Ai de mim se não anunciar o evagenlho

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Carta MCC Brasil – Março 2011

“Pois agora, então – oráculo do Senhor – voltai para mim de todo o coração, fazendo jejuns, chorando e batendo no peito! Rasgai vossos corações, não as roupas! Voltai para o Senhor vosso Deus, pois Ele é bom e cheio de misericórdia! É manso na raiva, cheio de carinho e retira a ameaça! Quem sabe Ele volta atrás, tem compaixão e deixa para nós uma bênção! (Joel 2, 12-14a).

Meus amados, companheiros de peregrinação pelas estradas da Quaresma e da Cruz rumo à Vida e à Ressurreição!

Não poderia ser outro o foco da nossa proposta de reflexão neste mês de março senão a Quaresma e seu longo, mas gratificante itinerário rumo à Páscoa da Ressurreição.

Quaresma, todos sabemos, é o tempo que vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Quinta-feira Santa, na Ceia do Senhor, exclusive. Entretanto, Quaresma não é somente um tempo no Ciclo Litúrgico ou um tempo marcado por algumas ações especiais ou meramente tradicionais por parte dos cristãos. Nesta nossa Carta mensal, quero propor aos meus queridos irmãos e leitores que façamos da Quaresma uma caminhada vivencial, um itinerário místico até a Ressurreição de Jesus. É um itinerário que poderá exigir de cada um uma mudança de mentalidade, uma grande capacidade de renúncia, um mergulho consciente num clima de oração e uma radical atitude de solidariedade. Vamos, então, colocar nossos passos nas pegadas de Jesus e, juntamente com Ele, iniciar o percurso do nosso místico itinerário quaresmal? Mas, logo no inicio da caminhada, Ele nos pede despojamento, renúncia e plena disponibilidade: “Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola pelo caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão...” (Mt 10,9b-10a).

1. Porque chamar de “místico” este nosso itinerário quaresmal? Porque se trata de fazer uma experiência na qual a gente empenha toda a vida: inteligência, vontade, coração. De fato, “místico” tem muito do experimentar, do degustar o sabor, do “sofrer” uma atitude, um gesto, um comportamento, o relacionamento com Deus e com o próximo. “Místico” significa esse “sofrer” uma experiência que transforma uma mentalidade e que proporciona novos horizontes. Aqui, no itinerário quaresmal, supõe assumir a experiência da oração, do jejum, da solidariedade e nela mergulhar durante a peregrinação para a Sexta-feira Santa do abandono, do despojamento até a Cruz e para o Domingo da Páscoa da Ressurreição, o domingo da eterna experiência do “Caminho, da Verdade e da Vida” (Jo 14,6)! Ponhamos, então, nossos pés nas pegadas de Jesus!

2. Primeiro passo com Jesus: a oração. ”Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar. Passou a noite toda em oração a Deus” (Lc 6,12). A oração é uma atitude constante na vida de Jesus. Com o “subir à montanha”, isto é, com o isolar-se do ruído e da pressão das multidões e, até, da proximidade dos discípulos, Jesus nos ensina qual deve ser a frequência e a atitude na oração. Por que não amiudarmos, nesta Quaresma, a “leitura orante da Bíblia” ou a chamada “Lectio divina” hoje tão enfatizada e valorizada pela Igreja? Por ser aqui limitado nosso espaço, aconselho vivamente que aproveitemos esse tempo privilegiado da Quaresma para ler, estudar e refletir a Exortação Apostólica “Verbum Domini” (VD) do Papa Bento XVI, que nos ensina, de maneira didática e quase intuitiva, o que significa um “Deus que fala” (VD 6-21), “a resposta do homem ao Deus que fala” (VD 22-28) e, sobretudo, o que é a “leitura orante da Sagrada Escritura e a “lectio divina” (86-87). Faça essa experiência indescritível de mergulhar na Palavra orando a Deus com as mesmas Palavras dEle!

3. Segundo passo com Jesus: o jejum. “Jesus foi conduzido ao deserto para ser posto à prova pelo diabo. Ele jejuou durante quarenta dias e quarenta noites” (Mt 4,1-2). Para os cristãos de hoje, pressionados por tantas “necessidades desnecessárias”, há uma nova maneira de se interpretar o jejum quaresmal. Não basta somente o jejum dos alimentos e da bebida. O jejum, hoje, passa pela abstinência do orgulho, da vaidade, das ambições desmedidas, do consumismo exagerado, da sede do ter e do poder. Examine-se, meu irmão, minha irmãs, e durante esta Quaresma, ao praticar esse tipo de jejum, una-se ao jejum de Jesus no deserto.

4. Terceiro passo com Jesus: a solidariedade e a partilha (esmola). “Vendei vosso bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, ai estará também o vosso coração” (Lc 12, 33-34). Devido às circunstâncias atuais de tanta injustiça, de tanto ódio, de tanta exclusão, a esmola adquire novas tonalidades e sentidos, concretizados em atitudes de solidariedade e partilha. Os católicos e outras pessoas de boa vontade têm uma excelente e providencial oportunidade de praticar a solidariedade e a partilha evangélicas participando ativamente da Campanha da Fraternidade que a Igreja no Brasil promove todos os anos durante a Quaresma.

Meus amados: preparemo-nos para percorrer com ânimo e muita coragem, fortalecidos pelo Divino Espírito Santo, o nosso místico itinerário quaresmal. Caminhemos, pois, não ‘docemente constrangidos’ ou ‘folcloricamente pressionados’. Pode ser que nos esperem a cruz e algum sofrimento. Mas lembremo-nos de que Jesus caminha conosco: basta que ponhamos os nossos pés nas pegadas que Ele vai deixando para nos guiar! Façamos nossas as palavras e os sentimentos de São Paulo aos Colossenses: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja” (Cl 1,24).

Em nome do Grupo Executivo Nacional do Movimento de Cursilhos do Brasil, fica o abraço fraterno e carinhoso do irmão e companheiro de peregrinação.


Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do GEN





quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

RETIRO ESPIRITUAL


Acontecerá noso dias 19 e 20 mais um retiro Espiritual do Movimento de Cursilhos de Cristandade da Diocese de Serrinha - Bahia, e terá como tema: "que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé" retirado da carta de São Paulo aos Efésios capitulo 4, será coordenado pela Irmã Eliete, começará as 16h do dia 19 e terminará às 11h com a celebração da Eucaristia presidida por Padre Charles.
O retiro espiritual será também o inicio da preparação para os trabalhos do MCC na Diocese em prol da realização de mais dois cursilhos no mês de setembro.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CARTA FEVEREIRO 2011

'A Palavra do Senhor permanece eternamente.
E esta é a palavra do Evangelho que vos foi anunciada' (1 Pd 1,25; cf.Is 40,8).

Muito amados irmãos e irmãs, 'praticantes da Palavra, e não meros ouvintes...' (Cf. Tg 1,22):

Não sou pessimista. Não quero ser pessimista. Apesar de todas as atuais evidências, resisto à tentação de ser pessimista perdendo, assim, as esperanças de tempos mais iluminados pela Palavra. Uma imagem visível do pessimismo são as trevas, a escuridão. As realidades sociais, econômicas e, até, muitas das realidades religiosas são manifestações inequívocas da escuridão e das espessas trevas que envolvem o mundo, as pessoas e as coisas. Faço essa referência sempre encarando a realidade à luz da fé. De fato, mirando os horizontes do mundo moderno, acabamos por nos convencer - sempre procurando contemplá-los com os olhos de Deus - que caminhamos, a cada dia com maior celeridade, para um completo distanciamento dEle, o que significa um distanciamento da Palavra, de Jesus, Verbo eterno do Pai, no qual 'estava a vida e a vida era a luz dos homens' (Jo 1,4). Entretanto, depois de tantos séculos 'a luz continua brilhando nas trevas, e as trevas, todavia, não conseguem vislumbrá-la' (Cf. Jo 1,5). Ao me referir a estas palavras joaninas, tenho certeza de estar na mais abalizada das companhias, pois os mais recentes documentos do Magistério eclesiástico são demasiadamente pródigos na análise da realidade ao ressaltar, sobretudo, muitos dos seus aspectos dolorosamente obscuros.

Eis que acaba de vir à luz um precioso documento do magistério eclesiástico que lança raios de luz intensa sobre os nossos caminhos nem sempre bastante iluminados. Movido por meu próprio entusiasmo pelo que esse documento significa para toda a Igreja, mas especialmente para os Movimentos eclesiais - e, aqui faço uma referência especial ao Movimento de Cursilhos que se define como querigmático-vivencial - iniciei a redação de uma série de artigos sobre essa Exortação e, nesta carta, meus sempre benévolos leitores, permito-me partilhar com vocês algumas considerações sobre esse tão importante Documento do Papa Bento XVI. Trata-se da Exortação Apostólica Verbum Domini sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (VD).

Julgo oportuno lembrar que uma Exortação Apostólica é um documento-síntese redigido pelo Papa depois de uma Assembléia Geral de um Sínodo da Igreja Católica. O Sínodo é uma instituição surgida depois do Concílio Vaticano II e, periodicamente, reúne representantes dos Episcopados do mundo inteiro e alguns convidados de outras crenças religiosas. Suas sugestões e reflexões são encaminhadas ao Papa que lhes dá sua chancela de documento oficial do magistério eclesiástico. Uma Exortação Apostólica, portanto, é um documento que manifesta a comunhão eclesial dos nossos Pastores. E, como em todos os demais documentos eclesiais, neste também, o Papa - em três momentos-chaves ou em três partes - ao mesmo tempo em que proclama, ensina e questiona o povo de Deus.

Primeiro momento: a Palavra de Deus. É necessário lembrar que o Papa afirma que a VD terá como referência medular e constante o Prólogo do Evangelho de João. O Deus-Pai-Amor que pronuncia a sua Palavra desde toda a eternidade é 'O Deus que fala': 'comunica-se a si mesmo por meio do dom da sua Palavra' e 'A Resposta do homem ao Deus que fala', entre outras preciosas considerações, apresenta 'O pecado como não escuta da Palavra de Deus' e, finalmente, nos aponta 'Maria, ‘Mãe do Verbo de Deus' e ‘Mãe da fé'': '...por isso é necessário olhar para uma pessoa em Quem a reciprocidade entre Palavra de Deus e fé foi perfeita, ou seja, para a Virgem Maria'. A seguir, mostra-nos como deve ser a relação entre a Palavra de Deus e a vida da Igreja. Pergunte-se: você é ouvinte assíduo da Palavra? Como a está ouvindo? Como está a ela respondendo? Você a está testemunhando?

Segundo momento: a Palavra na vida da Igreja. É fundamental que cada cristão católico sinta-se membro e participante do Povo de Deus, 'Igreja que acolhe a Palavra'. E que, naturalmente, esteja sempre aberto e disponível para descobrir ou re-descobrir no interior da Igreja as múltiplas oportunidades que ela nos apresenta para vivenciar a Palavra. E, sobretudo, vivenciá-la em comunhão como nos adverte Bento XVI: 'A este propósito, porém, deve-se evitar o risco de uma abordagem individualista, tendo presente que a Palavra de Deus nos é dada precisamente para construir comunhão, para nos unir na Verdade no nosso caminho para Deus. Sendo uma Palavra que se dirige a cada um pessoalmente, é também uma Palavra que constrói comunidade, que constrói a Igreja. Por isso, o texto sagrado deve-se abordar sempre na comunhão eclesial'. Pergunte-se: sua vivência eclesial está sempre em sintonia com a Palavra legitimamente anunciada pela sua Igreja? Ou você costuma interpretá-la ao seu bel prazer ou de acordo com sua conveniência do momento? Ou se presta somente para você citá-la de vez em quando?

Terceiro momento: a Palavra no mundo. Aqui está o momento missionário e essencial da VD. Que alegria poderemos experimentar se conseguirmos 'Anunciar ao mundo o ‘Logos' da Esperança'! Meu irmão: leia, por favor, o parágrafo 91 da VD. Enquanto isso, vá saboreando a escolha que o próprio Jesus faz de você para ser seu missionário e anunciador da Palavra: 'Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para todos, para cada homem'. E o anúncio necessita ser confirmado pelo testemunho de vida: 'Antes de mais nada, é importante que cada modalidade de anúncio tenha presente a relação intrínseca entre comunicação da Palavra de Deus e testemunho cristão; disso depende a própria credibilidade do anúncio. Por um lado, é necessária a Palavra que comunique aquilo que o próprio Senhor nos disse; por outro, é indispensável dar, com o testemunho, credibilidade a esta Palavra, para que não apareça como uma bela filosofia ou utopia, mas antes como uma realidade que se pode viver e que faz viver...Particularmente as novas gerações têm necessidade de ser introduzidas na Palavra de Deus «através do encontro e do testemunho autêntico do adulto, da influência positiva dos amigos e da grande companhia que a comunidade eclesial'. Pergunte-se: o 'sabor' que a Palavra lhe proporciona fica somente para sua própria 'degustação' ou você, missionário-missionária de Jesus, o tem partilhado com os que vivem ao seu redor, na sua família, na sua comunidade de convivência diária, no seu ambiente de trabalho?

Caríssimos: espero tê-los motivado o suficiente para a leitura, a reflexão e a colocação em prática da VD não só individualmente,mas em seus grupos e comunidades , deixo a todos o meu carinhoso abraço fraterno.


José Gilberto Beraldo

Grupo Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional do MCC

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Carta MCC Brasil - Jan/2011

'Vi então um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe...' 'A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito de dor, porque as coisas anteriores passaram...'. 'Aquele que está no trono disse: ‘Eis que faço novas todas as coisas'' (Ap 21, 1.4b.5).

Meus amados e amadas no 'Verbo que se fez carne e veio armar a sua tenda no meio de nós':

Uma citação do Apocalipse logo na primeira carta do ano? - poderia perguntar-se alguém. Mas o Apocalipse não é um livro de fim de mundo? De maus agouros? De ameaças, de castigos terríveis? De vinganças de um Deus-juiz implacável? Não. Pelo contrário. O que desejo mostrar com a citação desse texto está na síntese de um comentário final sobre o Apocalipse na Bíblia Sagrada, tradução da CNBB: 'A esperança e a perseverança. O olhar apocalíptico serve para abrir uma perspectiva de esperança, que nos dá força para perseverar no seguimento do Cordeiro. As cartas às igrejas terminam sempre: ‘o vencedor''. Miremos, então, ainda que sumariamente, mas com os olhos da fé, alguns dos momentos deste início de ano e o que pode nos esperar.

1. Momento de desafios. Muito apropriadamente, o Documento de Aparecida descreve e analisa os momentos de desafios e de mudanças pelos quais passa a sociedade contemporânea e, obviamente, também a Igreja: a globalização, o progresso vertiginoso da ciência e da tecnologia, a manipulação genética, o relativismo, a indiferença religiosa, a profunda crise da instituição familiar, etc.. Na impossibilidade de uma análise mais extensa, aconselho uma leitura mais atenta desse capítulo. Penso, até, que no decorrer desses breves quase quatro anos depois de Aparecida, alguns desses desafios já se agravaram, enquanto outros mais surgiram no horizonte da história. 'Como discípulos de Jesus Cristo, sentimo-nos desafiados a discernir os ‘sinais dos tempos' à luz do Espírito Santo, para nos colocar a serviço do Reino anunciado por Jesus, que veio para que todos tenham vida e para que a tenham em plenitude (Jo 10,10).'

2. Momento de renovação do compromisso missionário. Por isso, neste início de um novo ano, de uma nova etapa da história humana, de novo - discípulos de Jesus que nos dizemos - somos convidados a renovar o nosso compromisso missionário com Ele e com o Reino de Deus: 'Por esta razão, os cristãos precisam recomeçar a partir de Cristo, a partir da contemplação de quem nos revelou em seu mistério a plenitude do cumprimento da vocação humana e de seu sentido. Necessitamos nos fazer discípulos dóceis, para aprender dEle, em seu seguimento, a dignidade e a plenitude de vida. E necessitamos, ao mesmo tempo, que o zelo missionário nos consuma para levar ao coração da cultura de nosso tempo aquele sentido unitário e completo da vida humana que nem a ciência, nem a política, nem a economia nem os meios de comunicação poderão proporcionar'. Lembremos de que, logo no início do ano celebramos a festa da Epifania, isto é, da manifestação de Jesus-Homem à humanidade. A Epifania vem nos lembrar que - novos reis magos - somos enviados para gritar ao mundo, pela palavra e, sobretudo, pelo nosso testemunho de vida, que Jesus está vivo entre nós; vivo em cada pessoa; vivo no mundo; vivo nas realidades cotidianas; vivo nos acontecimentos de cada dia. E que, portanto, nós seus seguidores, devemos renovar, a cada instante da vida, custe o que custar, a nossa responsabilidade de discípulos missionários dEle.

3. Momento de esperança. É precisamente aqui que pode realizar-se a visão apocalíptica da esperança: a de 'um novo céu e de uma nova terra' com a promessa de Deus: 'Eis que faço novas todas as coisas'. Alimentar esperança não significa cruzar os braços e deixar acontecer. Alimentar esperança exige, também, a nossa participação no projeto de Deus para que, efetivamente, possam acontecer um 'novo céu e uma terra', na prática da justiça, da solidariedade e do perdão para construirmos juntos a UNIDADE e a PAZ! Nesta caminhada, Maria nos acompanha. Logo em seguida ao Natal, a Igreja nos propõe a celebração de Maria como Mãe. Durante todo o ano ela estará conosco, lembrando-nos a responsabilidade de irmãos de Jesus e, ao mesmo tempo, enchendo-nos de alegria. Sendo a Mãe do Verbo de Deus, da Palavra, que é o próprio Jesus, é ela, também, nossa Mãe. 'Mãe do Verbo e Mãe da alegria', lembra o Papa Bento XVI. Maria vai cumular-nos de alegria no seguimento missionário de Jesus.

Em nome do Grupo Executivo Nacional do MCC do Brasil e no meu próprio, a todos desejo um fecundo e muito missionário ano de 2011, último da preparação para o Jubileu de Ouro da presença do MCC no Brasil!

Até nosso próximo encontro através destas Cartas, despeço-me com meu abraço fraterno;

Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal Nacional

sábado, 11 de dezembro de 2010

CARTA MCC DEZ/2010



“Foi num deserto que o Senhor achou seu povo,
num lugar de solidão desoladora; cercou-o de cuidados e carinhos
 e o guardou como a pupila dos seus olhos” (Deuteronômio 32,10).

Meus amados no Senhor Jesus cujo nascimento aguardamos com santa expectativa:

Desde logo não se assustem com uma citação bíblica inusitada para este tempo tão cheio de luzes como o Natal e, talvez, tão “estranha” como esta tirada do livro do Deuteronômio (provavelmente do séc. V antes de Cristo). Espero que logo vocês me compreendam. Meus leitores já sabem que, como é natural, costumo direcionar nossas reflexões do mês de dezembro para o insondável mistério do Advento e do Natal que, juntamente com a Páscoa da Ressurreição, constitui-se no eixo fundante e na razão de nossa fé e marca profundamente a história da salvação.

1.                  Um tempo de espera
a)                  À espera de um nascimento sem bebê. Esta é a espera de uma sociedade típica do nosso tempo, a sociedade de uma época em mudança. A cada ano, já por volta do final do mês de setembro, acabo fixando mais minha atenção nos acontecimentos, na publicidade da mídia, na insistência desmedida e calculada para a venda dos chamados “produtos de natal”, dos brinquedos e dos presentes; vou observando os esforços para ver quem ergue a maior árvore de natal do mundo, ou que apresenta o boneco do papai Noel mais original da cidade, ou qual shopping center que apresenta as maiores atrações natalinas. Tudo isto acompanhado obsessivamente pelas expressões que vão agredindo nossos tímpanos, ensurdecendo nossos ouvidos e, com tantas feéricas luzes, atrapalhando nossa visão, tendo, até, com pano de fundo, aquelas maravilhosas melodias compostas especialmente para a celebração de um misterioso nascimento: “magia do natal”, “espírito do natal”, “Papai Noel”, etc.. Mentalmente vou comparando tudo isso com o que aconteceu em outros natais e, com tristeza ou preocupação – não sei dizer - vou percebendo como a sociedade consumista vai-se distanciando sempre mais da originalidade dos acontecimentos que marcam esta data sagrada; pior, como o consumismo, a ganância, a sede insaciável do ter e do prazer vão alimentando e reforçando uma mentalidade cada vez mais distante do mistério central que nada tem de mágico, mas que tem tudo a ver com uma realidade inexplicável, com profundas repercussões na história e na vida de cada ser humano. Quem vive imbuído desta mentalidade, pensa natal como um nascimento sem bebê; simplesmente comemora o natal, isto, é faz dele uma mais ou menos apagada memória, dele tem uma esmaecida lembrança. A citação acima tem tudo a ver com esta sociedade figurada como um “deserto”, um “lugar de desolação” em relação à explosão de Vida que deve acontecer no Natal.
b)                À espera do nascimento de um Cristo-bebê, enviado pelo Pai, Palavra e Filho de Deus.  É neste “deserto”, neste “lugar de solidão desoladora” que o Senhor quis desde sempre e continua querendo “achar o seu povo” e “cercá-lo de cuidados e carinhos”, enviando, para esta tarefa e missão o seu próprio Filho. Muito oportunamente o papa Bento XVI  inicia o Advento perguntando à Igreja e a cada cristão se é possível viver o Natal num “clima” de distanciamento cada vez mais acentuado do projeto de salvação anunciado e vivido por Jesus. É o clima de uma “solidão desoladora”, de uma cultura vazia de sentido em relação ao projeto do Pai; mas é ali que estamos sendo alcançados pelo Senhor que, como nos tempos do Deuteronômio, anda em busca do seu povo, ansioso por “cercá-lo de cuidados e carinhos”. Então, cabem aqui a pergunta ou perguntas: como você está se preparando para deixar-se encontrar pelo Senhor através de seu Filho feito carne? Aliás, você consegue visualizar este cenário de “deserto”, de “solidão desoladora” e, portanto, também você e sua comunidade conseguem descobrir no Natal que o Senhor quer guardá-los como a “pupila dos seus olhos”? E que ou quem são as pupilas dos olhos do Pai? Deixe-me ajudá-lo a dar a resposta: são Jesus, você e toda a humanidade resgatada da “solidão desoladora”. 
2.                Um tempo de celebração. Advento – iniciado no domingo último - e Natal, são tempos de imersão profunda no mistério insondável do amor que manifesta a ternura do coração de um Pai misericordioso. Advento, expectativa, esperança de um novo nascimento, tempo de celebração. Nossa fé nos diz que Cristo continua vivo no meio de nós e em cada um de nós. Entretanto, o Advento que prepara este novo nascimento e o Natal que o vivencia, trazem-nos à realidade de uma renovada presença. Por isso, essa noite do Natal é feliz; essa noite é intensamente iluminada; essa é a noite na qual, como num deserto e num lugar de solidão, o Senhor “acha o seu povo” e o “cerca de cuidados e carinho” e, sobretudo, “guarda-o como a pupila de seus olhos”. A pupila é, sem dúvida, a parte mais sensível e delicada da nossa visão. Por isso, tudo fazemos para dela cuidarmos e é com carinho que o fazemos. É a linda e perfeita imagem do carinho de Deus para com a humanidade, concretizado na presença do seu Filho amado, o Cristo Jesus.  Advento e Natal, para aqueles que buscam vivê-los na intensidade da fé, são momentos privilegiados de encontro, de participação, de vivência encarnada, saboreada na interioridade do mistério. Quem assim entende este tempo, celebra o Natal e não, simplesmente, o comemora. E celebra o Natal buscando encarnar em si mesmo e na comunidade a Palavra de Deus. Natal não é magia como querem impingir-nos os meios de comunicação. Natal é a Encarnação do amor, da ternura e da misericórdia do Pai. Portanto, Natal é compromisso. De Deus conosco. Nosso com Deus, com o mundo, com toda a humanidade.
3.                  Esperança e votos. É na dimensão da vivência do mistério do Filho de Deus encarnado que nos é lícito acender e alimentar a nossa esperança de que o Senhor nos vai encontrar neste deserto e nesta solidão de uma sociedade, de uma cultura que dEle já está tão distanciada e, com certeza vai-nos cercar de todo o cuidado e carinho. Viveremos, assim, novos tempos e novas dimensões do amor concretizado em tempos de não-violência, em tempos de solidariedade, em tempos de perdão entre as pessoas e entre todos os povos da terra. Em suma, em tempos de fraternidade e de justiça. Pois, “nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado. O poder de governar está nos seus ombros. Seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz” (Is  9,6).  E quando toda a humanidade, a começar por nós mesmos, abrir seus braços e seu coração para O receber, então continuará a se realizar, em plenitude, a visão de Isaias, já uma vez acontecida na história: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, para os que habitavam as sombras da morte uma luz resplandeceu” (Is 9,1). Nesse espírito e na autêntica dimensão do mistério da Encarnação, é que, em meu nome e em nome do Grupo Executivo Nacional por cuja delegação escrevo estas cartas mensais, desejo a todos os meus queridos e fieis leitores e leitoras um fecundo Advento e um Santo e felicíssimo NATAL de 2010!

Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do MCC

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A MISSA PASSO A PASSO

A Estrutura da Liturgia Eucarística

A estrutura fundamental que se conservou ao longo dos séculos até aos nossos dias, desdobra-se em dois grandes momentos que formam uma unidade básica:

1. A Liturgia da Palavra
2. A Liturgia Eucarística

Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística constituem juntas “um só e mesmo ato de culto”, com efeito, a mesa preparada para nós na Eucaristia é ao mesmo tempo a da Palavra de Deus e a do Corpo do Senhor. (CIC 1347)

Estrutura da Liturgia Eucarística - Completa

Ritos Iniciais:

• Canto de Entrada
• Saudação
• Ato Penitencial
• Glória
• Oração (Coleta)

Liturgia da Palavra

• 1ª Leitura
• Salmo
• 2ª Leitura
• Evangelho
• Homilia
• Oração Universal (Profissão de Fé)

Liturgia Eucarística

• Preparação das Oferendas
• Lavabo
• Oração sobre as Oferendas
• Oração Eucarística
• Prefácio
• Epiclese
• Narrativa da Ceia
• Anamnese
• Oblação
• Intercessões
• Doxologia Final
• Comunhão
• Pai Nosso
• Rito da Paz
• Fração do Pão
• Procissão para a Comunhão
• Oração depois da Comunhão

Ritos Finais

• Avisos
• Benção
• Despedida

Participando da Missa Passo a Passo


A Missa é simultaneamente sacrifício de louvor, de ação de graças, de propiciação e de satisfação. Nela se encontra tanto o ápice da ação pela qual Deus santificou o mundo em Cristo, como o do culto que os homens oferecem ao Pai, adorando-o pelo Cristo, Filho de Deus.

A celebração da Eucaristia é uma ação de toda a Igreja, onde cada um deve fazer tudo e só aquilo o que lhe compete, segundo o lugar que ocupa no Povo de Deus.

Ritos Iniciais

Comentário Introdutório: O comentário introdutório, feito pelo comentarista da celebração, marca de certa maneira, o inicio da Santa Missa. Em algumas comunidades é precedido pelo som do sininho, que indica aos fieis presentes para que interrompam suas orações particulares e se unam na Oração Oficial e Comum da Igreja.

O comentário inicial convida a participação coletiva dos fieis e visa criar um ambiente propício para oração e a fé. Em geral, o comentário situa os presentes num determinado “tema” que será abordado mais profundamente nas leituras da Bíblia, durante o Rito da Palavra.

A assembléia pode ouvir o comentário sentada, uma vez que a celebração, de fato, só tem inicio com o Canto de Entrada, quando o sacerdote e os demais ministros entram em procissão, como veremos a seguir.

Canto de Entrada: Tem a função de abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir os fieis no Mistério do tempo litúrgico ou da festa e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros.

Se houver uso de incenso, prossegue até que o altar seja incensado.O Canto de Entrada deve ser um canto que trate do mesmo assunto e motivo da celebração. Os instrumentos musicais terão a função de unir, incentivar e apoiar o canto não devendo cobrir as vozes. Todo este canto como a procissão do sacerdote não deverão ser demasiado longas. O canto deve terminar quando o sacerdote chega ao altar.

O ideal é que não falte, porém não havendo canto de entrada, a antífona proposta pelo Missal é recitada pelos fieis, leitor ou pelo Sacerdote.

Antífona de Entrada: São breves palavras que o sacerdote ou diácono fazem para introduzir os fieis na Missa do dia. Em regra, costuma a ser um versículo bíblico que tenha total ligação com o “tema” da missa, com as leituras que serão feitas durante o Rito da Palavra.

Saudação: Toda a assembléia de pé. É um gesto de boas vindas feito pelo presidente da celebração recebendo a todos com alegria. Após a saudação a assembléia responde: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”.

Ato Penitencial: Toda a assembléia de pé. Todos são convidados pelo sacerdote a reverem suas faltas, permanecendo-se em silêncio por um tempo. Neste Ato Penitencial, os pecados Veniais (leves) são perdoados de acordo com a vontade. Pode ser recitado ou cantado, conforme convite do presidente. Se cantado sua melodia deve traduzir a contrição de quem pede perdão. Todo o povo deve participar deste canto e os instrumentos devem o acompanhar de modo suave, quase imperceptível.

No domingo de Ramos pode ser substituído pela procissão. Na Quarta feira de Cinzas é substituído pela imposição das cinzas ou pode também ser substituído pela benção e aspersão da água.

Este Ato é introduzido pelo sacerdote e concluído com a absolvição, também pelo sacerdote que se inclui para deixar claro que não se trata do sacramento da Penitência.

Kyrie, eleison - Senhor Tende piedade: Toda a assembléia de pé. Depois do Ato Penitencial inicia-se o Kyrie, eleison, a não ser que já tenha sido rezado ou cantado no próprio ato penitencial. Nele os fieis aclamam o Senhor, imploram a sua misericórdia e também louvam ao Senhor Jesus pelo perdão, (por olhar por nós com Sua misericórdia). Por via de regra, dada aclamação é repetida duas vezes, não se excluindo nem incluído mais repetições. Se não for cantado, seja recitado.

Glória: Toda a assembléia de pé. É o hino antiquíssimo (século II) pelo qual a Igreja congregada no Espírito Santo, glorifica a Deus Pai e ao Cordeiro. É um louvor as três pessoas da Santíssima Trindade, cantado ou recitado nas Missas dominicais, solenidades ou nas festas dos santos. No tempo do Advento e Quaresma não se reza nem se canta o Glória. Também não se diz nos dias de semana porque perderia o sentido solene. As vezes são cantados uns hinos um pouco diferentes.

- Há uma proibição explícita de se substituir o texto do hino do Glória por outro texto qualquer (cf. n.53 da IGMR) o mesmo acontece com o Santo e o Cordeiro de Deus.

- Não é lícito substituir os cantos colocados no Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus, por outros cantos (cf. n. 366 da IGMR).

Oração (Coleta): Toda a assembléia de pé. Esta oração encerra o rito inicial da Missa. O sacerdote convida o povo a rezar (quando ele diz, Oremos); todos se conservam em silêncio com o sacerdote por alguns instantes, tomando consciência de que estão na presença de Deus e formulando interiormente os seus pedidos. Depois o sacerdote diz a oração que se costuma chamar “coleta”, pela qual se exprime a índole da celebração. A assembléia conclui a oração com o Amem. Dentro da oração da coleta podemos perceber os seguintes elementos: invocação, pedido e finalidade.

Liturgia da Palavra

A parte principal da liturgia da palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos cantos que ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de fé e a oração universal ou dos fiéis. Pois nas leituras explanadas pela homilia Deus fala ao seu povo, revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual; e o próprio Cristo, por sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis. Pelo silêncio e pelos cantos o povo se apropria dessa palavra de Deus e a ela adere pela profissão de fé; alimentado por essa palavra, reza na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro (cf. n. 55 da IGMR).

1a Leitura: Toda a assembléia sentada. É normalmente tirada dos livros históricos e proféticos da Bíblia; anuncia a salvação que se realizara plenamente em Jesus Cristo. Esta leitura é proclamada da mesa da Palavra (Ambão) por um fiel ou religioso(a). No final da leitura o leitor diz "Palavra do Senhor" e todos juntos respondem a aclamação "Graças a Deus".

Salmo: Toda a assembléia sentada. Está leitura é proclamada ou cantada da mesa da Palavra (Ambão) ou outro lugar adequado por um fiel ou religioso(a). É parte integrante da liturgia da palavra, oferecendo uma grande importância litúrgica e pastoral, por favorecer a meditação da palavra de Deus.

O Salmo responsorial deve responder a cada leitura e normalmente será tomado do lecionário. O salmista profere os versículos do Salmo perante toda a assembléia que responde dizendo ou cantando o refrão.

2a Leitura: Toda a assembléia sentada. Em geral é tirada das cartas dos apóstolos, que apresentam à comunidade o mistério de Cristo e exortam a vivê-lo. Esta leitura é proclamada da mesa da Palavra (Ambão) por um fiel ou religioso(a). No final da leitura o leitor diz "Palavra do Senhor" e todos juntos respondem a aclamação "Graças a Deus".

Canto de Aclamação ao Evangelho: Toda a assembléia de pé. Esta aclamação constitui um rito ou ação por si mesma, através da qual a assembléia dos fieis acolhe o Senhor que lhe vai falar no Evangelho, saúda-o e professa sua fé pelo canto. O Aleluia é cantado em todos os tempos, exceto na Quaresma, sendo iniciado por todos ou pelo grupo de cantores ou cantor, podendo ser repetido. No Tempo da Quaresma, no lugar do Aleluia, canta-se o versículo antes do Evangelho proposto no lecionário. Pode-se cantar também um segundo salmo ou trato, como se encontra no Gradual. (cf. n.62 da IGMR).

O Sinal da Cruz: Toda a assembléia de pé. O sacerdote ou diácono faz o sinal da cruz sobre o Lecionário ou Evangeliário e também, sobre a testa, sobre a boca e sobre o peito (neste caso, rezando em silêncio: "Pelo sinal da Santa Cruz, livre-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos"); e cada fiel se persigna com três sinais da cruz, um sobre a testa, um sobre a boca e um sobre o peito, pedindo a Deus que purifique os nossos pensamentos, as palavras que brotarão das nossas bocas, e o nosso coração. Não é necessário fazer o quarto sinal da cruz no final.

Evangelho: Toda a assembléia escuta de pé. O Evangelho é proclamado pelo Padre ou Diácono. É o ponto culminante da Liturgia da Palavra. A Palavra de Deus é sinal de presença de Cristo e deve ser proclamada em toda celebração. Para se dar mais destaque ao anuncio da Palavra de Jesus, é bom que dois ministros ou acólitos segurem uma vela em cada lado do Ambão onde o diácono (ou o sacerdote) se faz a proclamação do Evangelho.

Homilia: Toda a assembléia sentada. A Homilia (que significa conversa familiar) é feita pelo Bispo, Padre ou pelo Diácono. Diferente do sermão ou de outra forma de pregação, ela tem o objetivo de relacionar o texto com a vida dos fieis. O ministro da celebração traz a mensagem da Palavra para a vida da comunidade, convidando os fieis para praticar o que ela propõe.

Oração Universal (Profissão de Fé): O símbolo ou profissão de fé tem por objetivo levar todo o povo reunido a responder à palavra de Deus anunciada da sagrada Escritura e explicada pela homilia, bem como, proclamando a regra da fé através de fórmula aprovada para o uso litúrgico, recordar e professar os grandes mistérios da fé, antes de iniciar sua celebração na Eucaristia. Não pode faltar nas Missas dominicais, nas solenidades, na celebração do Batismo, da Crisma e Primeira Comunhão. É um absurdo substituir o Creio por formulações que não expressam a fé como é professada nos símbolos mencionados.

Oração dos fieis: Toda a assembléia de pé. As intenções devem relacionar-se com o tema do Evangelho, com as necessidades da Igreja, com os poderes públicos, com os que sofrem qualquer dificuldade, com a comunidade local. Pode ser cantada, em ladainha, fórmulas, espontâneas. Uma pessoa diz a intenção e todos respondem conforme combinado. Esta oração vem logo após a homilia ou a oração de Creio. Cabe ao sacerdote introduzir esta oração por meio de uma breve exortação e concluindo com uma suplica.



Liturgia Eucarística



Com a Oração Universal dos Fiéis concluímos o primeiro momento da celebração, a Liturgia da Palavra. Todas as atenções da comunidade reunida estavam voltadas para o anúncio da Palavra: o lecionário, o Ambão, os leitores, a homilia... próprios do momento da Palavra. O Altar, embora ocupando a centralidade do presbitério, ainda não é o centro da ação litúrgica. Por isso, tanto os leitores como o presidente da celebração fazem uma inclinação profunda para o altar, antes de subir até o Ambão para as leituras e a proclamação do Evangelho.

Concluída a Oração Universal dos Fiéis, todas as atenções se voltam para o Altar, para onde, agora todos convergem: o presidente, os ministros, a assembléia.



A Liturgia Eucarística consiste essencialmente na ceia sacrifical que, sob os sinais do pão e do vinho, representa e perpetua no altar o sacrifício pascal do Cristo Senhor.

Sacrifício e ceia estão unidos de modo tão íntimo que, no momento mesmo em que se realiza e oferece o sacrifício, ele é realizado e oferecido sob o sinal da ceia.

Por conseguinte, são dois os momentos principais da Liturgia Eucarística: a grande oração eucarística, dentro da qual se realiza e se oferece o sacrifício, e a santa comunhão, com a qual se participa plenamente, na fé e no amor, do próprio sacrifício.

O altar é o centro visível da liturgia eucarística.

Estrutura da Liturgia Eucarística

• Preparação das Oferendas
• Lavabo

• Oração sobre as Oferendas

• Oração Eucarística

• Prefácio

• Epiclese

• Narrativa da Ceia

• Anamnese

• Oblação

• Intercessões

• Doxologia Final

• Comunhão

• Pai Nosso

• Rito da Paz

• Fração do Pão

• Procissão para a Comunhão

• Oração depois da Comunhão

•Ritos Finais

• Avisos

• Benção

• Despedida



Preparação das Oferendas: Toda a assembléia sentada. No início da liturgia eucarística são levadas ao altar as oferendas (pão e vinho) que se converterão no Corpo e Sangue de Cristo.

Primeiramente prepara-se o altar ou mesa do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística, colocando-se nele o corporal, o purificatório, o missal e o cálice, a não ser que se prepare na credência.

A seguir, trazem-se as oferendas. É louvável que os fiéis apresentem o pão e o vinho que o sacerdote ou o diácono recebem em lugar adequado para serem levados ao altar. Embora os fiéis já não tragam de casa, como outrora, o pão e o vinho destinados à liturgia, o rito de levá-los ao altar conserva a mesma força e significado espiritual.

Também são recebidos o dinheiro ou outros donativos oferecidos pelos fiéis para os pobres ou para a igreja, ou recolhidos no recinto dela; serão, no entanto, colocados em lugar conveniente, fora da mesa eucarística.

O canto do ofertório acompanha a procissão das oferendas (cf. n. 37, b) e se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido colocados sobre o altar. As normas relativas ao modo de cantar são as mesmas que para o canto da entrada (cf. n. 48). O canto pode sempre fazer parte dos ritos das oferendas, mesmo sem a procissão dos dons.

• Sentido das gotas de água no vinho: Toda a assembléia sentada. O vinho, segundo a Sagrada Escritura, lembra a Redenção pelo sangue e de modo particular a Paixão de Cristo, ao passo que a água traz a mente o povo de Deus salvo das águas e o novo povo de Deus nascido das águas do Batismo.

Assim como as gotas de água colocadas no vinho somem totalmente, são assumidas pelo vinho, transformadas, por assim dizer, em vinho, no Sacrifício da Missa nós devemos entrar em Cristo, Identificar-nos com Ele, fazer-nos um com Ele.

• Lavabo: Toda assembléia sentada. O sacerdote lava as mãos, ao lado do altar, exprimindo por esse rito o seu desejo de purificação interior.

• Oração sobre as Oferendas: Toda assembléia de pé. Depositadas as oferendas sobre o altar e terminados os ritos que as acompanham, conclui-se a preparação dos dons e prepara-se a Oração eucarística com o convite aos fiéis a rezarem com o sacerdote, e com a oração sobre as oferendas.



Oração Eucarística:

Toda a assembléia de pé. A Oração eucarística, centro e ápice de toda a celebração, prece de ação de graças e santificação. O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração e ação de graças e o associa à prece que dirige a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo, em nome de toda a comunidade. O sentido desta oração é que toda a assembléia se una com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício. Forma um todo, que comporta diversos elementos:

•Prefácio: Toda a assembléia de pé. Expressa a ação de graças, em que o sacerdote, em nome de todo o povo santo, glorifica a Deus e lhe rende graças por toda obra de salvação.

• Santo: Toda a assembléia de pé. É parte própria da Oração Eucarística, e é proferida ou cantada por toda assembléia com o sacerdote. Cantado ou recitado deve ter três repetições da palavra Santo (Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo, o céu e a terra...). Esta repetição, é um reforço de expressão para significar o máximo de santidade. É como se dissesse “Deus é santíssimo”. O Santo é tirado do livro do profeta Isaias 6,3.

Existem ao menos três elementos fundamentais:

1 – A santidade de Deus – Santo, Santo, Santo, Senhor Deus...

2 – A majestade de Deus – O céu e a terra proclamam a vossa glória

3 – A imanência de Deus – Bendito o que vem em nome do Senhor...

O Santo deve ser integral. Portanto, não se trata de um “canto de Santo”. Todo ele é bíblico. Outro motivo para que o texto não seja substituído por outro canto qualquer “de Santo” é que a maioria das Orações Eucarísticas retoma o tema do Deus santo para continuar a narração das maravilhas de Deus e fazer a transição para a epiclese ou invocação do Espírito Santo, como na II Oração eucarística.

- A IGMR diz...“Não é lícito substituir os cantos colocados no Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus, por outros cantos” (cf. n. 366 da IGMR)..

• Epiclese: Toda a assembléia de pé. É a invocação na qual a Igreja implora por meio de invocações o poder divino sobre as oferendas, isto é, se tornem o Corpo e Sangue de Cristo e que a hóstia se torne a salvação daqueles que vão recebê-la em comunhão.



Narrativa da Ceia e Consagração: Toda a assembléia ajoelhada. Quando pelas palavras e ações de Cristo se realiza o sacrifício que ele instituiu na última Ceia, ao oferecer o seu Corpo e Sangue sob as espécies de pão e vinho, e ao entregá-los aos apóstolos como comida e bebida, dando-lhes a ordem de perpetuar este mistério. Ajoelhar é sinal de adoração, humildade e penitência, e se por motivos sérios não se puder ajoelhar, fica-se de pé e faz-se uma profunda inclinação (reverência) nas duas vezes que o presidente fizer a genuflexão – Neste momento não se deve permanecer de cabeça baixa.

Enquanto o Sacerdote celebrante pronuncia a Oração Eucarística, «não se realizarão outras orações ou cantos e estarão em silêncio o órgão e os outros instrumentos musicais»,[132] salvo as aclamações do povo, como rito aprovado, de que se falará mais adiante (cf. RS 53). É um momento intimo de profunda adoração (nesse momento o mistério do amor do Pai é renovado em nós. Cristo dá-se por nós ao Pai trazendo graças para nossos corações). Após este momento o padre diz Eis o mistério da Fé, aqui a indicação é que todos permaneçam de pé.

• Anamnese (recordação, comemoração): Toda a assembléia de pé. Memorial (ação que torna atual o momento da Ceia) na qual cumprindo a ordem recebida do Cristo Senhor, a Igreja faz a memória do próprio Cristo relembrando principalmente a sua bem aventurada paixão, a gloriosa ressurreição e a Ascensão aos céus. Esta oração leva a oblação.

• Oblação: Toda a assembléia de pé. A Igreja reunida realizando esta memória oferece a Deus Pai no Espírito Santo, a hóstia imaculada, e deseja que os fieis, se ofereçam a Cristo buscando aperfeiçoar-se cada vez mais, na união com Deus e com o próximo.

• Intercessões: Toda a assembléia de pé. Expressa que a Eucaristia é celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto celeste como terrestre, que a oblação; é feita por ela e por todos membros vivos ou falecidos, que foram chamados a participar da redenção e da salvação obtidas pelo Corpo e Sangue de Cristo.

• Doxologia Final: Toda a assembléia de pé - Fórmula de louvor a Glória de Deus. Parte própria dos Sacerdotes. Exige a Oração Eucarística que todos escutem com reverência e em silêncio, dela participando pelas aclamações previstas no próprio rito. A participação da assembléia na doxologia acontece pelo “Amem”. Alias este é o “Amem” por excelência da ação litúrgica; e, por isso, se possível, poderá ser sempre cantado.

É o assentimento total da assembléia litúrgica a tudo o que foi pronunciado ministerialmente pelo presidente da celebração durante a Oração Eucarística.



Rito da Comunhão

Sendo a celebração eucarística a ceia pascal, convém que, segundo a ordem do Senhor, o seu Corpo e Sangue sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis devidamente preparados. Esta é a finalidade da fração do pão e os outros ritos preparatórios, pelos quais os fiéis são imediatamente encaminhados à Comunhão.

• Pai Nosso: Toda a assembléia de pé. Na Oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas santas sejam verdadeiramente dadas aos santos. O sacerdote profere o convite, todos os fieis recitam a oração com o celebrante, e ele acrescenta sozinho o embolismo (livrai-nos de todos os males ó Pai... ), que o povo encerra com a doxologia (vosso é o reino e a glória para sempre). Pode ser cantado, porém como se reza (as mesmas palavras, sem acrescentar ou tirar nada).

Não se diz o Amem no final da oração, pois a oração seguinte é continuação.

• Rito da Paz: Toda a assembléia de pé. A Igreja implora a paz e a unidade para si mesma e para toda a família humana e os fiéis exprimem entre si a comunhão eclesial e a mútua caridade, antes de comungar do Sacramento. A oração pela paz (Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos, Eu vos deixo a paz... ) é uma oração presidencial, que só o celebrantes faz, pois ele age in Persona Christi – na Pessoa de Cristo.

Ao final o presidente da celebração convida os fieis a saudarem-se uns aos outros. Convém, no entanto, que cada qual expresse a paz de maneira sóbria apenas aos que lhe estão mais próximos.

- A Instrução Redemptionis Sacramentum, publicação brasileira, diz: Não se execute qualquer canto para dar a paz, mas sem demora se recite o “Cordeiro de Deus”. (cf RS. 72)

•Fração do Pão: Toda a assembléia de pé. O gesto da fração realizado por Cristo na última ceia, que no tempo apostólico deu o nome a toda a ação eucarística, significa que muitos fiéis pela Comunhão no único pão da vida, que é o Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só corpo ( 1Cor 10, 17).

O sacerdote parte a hóstia grande e coloca uma parte da mesma dentro do cálice, que significa a união do Corpo e do Sangue do Senhor na obra da salvação, ou seja, do Corpo vivente e glorioso de Cristo Jesus.

Durante a fração do pão: Esta invocação (Angus Dei), de origem Bíblica (Jo 1,29), é o canto da assembléia e deve ser iniciada pela assembléia e faz alusão ao Cordeiro Pascal, que se imola e tira o pecado do mundo. Pode ser recitada ou cantada, mas a assembléia deve participar da última petição: dai-nos a paz.

O sacerdote se prepara, rezando em voz baixa, para receber frutuosamente o Corpo e o Sangue de Cristo. Os fieis fazem o mesmo rezando em silêncio.

A seguir o sacerdote mostra aos fieis o pão eucarístico que será recebido na comunhão e convida-os a ceia de Cristo, e, unindo-se aos fieis o sacerdote faz um ato de humildade usando as palavras do Evangelho.

•Procissão para a Comunhão: Os que se encontram preparados, deverão ir devagar e em oração. Ao chegar perto do ministro, façam um ato de reverência antes de receber o Santíssimo Sacramento, no local e de modo adaptado, contando que não se perturbe o ritmo no suceder-se dos fieis.

•Comunhão: Deverá o fiel estar em pelo menos 1 hora em Jejum e poderá ser recebida de dois modos (cf orientação da Igreja local):

• Na Mão: Deverá estar a mão esquerda aberta sobre a mão direita, com a palma virada para cima, na frente do corpo, à altura do peito onde é colocada Hóstia. Com a mão direita deve-se levar a Hóstia até a boca. Deverá ser consumida na frente do Celebrante ou do Ministro. Depois, em atitude de recolhimento, volta-se para o lugar, ficando sentados ou ajoelhados. Não se deve comungar andando, mas quem recebeu a partícula sagrada, afaste-se para o lado (afim de deixar a pessoa seguinte aproximar-se) e, parado, comungue.

Em 05/03/1975 a Santa Sé concedeu aos Bispos do Brasil a faculdade de permitirem a Comunhão na mão em suas respectivas dioceses, desde que sejam observadas as seguintes norma: (seguem algumas delas)

- A hóstia deverá ser colocada sobre a palma da mão do fiel, que levará à boca antes de se movimentar para voltar ao lugar. Ou então, embora por varias razões isto nos pareça menos aconselhável, o fiel apanhará a hóstia na patena ou no cibório, que lhe é apresentado pelo ministro que distribui a comunhão, e que assinala seu mistério dizendo a cada um a formula: “O Corpo de Cristo”.

- É, pois, reprovado, o costume de deixar a patena ou o cibório sobre o altar, para que os fieis retirem do mesmo a hóstia, sem a apresentação por parte do ministro.

- É necessário tomar cuidado com os fragmentos, para que não se percam, e instruir o povo a seu respeito, e também recomendar que os fieis tenham as mãos limpas.

- Nunca é permitido colocar a mão do fiel a hóstia já molhada no cálice.

Estas normas se encontram na carta, datada de 25/03/1975, pela qual a Presidência da conferência Nacional dos Bispos do Brasil transmitia a cada Bispo as instruções da Santa Sé.

•Na Boca: Fieis se aproximam do celebrante ou Ministro e recebem a comunhão sob a língua. Depois, em atitude de recolhimento, voltam para o lugar, ficando sentados ou ajoelhados.

Enquanto o sacerdote e os fieis recebem o Sacramento entoa-se o canto da Comunhão, que exprime, pela unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, demonstra a alegria dos corações e torna mais fraternal a procissão dos que vão receber o Corpo de Cristo.

O Canto começa quando o sacerdote comunga, prolongando-se oportunamente, enquanto os fieis recebem o Corpo de Cristo.

Após o sacerdote ter feitos as purificações, ele volta à cadeira. Se for oportuno pode-se guardar durante algum tempo um sagrado silêncio. Embora não previsto, pode-se entoar um salmo, hino, ou outro canto de louvor.

• Oração depois da Comunhão: Toda a assembléia de pé. O sacerdote de pé diz: Oremos. Nesta oração o sacerdote implora os frutos do mistério celebrado e o povo, pela aclamação Amem, faz a sua oração.



Ritos Finais

Avisos: Toda a assembléia sentada. Deverão ser dados da na mesa do comentarista. É o momento mais adequado para breves homenagens, que as comunidades gostam de prestar em dias especiais ou algum comunicado da comunidade. É útil uma mensagem final, na qual se exorte a comunidade a testemunhar pela vida a realidade celebrada.

• Benção: Toda a assembléia de pé. Parte própria do celebrante. Aqui se faz uma leve inclinação para receber a benção.

• Despedida: Toda a assembléia de pé. Parte própria do diácono ou do celebrante, para que cada qual retorne às suas boas obras, louvando e bendizendo a Deus. Um canto final, se oportuno, embora não previsto, pode ser entoado e encontrará maior receptividade neste momento, do que mais tarde. Só se deixa o lugar após o celebrante ter se retirado do altar.



“Na celebração da Missa os fiéis constituem o povo santo, o povo adquirido e o sacerdócio régio, para dar graças a Deus e oferecer o sacrifício perfeito, não apenas pela mão do sacerdote, mas também juntamente com ele. Por isso devem ser evitados qualquer tipo de individualismo ou divisão, a fim de formem um único corpo. Tal unidade se manifesta muito bem quando todos os fieis realizam em comum os mesmos gestos e assumem as mesmas atitudes externas”.







sábado, 13 de novembro de 2010

A AMIZADE UMA NECESSIDADE FUNDAMENTALPARA O MCC

O Movimento de Cursilhos de Cristandade (MCC), como sabemos, chegou ao Brasil em 1962, desde então tem levado – através da proclamação da Boa Nova e testemunho de vida – milhares de batizados à despertarem para uma mudança de rumo em suas vidas, ou seja, a conversão. O Cursilho (CUR) propriamente dito, com duração de dois ou três dias, é o “tempo forte” onde acontece: O processo de conversão que se procura iniciar ou reiniciar durante o CUR; o trabalho realizado com vistas ao surgimento de uma consciência crítica cristã nos participantes. Percebemos que a conversão é um processo e, como tal se dará por toda nossa vida cristã. Algumas pessoas durante o encontro farão aquilo que a teologia moral chama de “opção fundamental”, ou seja, uma opção que passará a determinar totalmente sua vida, uma opção fundamental por, com e em Cristo – cristocêntrica. No entanto, muitas outras pessoas ainda necessitarão descobrir e fazer esta opção fundamental.

Para compreendermos essa problemática devemos entender como normalmente as pessoas são “tocadas” durante o encontro, ou seja, o cursilho. Num primeiro momento, digamos teológico, ocorre sua reconciliação com Deus – podemos nos lembrar que durante o plenário muitos mencionam a importância de terem se “reencontrado” com Deus pelo sacramento da reconciliação – fazendo com que se sintam acolhidos pelo Amor de Deus. Outro momento importante, este antropológico, ocorre nos grupos de trabalhos, onde se estabelece uma relação de confiança e abertura entre seus integrantes. Esta relação faz com que os integrantes do grupo compartilhem de assuntos particulares de suas vidas. Este ambiente criará um vínculo afetivo2 com os integrantes do grupo, que será fundamental no pós-cursilho – lembremos também que ficará notório constatar durante o plenário, na fala de cada integrante, a importância do vínculo afetivo criado nos grupos. A decorrência desse vínculo afetivo poderá, agora no pós-cursilho, fazer com que o neo cursilhista dê seqüência em seu processo de conversão e, que a maioria, faça a opção fundamental em Cristo. O pós-cursilho é fundamental para o neo cursilhista, que no primeiro encontro de formação (Escola Vivencial e Núcleo de Comunidade Ambiental) espera reencontrar a mesma afetividade, ou pelo menos parte dela, daquela criada em seu grupo durante o CUR – com isso podemos entender a importância da presença dos responsáveis pelos grupos no CUR, como também de todos os cursilhistas do GED, neste que para os novos cursilhistas é o primeiro encontro no pós-cursilho.

Escutei muitas vezes pessoas dizendo que estão no MCC somente por Jesus Cristo, desculpe, mas não é somente por Ele, pois se fosse poderiam participar de qualquer outro movimento ou pastoral. Estamos no movimento por Cristo sim, mas também pelas nossas relações afetivas. Através dessas relações entramos num processo de humanização em busca da plenitude humana encarnada por Jesus Cristo. Nessas relações afetivas ou de amizade, pautadas na dinâmica de Cristo, encontramos o elemento essencial para o crescimento humano, pois nessas relações o indivíduo deixa de voltar sua atenção somente para si – embora seja necessário em alguns momentos um movimento de interiorização reflexiva –, tornando-se assim disponível para os outros – num gesto de doação –, estes que o permite existir, conhecer e se encontrar. As relações interpessoais combatem todo e qualquer tipo de auto-suficiência pessoal e, deve combater o individualismo e isolamento numa atitude de abertura ao outro.

Segundo Emmanuel Mounier precursor da corrente do personalismo em meados do século XX, “...a pessoa tem que eliminar este individualismo, nascendo um para outro, ou seja, é o “EU” em direção do “Tu” que resulta no “Nós”, assim nosso Ser se torna Amor”. Ser pessoa, portanto, é ter atitudes de doação ao outro em gestos de compreensão, generosidade e fidelidade criadora respeitando o mistério que existe em cada ser humano. Embora seja um discurso antroplógico de uma corrente filosófica, a afirmação de Mounier elucida ainda mais a necessidade que temos de nos relacionar em vista de nossa humanização. A amizade entre nós cursilhistas, nos fortalece em nossa caminhada, nela encontramos motivações para sermos melhores pessoas e, através dela vivemos uma comunidade de fé, esperança e caridade. Como é bom rever os amigos, saber como estão, contar nossas dificuldades, ouvir e falar palavras de consolo, enfim, como é bom estarmos unidos em comunidade!

Para cultivarmos essas relações amistosas necessitamos de um tempo reservado para isso, mesmo que sejam alguns minutos antes ou depois dos momentos de oração, formação ou ação; para nos motivar na difícil caminhada cotidiana. Nesse sentido viva nossas Ultréias!

Momento de avaliar e repensar nossa caminhada, mas também momento de celebrar e revigorar nossos laços de amizade, momento de partilha e de alegria. As comunidades unidas são – eis um dos motivos da urgência da participação mais ativa dos jovens no MCC –, onde as pessoas se respeitam e aprendem a lidar com seus afetos desordenados4 em prol de um convívio fraterno. Para tanto, Jesus Cristo nos deixou exemplos de como podemos fazer isso, amai-vos uns aos outros como eu vos amei. (Jo 15,12) onde nossas atitudes devem ser em vista para o bem do próximo. Neste contexto podemos afirmar que somente nos humanizaremos, ou seja, nos tornaremos como Cristo através de nossas relações interpessoais, principalmente com a comunidade de fé, o MCC.

Assim ao valorizarmos nossas relações afetivas – dentro de um espírito cristão – através da oração, formação e ação, estaremos possibilitando aos novos cursilhistas fazerem sua opção fundamental em Cristo e para os cursilhistas mais antigos a confirmação desta opção, que nada mais é do que a adesão à realização do projeto assumido por Cristo e herdado por nós, povo de Deus, ou seja, a própria Igreja.

Ademir Moreira Pereira
1º.Tesoureiro GEN












terça-feira, 2 de novembro de 2010

CARTA DO GER (GRUPO EXECUTIVO REGIONAL)

Caríssimos,


O resultado das eleições ontem à noite, não é o fim de uma jornada. Não importa se o nosso candidato ganhou ou perdeu. O que continua em jogo é a solução dos problemas sobretudo para os mais pobres, aqueles que sempre foram os preferidos de Jesus... É apenas o início de um longo caminho a ser percorrido por todos nós, independente de credos religiosos, de orientação sexual, de cor, etinia, ideologia política.

Devemos manter um constante debate e aprofundamento das questões do nosso País, sobretudo porque somos cidadãos, cristãos, católicos e participantes de um movimento de igreja cujo carisma é evangelização dos ambientes.

Sabemos, porque aprendemos a duras penas pelo menos na teoria, que não existe dicotomia entre fé e política (esta aqui entendida no seu primeiro e único sentido: a prática do bem comum, a interferência nos problemas da comunidade para busca de soluções comuns para todos).

Acredito que nós do Movimento de Cursilho, precisamos integrar mais fé e política. Não podemos - como costumamente fazemos - em determinado momento ser cristão (dos ritos, das práticas religiosas) e em outros ser cidadãos - na maioria das vezes pregando e agindo em causa própria, em função dos nossos interesses particulares, para não perdermos privilégios.

Façamos do Evangelho a nossa plataforma para o bem comum, presente em Lucas 4, 18-19. E na sociedade em que vivemos temos todos os instrumentos necessários (as leis, o Direito, as instituições (família, educação, sindicatos, os partidos políticos, as mídias - digitais ou não -), para construir uma sociedade melhor para todo mundo.

Precisamos aprofundar o conhecimento e a prática do método VJA - método revolucionário -, que nos ajuda a encontrar caminhos para cumprir o mandato de Jesus: Ide e evangelizai todos os povos... Se evangelizarmos e por evangelização, entendo uma transformação não apenas religiosa das pessoas, mas uma transformação de valores e atitudes, visando a busca do bem comum.

Precisamos nos manter atualizados, discutindo e aprofundando questões da nossa sociedade, da nossa religião, das relações existentes entre as várias instituições. Discutir o poder da mídia como aparelho ideológico. O cidadão e sobretudo o cidadão cristão não pode diante dos fatos dizer "eu acho". Eu acho é muito pouco. E para os cristão do movimento de cursilhos é pouquíssimo. É preciso aprofundar.

Este é o meu desabafo e as minhas sugestões. Não podemos continuar sendo um movimento apático.

Beijos e deixo para todos uns versos de Mário Quintana, para a nossa reflexão:


"Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A mágica presença das estrelas!".


Célia Fonseca

Secretária do GER