da Missa. O sacerdote convida o povo a rezar (quando ele diz, Oremos); todos se conservam em silêncio com o sacerdote por alguns instantes, tomando consciência de que estão na presença de Deus e formulando interiormente os seus pedidos. Depois o sacerdote diz a oração que se costuma chamar “coleta”, pela qual se exprime a índole da celebração. A assembléia conclui a oração com o Amem. Dentro da oração da coleta podemos perceber os seguintes elementos: invocação, pedido e finalidade.

Liturgia da Palavra

A parte principal da liturgia da palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos cantos que ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de fé e a oração universal ou dos fiéis. Pois nas leituras explanadas pela homilia Deus fala ao seu povo, revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual; e o próprio Cristo, por sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis. Pelo silêncio e pelos cantos o povo se apropria dessa palavra de Deus e a ela adere pela profissão de fé; alimentado por essa palavra, reza na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro (cf. n. 55 da IGMR).

1a Leitura: Toda a assembléia sentada. É normalmente tirada dos livros históricos e proféticos da Bíblia; anuncia a salvação que se realizara plenamente em Jesus Cristo. Esta leitura é proclamada da mesa da Palavra (Ambão) por um fiel ou religioso(a). No final da leitura o leitor diz "Palavra do Senhor" e todos juntos respondem a aclamação "Graças a Deus".

Salmo: Toda a assembléia sentada. Está leitura é proclamada ou cantada da mesa da Palavra (Ambão) ou outro lugar adequado por um fiel ou religioso(a). É parte integrante da liturgia da palavra, oferecendo uma grande importância litúrgica e pastoral, por favorecer a meditação da palavra de Deus.

O Salmo responsorial deve responder a cada leitura e normalmente será tomado do lecionário. O salmista profere os versículos do Salmo perante toda a assembléia que responde dizendo ou cantando o refrão.

2a Leitura: Toda a assembléia sentada. Em geral é tirada das cartas dos apóstolos, que apresentam à comunidade o mistério de Cristo e exortam a vivê-lo. Esta leitura é proclamada da mesa da Palavra (Ambão) por um fiel ou religioso(a). No final da leitura o leitor diz "Palavra do Senhor" e todos juntos respondem a aclamação "Graças a Deus".

Canto de Aclamação ao Evangelho: Toda a assembléia de pé. Esta aclamação constitui um rito ou ação por si mesma, através da qual a assembléia dos fieis acolhe o Senhor que lhe vai falar no Evangelho, saúda-o e professa sua fé pelo canto. O Aleluia é cantado em todos os tempos, exceto na Quaresma, sendo iniciado por todos ou pelo grupo de cantores ou cantor, podendo ser repetido. No Tempo da Quaresma, no lugar do Aleluia, canta-se o versículo antes do Evangelho proposto no lecionário. Pode-se cantar também um segundo salmo ou trato, como se encontra no Gradual. (cf. n.62 da IGMR).

O Sinal da Cruz: Toda a assembléia de pé. O sacerdote ou diácono faz o sinal da cruz sobre o Lecionário ou Evangeliário e também, sobre a testa, sobre a boca e sobre o peito (neste caso, rezando em silêncio: "Pelo sinal da Santa Cruz, livre-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos"); e cada fiel se persigna com três sinais da cruz, um sobre a testa, um sobre a boca e um sobre o peito, pedindo a Deus que purifique os nossos pensamentos, as palavras que brotarão das nossas bocas, e o nosso coração. Não é necessário fazer o quarto sinal da cruz no final.

Evangelho: Toda a assembléia escuta de pé. O Evangelho é proclamado pelo Padre ou Diácono. É o ponto culminante da Liturgia da Palavra. A Palavra de Deus é sinal de presença de Cristo e deve ser proclamada em toda celebração. Para se dar mais destaque ao anuncio da Palavra de Jesus, é bom que dois ministros ou acólitos segurem uma vela em cada lado do Ambão onde o diácono (ou o sacerdote) se faz a proclamação do Evangelho.

Homilia: Toda a assembléia sentada. A Homilia (que significa conversa familiar) é feita pelo Bispo, Padre ou pelo Diácono. Diferente do sermão ou de outra forma de pregação, ela tem o objetivo de relacionar o texto com a vida dos fieis. O ministro da celebração traz a mensagem da Palavra para a vida da comunidade, convidando os fieis para praticar o que ela propõe.

Oração Universal (Profissão de Fé): O símbolo ou profissão de fé tem por objetivo levar todo o povo reunido a responder à palavra de Deus anunciada da sagrada Escritura e explicada pela homilia, bem como, proclamando a regra da fé através de fórmula aprovada para o uso litúrgico, recordar e professar os grandes mistérios da fé, antes de iniciar sua celebração na Eucaristia. Não pode faltar nas Missas dominicais, nas solenidades, na celebração do Batismo, da Crisma e Primeira Comunhão. É um absurdo substituir o Creio por formulações que não expressam a fé como é professada nos símbolos mencionados.

Oração dos fieis: Toda a assembléia de pé. As intenções devem relacionar-se com o tema do Evangelho, com as necessidades da Igreja, com os poderes públicos, com os que sofrem qualquer dificuldade, com a comunidade local. Pode ser cantada, em ladainha, fórmulas, espontâneas. Uma pessoa diz a intenção e todos respondem conforme combinado. Esta oração vem logo após a homilia ou a oração de Creio. Cabe ao sacerdote introduzir esta oração por meio de uma breve exortação e concluindo com uma suplica.



Liturgia Eucarística



Com a Oração Universal dos Fiéis concluímos o primeiro momento da celebração, a Liturgia da Palavra. Todas as atenções da comunidade reunida estavam voltadas para o anúncio da Palavra: o lecionário, o Ambão, os leitores, a homilia... próprios do momento da Palavra. O Altar, embora ocupando a centralidade do presbitério, ainda não é o centro da ação litúrgica. Por isso, tanto os leitores como o presidente da celebração fazem uma inclinação profunda para o altar, antes de subir até o Ambão para as leituras e a proclamação do Evangelho.

Concluída a Oração Universal dos Fiéis, todas as atenções se voltam para o Altar, para onde, agora todos convergem: o presidente, os ministros, a assembléia.



A Liturgia Eucarística consiste essencialmente na ceia sacrifical que, sob os sinais do pão e do vinho, representa e perpetua no altar o sacrifício pascal do Cristo Senhor.

Sacrifício e ceia estão unidos de modo tão íntimo que, no momento mesmo em que se realiza e oferece o sacrifício, ele é realizado e oferecido sob o sinal da ceia.

Por conseguinte, são dois os momentos principais da Liturgia Eucarística: a grande oração eucarística, dentro da qual se realiza e se oferece o sacrifício, e a santa comunhão, com a qual se participa plenamente, na fé e no amor, do próprio sacrifício.

O altar é o centro visível da liturgia eucarística.

Estrutura da Liturgia Eucarística

• Preparação das Oferendas
• Lavabo

• Oração sobre as Oferendas

• Oração Eucarística

• Prefácio

• Epiclese

• Narrativa da Ceia

• Anamnese

• Oblação

• Intercessões

• Doxologia Final

• Comunhão

• Pai Nosso

• Rito da Paz

• Fração do Pão

• Procissão para a Comunhão

• Oração depois da Comunhão

•Ritos Finais

• Avisos

• Benção

• Despedida



Preparação das Oferendas: Toda a assembléia sentada. No início da liturgia eucarística são levadas ao altar as oferendas (pão e vinho) que se converterão no Corpo e Sangue de Cristo.

Primeiramente prepara-se o altar ou mesa do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística, colocando-se nele o corporal, o purificatório, o missal e o cálice, a não ser que se prepare na credência.

A seguir, trazem-se as oferendas. É louvável que os fiéis apresentem o pão e o vinho que o sacerdote ou o diácono recebem em lugar adequado para serem levados ao altar. Embora os fiéis já não tragam de casa, como outrora, o pão e o vinho destinados à liturgia, o rito de levá-los ao altar conserva a mesma força e significado espiritual.

Também são recebidos o dinheiro ou outros donativos oferecidos pelos fiéis para os pobres ou para a igreja, ou recolhidos no recinto dela; serão, no entanto, colocados em lugar conveniente, fora da mesa eucarística.

O canto do ofertório acompanha a procissão das oferendas (cf. n. 37, b) e se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido colocados sobre o altar. As normas relativas ao modo de cantar são as mesmas que para o canto da entrada (cf. n. 48). O canto pode sempre fazer parte dos ritos das oferendas, mesmo sem a procissão dos dons.

• Sentido das gotas de água no vinho: Toda a assembléia sentada. O vinho, segundo a Sagrada Escritura, lembra a Redenção pelo sangue e de modo particular a Paixão de Cristo, ao passo que a água traz a mente o povo de Deus salvo das águas e o novo povo de Deus nascido das águas do Batismo.

Assim como as gotas de água colocadas no vinho somem totalmente, são assumidas pelo vinho, transformadas, por assim dizer, em vinho, no Sacrifício da Missa nós devemos entrar em Cristo, Identificar-nos com Ele, fazer-nos um com Ele.

• Lavabo: Toda assembléia sentada. O sacerdote lava as mãos, ao lado do altar, exprimindo por esse rito o seu desejo de purificação interior.

• Oração sobre as Oferendas: Toda assembléia de pé. Depositadas as oferendas sobre o altar e terminados os ritos que as acompanham, conclui-se a preparação dos dons e prepara-se a Oração eucarística com o convite aos fiéis a rezarem com o sacerdote, e com a oração sobre as oferendas.



Oração Eucarística:

Toda a assembléia de pé. A Oração eucarística, centro e ápice de toda a celebração, prece de ação de graças e santificação. O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração e ação de graças e o associa à prece que dirige a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo, em nome de toda a comunidade. O sentido desta oração é que toda a assembléia se una com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício. Forma um todo, que comporta diversos elementos:

•Prefácio: Toda a assembléia de pé. Expressa a ação de graças, em que o sacerdote, em nome de todo o povo santo, glorifica a Deus e lhe rende graças por toda obra de salvação.

• Santo: Toda a assembléia de pé. É parte própria da Oração Eucarística, e é proferida ou cantada por toda assembléia com o sacerdote. Cantado ou recitado deve ter três repetições da palavra Santo (Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo, o céu e a terra...). Esta repetição, é um reforço de expressão para significar o máximo de santidade. É como se dissesse “Deus é santíssimo”. O Santo é tirado do livro do profeta Isaias 6,3.

Existem ao menos três elementos fundamentais:

1 – A santidade de Deus – Santo, Santo, Santo, Senhor Deus...

2 – A majestade de Deus – O céu e a terra proclamam a vossa glória

3 – A imanência de Deus – Bendito o que vem em nome do Senhor...

O Santo deve ser integral. Portanto, não se trata de um “canto de Santo”. Todo ele é bíblico. Outro motivo para que o texto não seja substituído por outro canto qualquer “de Santo” é que a maioria das Orações Eucarísticas retoma o tema do Deus santo para continuar a narração das maravilhas de Deus e fazer a transição para a epiclese ou invocação do Espírito Santo, como na II Oração eucarística.

- A IGMR diz...“Não é lícito substituir os cantos colocados no Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus, por outros cantos” (cf. n. 366 da IGMR)..

• Epiclese: Toda a assembléia de pé. É a invocação na qual a Igreja implora por meio de invocações o poder divino sobre as oferendas, isto é, se tornem o Corpo e Sangue de Cristo e que a hóstia se torne a salvação daqueles que vão recebê-la em comunhão.



Narrativa da Ceia e Consagração: Toda a assembléia ajoelhada. Quando pelas palavras e ações de Cristo se realiza o sacrifício que ele instituiu na última Ceia, ao oferecer o seu Corpo e Sangue sob as espécies de pão e vinho, e ao entregá-los aos apóstolos como comida e bebida, dando-lhes a ordem de perpetuar este mistério. Ajoelhar é sinal de adoração, humildade e penitência, e se por motivos sérios não se puder ajoelhar, fica-se de pé e faz-se uma profunda inclinação (reverência) nas duas vezes que o presidente fizer a genuflexão – Neste momento não se deve permanecer de cabeça baixa.

Enquanto o Sacerdote celebrante pronuncia a Oração Eucarística, «não se realizarão outras orações ou cantos e estarão em silêncio o órgão e os outros instrumentos musicais»,[132] salvo as aclamações do povo, como rito aprovado, de que se falará mais adiante (cf. RS 53). É um momento intimo de profunda adoração (nesse momento o mistério do amor do Pai é renovado em nós. Cristo dá-se por nós ao Pai trazendo graças para nossos corações). Após este momento o padre diz Eis o mistério da Fé, aqui a indicação é que todos permaneçam de pé.

• Anamnese (recordação, comemoração): Toda a assembléia de pé. Memorial (ação que torna atual o momento da Ceia) na qual cumprindo a ordem recebida do Cristo Senhor, a Igreja faz a memória do próprio Cristo relembrando principalmente a sua bem aventurada paixão, a gloriosa ressurreição e a Ascensão aos céus. Esta oração leva a oblação.

• Oblação: Toda a assembléia de pé. A Igreja reunida realizando esta memória oferece a Deus Pai no Espírito Santo, a hóstia imaculada, e deseja que os fieis, se ofereçam a Cristo buscando aperfeiçoar-se cada vez mais, na união com Deus e com o próximo.

• Intercessões: Toda a assembléia de pé. Expressa que a Eucaristia é celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto celeste como terrestre, que a oblação; é feita por ela e por todos membros vivos ou falecidos, que foram chamados a participar da redenção e da salvação obtidas pelo Corpo e Sangue de Cristo.

• Doxologia Final: Toda a assembléia de pé - Fórmula de louvor a Glória de Deus. Parte própria dos Sacerdotes. Exige a Oração Eucarística que todos escutem com reverência e em silêncio, dela participando pelas aclamações previstas no próprio rito. A participação da assembléia na doxologia acontece pelo “Amem”. Alias este é o “Amem” por excelência da ação litúrgica; e, por isso, se possível, poderá ser sempre cantado.

É o assentimento total da assembléia litúrgica a tudo o que foi pronunciado ministerialmente pelo presidente da celebração durante a Oração Eucarística.



Rito da Comunhão

Sendo a celebração eucarística a ceia pascal, convém que, segundo a ordem do Senhor, o seu Corpo e Sangue sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis devidamente preparados. Esta é a finalidade da fração do pão e os outros ritos preparatórios, pelos quais os fiéis são imediatamente encaminhados à Comunhão.

• Pai Nosso: Toda a assembléia de pé. Na Oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas santas sejam verdadeiramente dadas aos santos. O sacerdote profere o convite, todos os fieis recitam a oração com o celebrante, e ele acrescenta sozinho o embolismo (livrai-nos de todos os males ó Pai... ), que o povo encerra com a doxologia (vosso é o reino e a glória para sempre). Pode ser cantado, porém como se reza (as mesmas palavras, sem acrescentar ou tirar nada).

Não se diz o Amem no final da oração, pois a oração seguinte é continuação.

• Rito da Paz: Toda a assembléia de pé. A Igreja implora a paz e a unidade para si mesma e para toda a família humana e os fiéis exprimem entre si a comunhão eclesial e a mútua caridade, antes de comungar do Sacramento. A oração pela paz (Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos, Eu vos deixo a paz... ) é uma oração presidencial, que só o celebrantes faz, pois ele age in Persona Christi – na Pessoa de Cristo.

Ao final o presidente da celebração convida os fieis a saudarem-se uns aos outros. Convém, no entanto, que cada qual expresse a paz de maneira sóbria apenas aos que lhe estão mais próximos.

- A Instrução Redemptionis Sacramentum, publicação brasileira, diz: Não se execute qualquer canto para dar a paz, mas sem demora se recite o “Cordeiro de Deus”. (cf RS. 72)

•Fração do Pão: Toda a assembléia de pé. O gesto da fração realizado por Cristo na última ceia, que no tempo apostólico deu o nome a toda a ação eucarística, significa que muitos fiéis pela Comunhão no único pão da vida, que é o Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só corpo ( 1Cor 10, 17).

O sacerdote parte a hóstia grande e coloca uma parte da mesma dentro do cálice, que significa a união do Corpo e do Sangue do Senhor na obra da salvação, ou seja, do Corpo vivente e glorioso de Cristo Jesus.

Durante a fração do pão: Esta invocação (Angus Dei), de origem Bíblica (Jo 1,29), é o canto da assembléia e deve ser iniciada pela assembléia e faz alusão ao Cordeiro Pascal, que se imola e tira o pecado do mundo. Pode ser recitada ou cantada, mas a assembléia deve participar da última petição: dai-nos a paz.

O sacerdote se prepara, rezando em voz baixa, para receber frutuosamente o Corpo e o Sangue de Cristo. Os fieis fazem o mesmo rezando em silêncio.

A seguir o sacerdote mostra aos fieis o pão eucarístico que será recebido na comunhão e convida-os a ceia de Cristo, e, unindo-se aos fieis o sacerdote faz um ato de humildade usando as palavras do Evangelho.

•Procissão para a Comunhão: Os que se encontram preparados, deverão ir devagar e em oração. Ao chegar perto do ministro, façam um ato de reverência antes de receber o Santíssimo Sacramento, no local e de modo adaptado, contando que não se perturbe o ritmo no suceder-se dos fieis.

•Comunhão: Deverá o fiel estar em pelo menos 1 hora em Jejum e poderá ser recebida de dois modos (cf orientação da Igreja local):

• Na Mão: Deverá estar a mão esquerda aberta sobre a mão direita, com a palma virada para cima, na frente do corpo, à altura do peito onde é colocada Hóstia. Com a mão direita deve-se levar a Hóstia até a boca. Deverá ser consumida na frente do Celebrante ou do Ministro. Depois, em atitude de recolhimento, volta-se para o lugar, ficando sentados ou ajoelhados. Não se deve comungar andando, mas quem recebeu a partícula sagrada, afaste-se para o lado (afim de deixar a pessoa seguinte aproximar-se) e, parado, comungue.

Em 05/03/1975 a Santa Sé concedeu aos Bispos do Brasil a faculdade de permitirem a Comunhão na mão em suas respectivas dioceses, desde que sejam observadas as seguintes norma: (seguem algumas delas)

- A hóstia deverá ser colocada sobre a palma da mão do fiel, que levará à boca antes de se movimentar para voltar ao lugar. Ou então, embora por varias razões isto nos pareça menos aconselhável, o fiel apanhará a hóstia na patena ou no cibório, que lhe é apresentado pelo ministro que distribui a comunhão, e que assinala seu mistério dizendo a cada um a formula: “O Corpo de Cristo”.

- É, pois, reprovado, o costume de deixar a patena ou o cibório sobre o altar, para que os fieis retirem do mesmo a hóstia, sem a apresentação por parte do ministro.

- É necessário tomar cuidado com os fragmentos, para que não se percam, e instruir o povo a seu respeito, e também recomendar que os fieis tenham as mãos limpas.

- Nunca é permitido colocar a mão do fiel a hóstia já molhada no cálice.

Estas normas se encontram na carta, datada de 25/03/1975, pela qual a Presidência da conferência Nacional dos Bispos do Brasil transmitia a cada Bispo as instruções da Santa Sé.

•Na Boca: Fieis se aproximam do celebrante ou Ministro e recebem a comunhão sob a língua. Depois, em atitude de recolhimento, voltam para o lugar, ficando sentados ou ajoelhados.

Enquanto o sacerdote e os fieis recebem o Sacramento entoa-se o canto da Comunhão, que exprime, pela unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, demonstra a alegria dos corações e torna mais fraternal a procissão dos que vão receber o Corpo de Cristo.

O Canto começa quando o sacerdote comunga, prolongando-se oportunamente, enquanto os fieis recebem o Corpo de Cristo.

Após o sacerdote ter feitos as purificações, ele volta à cadeira. Se for oportuno pode-se guardar durante algum tempo um sagrado silêncio. Embora não previsto, pode-se entoar um salmo, hino, ou outro canto de louvor.

• Oração depois da Comunhão: Toda a assembléia de pé. O sacerdote de pé diz: Oremos. Nesta oração o sacerdote implora os frutos do mistério celebrado e o povo, pela aclamação Amem, faz a sua oração.



Ritos Finais

Avisos: Toda a assembléia sentada. Deverão ser dados da na mesa do comentarista. É o momento mais adequado para breves homenagens, que as comunidades gostam de prestar em dias especiais ou algum comunicado da comunidade. É útil uma mensagem final, na qual se exorte a comunidade a testemunhar pela vida a realidade celebrada.

• Benção: Toda a assembléia de pé. Parte própria do celebrante. Aqui se faz uma leve inclinação para receber a benção.

• Despedida: Toda a assembléia de pé. Parte própria do diácono ou do celebrante, para que cada qual retorne às suas boas obras, louvando e bendizendo a Deus. Um canto final, se oportuno, embora não previsto, pode ser entoado e encontrará maior receptividade neste momento, do que mais tarde. Só se deixa o lugar após o celebrante ter se retirado do altar.



“Na celebração da Missa os fiéis constituem o povo santo, o povo adquirido e o sacerdócio régio, para dar graças a Deus e oferecer o sacrifício perfeito, não apenas pela mão do sacerdote, mas também juntamente com ele. Por isso devem ser evitados qualquer tipo de individualismo ou divisão, a fim de formem um único corpo. Tal unidade se manifesta muito bem quando todos os fieis realizam em comum os mesmos gestos e assumem as mesmas atitudes externas”.







sábado, 13 de novembro de 2010

A AMIZADE UMA NECESSIDADE FUNDAMENTALPARA O MCC

O Movimento de Cursilhos de Cristandade (MCC), como sabemos, chegou ao Brasil em 1962, desde então tem levado – através da proclamação da Boa Nova e testemunho de vida – milhares de batizados à despertarem para uma mudança de rumo em suas vidas, ou seja, a conversão. O Cursilho (CUR) propriamente dito, com duração de dois ou três dias, é o “tempo forte” onde acontece: O processo de conversão que se procura iniciar ou reiniciar durante o CUR; o trabalho realizado com vistas ao surgimento de uma consciência crítica cristã nos participantes. Percebemos que a conversão é um processo e, como tal se dará por toda nossa vida cristã. Algumas pessoas durante o encontro farão aquilo que a teologia moral chama de “opção fundamental”, ou seja, uma opção que passará a determinar totalmente sua vida, uma opção fundamental por, com e em Cristo – cristocêntrica. No entanto, muitas outras pessoas ainda necessitarão descobrir e fazer esta opção fundamental.

Para compreendermos essa problemática devemos entender como normalmente as pessoas são “tocadas” durante o encontro, ou seja, o cursilho. Num primeiro momento, digamos teológico, ocorre sua reconciliação com Deus – podemos nos lembrar que durante o plenário muitos mencionam a importância de terem se “reencontrado” com Deus pelo sacramento da reconciliação – fazendo com que se sintam acolhidos pelo Amor de Deus. Outro momento importante, este antropológico, ocorre nos grupos de trabalhos, onde se estabelece uma relação de confiança e abertura entre seus integrantes. Esta relação faz com que os integrantes do grupo compartilhem de assuntos particulares de suas vidas. Este ambiente criará um vínculo afetivo2 com os integrantes do grupo, que será fundamental no pós-cursilho – lembremos também que ficará notório constatar durante o plenário, na fala de cada integrante, a importância do vínculo afetivo criado nos grupos. A decorrência desse vínculo afetivo poderá, agora no pós-cursilho, fazer com que o neo cursilhista dê seqüência em seu processo de conversão e, que a maioria, faça a opção fundamental em Cristo. O pós-cursilho é fundamental para o neo cursilhista, que no primeiro encontro de formação (Escola Vivencial e Núcleo de Comunidade Ambiental) espera reencontrar a mesma afetividade, ou pelo menos parte dela, daquela criada em seu grupo durante o CUR – com isso podemos entender a importância da presença dos responsáveis pelos grupos no CUR, como também de todos os cursilhistas do GED, neste que para os novos cursilhistas é o primeiro encontro no pós-cursilho.

Escutei muitas vezes pessoas dizendo que estão no MCC somente por Jesus Cristo, desculpe, mas não é somente por Ele, pois se fosse poderiam participar de qualquer outro movimento ou pastoral. Estamos no movimento por Cristo sim, mas também pelas nossas relações afetivas. Através dessas relações entramos num processo de humanização em busca da plenitude humana encarnada por Jesus Cristo. Nessas relações afetivas ou de amizade, pautadas na dinâmica de Cristo, encontramos o elemento essencial para o crescimento humano, pois nessas relações o indivíduo deixa de voltar sua atenção somente para si – embora seja necessário em alguns momentos um movimento de interiorização reflexiva –, tornando-se assim disponível para os outros – num gesto de doação –, estes que o permite existir, conhecer e se encontrar. As relações interpessoais combatem todo e qualquer tipo de auto-suficiência pessoal e, deve combater o individualismo e isolamento numa atitude de abertura ao outro.

Segundo Emmanuel Mounier precursor da corrente do personalismo em meados do século XX, “...a pessoa tem que eliminar este individualismo, nascendo um para outro, ou seja, é o “EU” em direção do “Tu” que resulta no “Nós”, assim nosso Ser se torna Amor”. Ser pessoa, portanto, é ter atitudes de doação ao outro em gestos de compreensão, generosidade e fidelidade criadora respeitando o mistério que existe em cada ser humano. Embora seja um discurso antroplógico de uma corrente filosófica, a afirmação de Mounier elucida ainda mais a necessidade que temos de nos relacionar em vista de nossa humanização. A amizade entre nós cursilhistas, nos fortalece em nossa caminhada, nela encontramos motivações para sermos melhores pessoas e, através dela vivemos uma comunidade de fé, esperança e caridade. Como é bom rever os amigos, saber como estão, contar nossas dificuldades, ouvir e falar palavras de consolo, enfim, como é bom estarmos unidos em comunidade!

Para cultivarmos essas relações amistosas necessitamos de um tempo reservado para isso, mesmo que sejam alguns minutos antes ou depois dos momentos de oração, formação ou ação; para nos motivar na difícil caminhada cotidiana. Nesse sentido viva nossas Ultréias!

Momento de avaliar e repensar nossa caminhada, mas também momento de celebrar e revigorar nossos laços de amizade, momento de partilha e de alegria. As comunidades unidas são – eis um dos motivos da urgência da participação mais ativa dos jovens no MCC –, onde as pessoas se respeitam e aprendem a lidar com seus afetos desordenados4 em prol de um convívio fraterno. Para tanto, Jesus Cristo nos deixou exemplos de como podemos fazer isso, amai-vos uns aos outros como eu vos amei. (Jo 15,12) onde nossas atitudes devem ser em vista para o bem do próximo. Neste contexto podemos afirmar que somente nos humanizaremos, ou seja, nos tornaremos como Cristo através de nossas relações interpessoais, principalmente com a comunidade de fé, o MCC.

Assim ao valorizarmos nossas relações afetivas – dentro de um espírito cristão – através da oração, formação e ação, estaremos possibilitando aos novos cursilhistas fazerem sua opção fundamental em Cristo e para os cursilhistas mais antigos a confirmação desta opção, que nada mais é do que a adesão à realização do projeto assumido por Cristo e herdado por nós, povo de Deus, ou seja, a própria Igreja.

Ademir Moreira Pereira
1º.Tesoureiro GEN












terça-feira, 2 de novembro de 2010

CARTA DO GER (GRUPO EXECUTIVO REGIONAL)

Caríssimos,


O resultado das eleições ontem à noite, não é o fim de uma jornada. Não importa se o nosso candidato ganhou ou perdeu. O que continua em jogo é a solução dos problemas sobretudo para os mais pobres, aqueles que sempre foram os preferidos de Jesus... É apenas o início de um longo caminho a ser percorrido por todos nós, independente de credos religiosos, de orientação sexual, de cor, etinia, ideologia política.

Devemos manter um constante debate e aprofundamento das questões do nosso País, sobretudo porque somos cidadãos, cristãos, católicos e participantes de um movimento de igreja cujo carisma é evangelização dos ambientes.

Sabemos, porque aprendemos a duras penas pelo menos na teoria, que não existe dicotomia entre fé e política (esta aqui entendida no seu primeiro e único sentido: a prática do bem comum, a interferência nos problemas da comunidade para busca de soluções comuns para todos).

Acredito que nós do Movimento de Cursilho, precisamos integrar mais fé e política. Não podemos - como costumamente fazemos - em determinado momento ser cristão (dos ritos, das práticas religiosas) e em outros ser cidadãos - na maioria das vezes pregando e agindo em causa própria, em função dos nossos interesses particulares, para não perdermos privilégios.

Façamos do Evangelho a nossa plataforma para o bem comum, presente em Lucas 4, 18-19. E na sociedade em que vivemos temos todos os instrumentos necessários (as leis, o Direito, as instituições (família, educação, sindicatos, os partidos políticos, as mídias - digitais ou não -), para construir uma sociedade melhor para todo mundo.

Precisamos aprofundar o conhecimento e a prática do método VJA - método revolucionário -, que nos ajuda a encontrar caminhos para cumprir o mandato de Jesus: Ide e evangelizai todos os povos... Se evangelizarmos e por evangelização, entendo uma transformação não apenas religiosa das pessoas, mas uma transformação de valores e atitudes, visando a busca do bem comum.

Precisamos nos manter atualizados, discutindo e aprofundando questões da nossa sociedade, da nossa religião, das relações existentes entre as várias instituições. Discutir o poder da mídia como aparelho ideológico. O cidadão e sobretudo o cidadão cristão não pode diante dos fatos dizer "eu acho". Eu acho é muito pouco. E para os cristão do movimento de cursilhos é pouquíssimo. É preciso aprofundar.

Este é o meu desabafo e as minhas sugestões. Não podemos continuar sendo um movimento apático.

Beijos e deixo para todos uns versos de Mário Quintana, para a nossa reflexão:


"Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A mágica presença das estrelas!".


Célia Fonseca

Secretária do GER

sábado, 30 de outubro de 2010

CARTA MCC NOV 2010

“Nele (em Cristo), Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo,
para sermos santos e íntegros diante dele, no amor”  (Ef 1,4).
“Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não em atenção às nossas obras,
mas por causa do seu plano salvífico e de sua graça,
que nos foi dada no Cristo Jesus antes de todos os tempos” (2Tm 1,9).
 “Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (1Ts 4,7).

Amados e amadas no Deus-Santo, no Deus-Amor, no Deus-Ternura, no Deus-Pai e Mãe:

Entre outras comemorações do mês de novembro, penso que nós, caentre tantas vozes de um mundo a cada dia mais barulhento, mais inquieto, mais apelativo, tólicos, motivados pela Solenidade de Todos os Santos, logo no início do mês (na Igreja do Brasil, neste ano transferida do dia primeiro – por ser dia de semana para o domingo, 07), deveríamos ocupar-nos mais detidamente com uma reflexão sobre a santidade. Como santos, nesta Solenidade, a Igreja quer celebrar tanto os conhecidos e canonizados que não tiveram memórias especiais nos demais dias do ano, como os desconhecidos e anônimos, irmãos e irmãs nossos, heróicos no seguimento das pegadas de Jesus e fiéis nas virtudes evangélicas. Entretanto, observa-se que na cabeça de muito católico o conceito de santidade ainda está quase que restrito ao altar com a imagem do santo (a) de sua devoção ou à veneração de santos (as) canonizados (as) pela Igreja. Trata-se, porém, de um conceito, senão incorreto, pelo menos muito limitado do que seja a santidade. Talvez, por isso, explica-se a existência de um culto aos santos que é desproporcional em relação, por exemplo, à Eucaristia. Proponho, então, apresentar-lhes alguns pontos inspirados na Palavra de Deus anunciada pela palavra São Paulo e lembrada acima, tendo como tema central a vocação do cristão à santidade.

1.                No que consiste a santidade. Já no Antigo Testamento Javé convidava o povo de sua eleição a que fosse “santo” como Ele mesmo é santo: “Santificai-vos e sede santos, porque eu sou santo” (Levítico 11,44). Ora, Deus é santo porque, essencialmente, é Amor, como nos ensina São João (Cf.1Jo 4,16). Brotando da essência do Deus-Amor, a santidade nada mais é do que viver o amor: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Cf. Mt 22,39; Mc 12,31; Lc 10,27). Portanto, na palavra de Jesus, muito além do sacerdote e do levita, o samaritano foi um santo que amou o ferido e abandonado na sarjeta mais do que a si mesmo. São Paulo nos diz que santidade é ser “santo e íntegro” diante dEle, no amor. Então, meu irmão, minha irmã, aqui está a síntese da definição de santidade: AMOR e AMAR! Se você quiser avaliar seu conceito de santidade, avalie, antes de tudo, as dimensões do seu amor a Deus e ao próximo. Tudo o mais na busca da santidade nasce do AMOR: oração, renúncia, penitências corporais, sacrifícios, etc..

2.                A vocação para a santidade.  São Paulo nos diz que Deus, através de Jesus Cristo, a todos nos chamou com uma vocação santa (Cf.2Tm1,9) e, portanto, à própria santidade. Pois, se a santidade brota da essência do amor que é o nosso Deus-Amor, o chamado para a santidade nasce no coração do próprio Deus. Também São Pedro, lembrando o Levítico, nos admoesta: “Antes, como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder. Pois está na Escritura: ‘Sereis santos porque eu sou santo” (1Pd 1,15-16). É no sacramento do batismo que nos purifica e nos introduz na intimidade da filiação divina, que vamos encontrar a vocação, ou seja, ouvir o chamado à santidade. São Paulo, como lemos acima, afirma que “Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (1Ts 4,7). Portanto, meus amados, não busquemos nenhuma desculpa para não ouvir a voz do Deus-Amor. A não ser que a “impureza”, a injustiça, o desamor, a violência, a vaidade, o orgulho ou os excessivos ruídos que nos cercam e que em nós penetram, nos tenham deixado surdos e surdas!

3.                A resposta ao chamado. Nosso Deus-Amor fez a sua parte: abriu seu terno coração e nos chamou à santidade, isto é, introduziu-nos na vivência do Amor. Amor que se traduz, como ensina Jesus, na prática do amor ao próximo, na vivência das bem-aventuranças e do Pai-Nosso. Implícita ou explícita, qualquer chamado espera uma resposta. E, agora? O Pai também espera uma resposta. A sua resposta. Resposta que a gente vai dando em todos os momentos da vida. Resposta que será dinâmica enquanto tivermos coragem para renovar o compromisso fundamental da fidelidade ao chamado; resposta repetida desde o nascer ao por do sol, pela manhã, à tarde e à noite, à medida que vamos relendo as circunstâncias pessoais e históricas que tecem a nossa vivência. Você, meu irmão, minha irmã, está disposto a responder com o amor nascido no seu coração ao chamado que Deus lhe faz para a santidade? Ou, até quando Ele deverá esperar sua decisão? Nossa sorte é que o Senhor nosso Pai-Mãe é paciente, “é misericordioso e compassivo, lento para a cólera e rico em bondade” (Cf. Sl 103,8).

4.                Desafios à busca da santidade. É fácil ser santo? Ser santa? Supondo que você tenha dado uma resposta positiva ao chamado de Deus à santidade, lembre-se que, apesar de todos os nossos anseios, nem sempre o caminho em busca da santidade se apresenta totalmente livre, sem qualquer obstáculo. Pelo contrário, quanto mais aspiramos alcançá-la, maiores poderão parecer as dificuldades, pois vai-se amadurecendo nossa  capacidade de discernir e, portanto, de melhor afinar os ouvidos para ouvir o Senhor que nos chama à santidade.  Onde antes não ouvíamos qualquer sussurro vindo dEle, hoje, com ouvidos mais sensíveis, entre tantas vozes de um mundo a cada dia mais barulhento, mais inquieto, mais apelativo, podemos perceber a voz de Jesus que nos convida a entrar por uma “porta estreita” (Cf.Mt 7,13); a “negar-nos a nós mesmos e tomarmos a cruz de cada dia” (Cf.Mt 16,24; Mc 8,34; Lc 9,23). É palmilhando os caminhos nas pegadas de Jesus; é assumindo o firme compromisso do seguimento do Mestre que, apesar de todas as nossas limitações e fraquezas, chegaremos à santidade, ou seja, à perfeição do amor: “Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). É fundamental que tenhamos sempre gravado na mente e “tatuado” no coração que: “Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (1Ts 4,7).

Permitam-me, meus amados, encerrar esta carta ousando fazer minhas as mesmas palavras que São Paulo, já saudoso, dirigia a seus irmãos e irmãs de Roma: “A vós todos que estais em Roma, amados de Deus e santos por vocação, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo” (Rm 1,7).


Pe. José Gilberto Beraldo
Grupo Sacerdotal do MCC

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Carta MCC Outubro 2010

“O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente, a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir. E dizia-lhes: ‘A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita’.” (Lc 10,1-2).

Muito amados irmãos e irmãs, leitores e leitoras que, “entre todas as nações”, buscam identificar-se como discípulos missionários, como enviados de Jesus:

No mês de outubro de cada ano, a Igreja Católica celebra o MÊS DAS MISSÕES e, no último domingo, o DIA MUNDIAL MISSIONÁRIO. Portanto, não é somente oportuno como, até, obrigatório que na carta deste mês tratemos desse assunto tão importante e urgente. Nisso somos guiados, orientados e iluminados por um dos Documentos mais significativos da história da Igreja da América Latina, o Documento de Aparecida (DAp). Desde seu lema inspirador, “Discípulos missionários de Jesus Cristo para que nEle nossos povos tenham vida” “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6), até o último parágrafo, o DAp vai iluminando o seu tema central, isto é, a missão evangelizadora da Igreja, e é todo impregnado de “missão”, respirando-a e transpirando-a até chegar a um apelo, que eu diria quase dramático, e ao lançamento de uma Grande Missão Continental, para a América Latina e Caribe, concretização do mandato de Jesus: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). Deixemo-nos, pois, envolver por essa luz, “um novo Pentecostes”, como nos diz o DAp. Também, já há algum tempo, as mesma luz foi acesa pelo Papa Paulo VI com outro precioso documento, a Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” (EN) ou “A Evangelização no Mundo Contemporâneo”. Convido-os, pois, meus amados, a abrir algumas janelas que nos ajudem a ver e assumir com maior determinação esse desafiante processo de “fazer discípulos”.

1. Primeira janela: o que é “missão”? É uma tarefa a ser executada, um compromisso de levar até o fim algo que foi encomendado e aceito por alguém. No nosso caso, é aceitar e levar a termo a tarefa para cuja execução Jesus envia seus discípulos, a tarefa de anunciar o Reino de Deus: “O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente... (Lc 10,1). Aceitar a missão evangelizadora é cultivar a mentalidade de ser enviado, de “sair”, isto é, deixar o comodismo, os braços cruzados, a realização dos próprios interesses. É esquecer-se da passividade e da tranquilidade dos templos e “ir”: “Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de “sentido”, de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas é imperativo ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca na Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção de seu Reino em nosso Continente” (DAp 548). O fiel cumprimento dessa missão nada mais é do que evangelizar. E, evangelizar é vocação e missão de toda a Igreja; vocação e missão de cada cristão católico, de cada batizado; é sua missão, meu querido irmão, minha querida irmã.

2. Segunda janela: quem é o missionário? a) É alguém enviado, como um dos setenta e dois, para executar uma missão, uma tarefa indo adiante de Jesus. É todo aquele e aquela que afirma ser discípulo e seguidor do Mestre Jesus e que assume executar a mesma missão que Ele assumiu diante do Pai, sempre dispostos a “recomeçar a partir de Cristo”: “Todos os batizados são chamados a “recomeçar a partir de Cristo”, a reconhecer e seguir sua Presença com a mesma realidade e novidade, o mesmo poder de afeto, persuasão e esperança, que teve seu encontro com os primeiros discípulos nas margens do Jordão, há 2000 anos, e com os “João Diego” do Novo Mundo. Só graças a esse encontro e seguimento, que se converte em familiaridade e comunhão, transbordante de gratidão e alegria, somos resgatados de nossa consciência isolada e saímos para comunicar a todos a vida verdadeira, a felicidade e a esperança que nos tem sido dada a experimentar e nos alegrar” (DAp 549). b) São os Movimentos e Comunidades Eclesiais. Refiro-me aqui, especificamente, ao Movimento de Cursilhos de Cristandade. Se em muitos lugares e desde suas origens, portou-se como discípulo, agora é a hora de, impulsionado por seu carisma, ser “fermento de evangelho nos ambientes”, fazer a releitura de sua vocação missionária, sobretudo em nossa América Latina:” Os novos movimentos e comunidades são um dom do Espírito Santo para a Igreja. Neles, os fiéis encontram a possibilidade de se formar na fé cristã, crescer e se comprometer apostolicamente até ser verdadeiros discípulos missionários” (DAp 311). Apliquemos ao Movimento estas palavras do Papa Paulo VI: “Finalmente, aquele que foi evangelizado, por sua vez, evangeliza... não se pode conceber uma pessoa que tenha acolhido a Palavra e se tenha entregado ao Reino sem se tornar alguém que testemunha e, por seu turno, anuncia essa Palavra” (EN 24).

3. Terceira janela: onde e como ser missionário? Onde quer que viva, esteja ou passe, o discípulo de Jesus pode vivenciar sua missão de evangelizador. Missionário não é apenas – como se pensava não há muito tempo – aquele que abandona sua pátria e sua família para dedicar-se à evangelização em geografias distantes (ainda que isso continue sendo absolutamente urgente, como afirma o DAp 548 que a chama de “missão ad gentes”. Missionário é aquele e aquela que encarna os critérios e valores do Evangelho e assim os testemunha por seus atos e procedimentos na sua vida cotidiana, por suas palavras e ações.

4. Quarta janela: exigências para ser discípulo missionário. Julgo suficiente para a nossa reflexão indicar a leitura de todo o Capítulo VI do DAp, “O caminho de formação dos discípulos missionários” que insiste numa exigência básica – a formação – e indica seus caminhos.

Concluindo... Meu irmão, minha irmã: sua família, seu bairro, seu ambiente de trabalho e lazer, a grande comunidade formada por todos aqueles com quem você convive, são os locais do exercício de sua atividade missionária, onde você deve fazer, ao mesmo tempo, a experiência do Espírito Santo, que “Não é uma experiência que se limita aos espaços privados da devoção, mas que procura penetrá-los completamente com seu fogo e sua vida. O discípulo e missionário, movido pelo estímulo e ardor que provêm do Espírito, aprende a expressá-lo no trabalho, no diálogo, no serviço e na missão cotidiana” (DAp 284). Jesus espera que você caminhe atrás dEle: “E percorria os povoados da região, ensinando” (Mc 6,7).

Meu abraço fraterno e carinhoso.

Pe. José Gilberto Beraldo
Grupo Sacerdotal do MCC