Ai de mim se não anunciar o evagenlho

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

CARTA MCC BRASIL – JANEIRO 2012 (149ª.)

“Não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da que está por vir” (Hb 13,14). “Vi, então, um novo céu e uma nova terra...” (Ap 21, 1 ssqq).“O que esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça” (2Pd3,13).

Meus amados leitores e leitoras, irmãos e irmãs, peregrinos que somos todos, rumo ao Reino definitivo:

As citações acima têm por objetivo provocar algumas reflexões sobre um novo ano que começa; um novo tempo da história que o Senhor nos concede e uma nova etapa de vida a ser vivida à luz da Palavra, com os pés postos nas pegadas do Senhor Jesus uma vez que “não temos aqui cidade permanente”. Ora, “não ter cidade permanente” não significa acomodação ou conformidade passiva diante da vida e do tempo, e, sim, aquele dinamismo que nos leva “à procura da que está por vir”. Ou seja, a empenhar-nos, mais do que no ano passado, na construção de “um novo céu e de uma nova terra no quais habitará a justiça”, colaborando, assim, em nossas limitações, com o “Senhor do tempo e da história”.

1. Como vivenciar o início de um novo ano? Podem-se considerar duas maneiras de vivenciar esse momento de passagem:

a) Uma que se “conforma com este mundo” (cf. Rm 12,2) que supõe preocupações com a sobrevivência, que planeja, que prevê, que esquadrinha horizontes à procura de oportunidades de todo tipo, que luta para “levar vantagem em tudo”, e que hoje não falta numa cultura de imediatismo e de relativismo de valores, condicionante que é da mentalidade das pessoas e construtora de uma sociedade consumista, egoísta e exacerbadamente individualista. Até certo ponto, claro, tudo isso é necessário enquanto se trata da busca de uma vida digna para cada um e para todos os seres humanos, respeitosa da liberdade e da crença de cada um.

b) Outra, a partir do mesmo conselho de Paulo aos Romanos: “transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. Aí está toda uma programação a ser executada pelos seguidores de Jesus. Quanto mais avança um tempo novo, quanto mais se aperfeiçoam as tecnologias, quanto mais se instala uma mentalidade distorcida sobre os valores que deveriam pautar nossas vidas, tanto mais se faz necessário o discernimento proposto por Paulo: renovar nossa maneira de pensar, isto é, nossa mentalidade que é a orientadora do nosso agir, para discernir, à luz da fé e dos ensinamentos evangélicos do Mestre “o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. Árdua tarefa essa; trabalhoso processo que irá ajudar-nos a ser fiéis discípulos e irmãos uns dos outros na construção de uma sociedade justa e solidária.

O Pai espera sua resposta para uma pergunta simples e, ao mesmo tempo complexa (porque não depende somente de você...): qual das duas maneiras norteará sua vida e a vida de sua comunidade neste ano de 2012?

2. Peregrinos, discípulos missionários num tempo novo. Na visão apocalíptica e na esperança anunciada por São Pedro, sonhamos com “um novo céu e uma nova terra” como recompensa final, diante da face do Pai, pelos sofrimentos que suportamos, pelas cruzes nossas e alheias que carregamos, pelas lágrimas que derramamos: “Então ouvi uma voz forte que saia do trono e dizia: ‘Esta é a morada de Deus-com-os-homens. Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram’” (Ap 21,3-4). Entretanto, mesmo alimentados e movidos por esta esperança final, somos chamados e enviados por Jesus para construirmos, já aqui neste tempo e nestas circunstâncias, uma “nova terra na qual habitará a justiça”.

Somos, portanto, desafiados pela nossa própria vocação, a partir do chamado do Pai, a enfrentar, abraçar e, assim, assumir os desafios do tempo presente. Sem saudosismos inúteis, sem métodos ultrapassados, sem expressões que já nada mais dizem aos ouvidos e, muito menos, aos corações e à vida do homem e da mulher nesta nossa cultura epocal (isto é, nem moderna, nem pós-moderna, mas ainda totalmente indefinida...): “Nenhuma comunidade deve isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” (DAp 365) . Ainda no mesmo importante documento, podemos sentir uma grande preocupação dos nossos Pastores: “Constatamos o escasso acompanhamento dado aos fiéis leigos em suas tarefas de serviço à sociedade, particularmente quando assumem responsabilidades nas diversas estruturas de ordem temporal. Percebemos uma evangelização com pouco ardor e sem novos métodos e expressões, uma ênfase no ritualismo sem o conveniente caminho de formação, descuidando de outras tarefas pastorais” (DAP 100 c). Atentos à nossa missão discipular, neste início de novo ano, somos insistentemente convidados a sair da inércia, a abandonar a preguiça e a instalação no comodismo, alegando, às vezes, desculpas “indesculpáveis” bem como a pôr em prática, corajosamente, os valores do Evangelho: a fraternidade, a solidariedade, a caridade, o amor, a justiça, o perdão... Esquecendo possíveis e naturais ressentimentos e oferecendo-nos como “hóstias vivas” numa celebração incessante da própria vida e, sobretudo, buscando a unidade na caminhada de discípulos missionários, somos chamados à criatividade no campo da evangelização; a superar as frequentes atitudes de braços cruzados; a oferecer colaboração efetiva (ao invés de nos contentarmos com o famoso “apoio moral” tão ao feitio dos acomodados) no anúncio do Reino, de acordo com os carismas com que Deus nos presenteou.

3. “Anunciar ao mundo o “Logos” da Esperança”. Penso não haver nada mais oportuno e mais encorajador nesta nossa Carta de início de ano, do que terminá-la lembrando uma das mais belas expressões do Papa Bento XVI quando, na Exortação Apostólica VERBUM DOMINI, convida-nos ao anúncio do “LOGOS” – a PALAVRA – que é o próprio Jesus - da Esperança, assim, com maiúscula: “Com efeito, o que a Igreja anuncia ao mundo é o Logos da Esperança (cf. 1 Pd 3, 15); o homem precisa da «grande Esperança» para poder viver o seu próprio presente – a grande esperança que é «aquele Deus que possui um rosto humano e que nos “amou até ao fim” (Jo 13, 1)». Por isso, na sua essência, a Igreja é missionária. Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna, que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para todos, para cada homem. Cada pessoa do nosso tempo – quer o saiba quer não – tem necessidade deste anúncio. Oxalá o Senhor suscite entre os homens, como nos tempos do profeta Amós, nova fome e nova sede das palavras do Senhor (cf. Am 8, 11). A nós cabe a responsabilidade de transmitir aquilo que por nossa vez tínhamos, por graça, recebido” (VD 91).

Um 2012 de grande aumento da fé (cf. Lc 17,5), de intensa experiência de Deus na vida de cada um e de cada uma de vocês, queridos e fiéis leitores, bem como um compromisso cada dia mais profundo na sua opção de discípulo missionário, com a presença de Maria “Mãe do Verbo e Mãe da Alegria” e com todas as bênçãos de Deus, é o que lhes deseja o amigo, irmão e servidor no Cristo Jesus,


Pe.José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional
MCC do Brasil
E-mail: jberaldo79@gmail.com

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ORAÇÃO DE PREPARAÇÃO PARA O JUBILEU DE OURO DA PRESENÇA DO MOVIMENTO DE CURSILHOS DE CRISTANDADE NA IGREJA DO BRASIL



Senhor, neste tempo em que nos preparamos para celebrar o Jubileu de Ouro da presença do Movimento de Cursilhos de Cristandade em nosso país, queremos viver uma experiência de profunda Ação de Graças.

Agradecemos a Deus Pai que inspirou, a um grupo de sacerdotes e leigos, a peregrinação de milhares de jovens a Santiago de Compostela, fazendo assim nascer a semente, deste movimento que se tornaria verdadeira benção para a Igreja e providencial instrumento de renovação cristã na transformação evangélica dos ambientes.

Agradecemos a Deus Filho, pois, a partir do encontro pessoal com Ele e do seguimento de suas pegadas, em comunhão com aqueles que Ele instituiu como Pastores, temos buscado cumprir nossa missão, sendo fermento, sal e luz.

Agradecemos a Deus Espírito Santo que não cessa de oferecer à Igreja o dom de Pentecostes, capaz de conceder aos que o pedem, o ardor e o entusiasmo para relançar, com fidelidade e audácia, a missão transformadora deste Movimento que nos quer discípulos missionários, fiéis ao nosso carisma de formadores de pequenas comunidades de fé.

A São Paulo Apóstolo, nosso celestial Patrono e modelo, pedimos que nos inspire na tarefa de evangelizar nossa cultura, tão distanciada dos valores anunciados por Jesus, e nos ajude a mostrar a face do Mestre a todos os homens e mulheres, sobretudo aos que se distanciaram do caminho que a Ele conduz.

A Maria, Mãe da Igreja e primeira discípula missionária, pedimos que nos acolha e nos guarde em sua maternal proteção, ajudando-nos a renovar nosso compromisso de construtores do Reino. Amém.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PLANEJAMENTO PARA 2012.

12/02  Primeira Assembléia – N. Fatima
11/03  Escola de Mensageiro –
Santaluz
21/04  Forró
Decolores - Retirolândia
27/05  Escola de Mensageiro -
Biritinga
14 e 15/07  Retiro Espiritual - Coité
21/07  Reunião preparatória -
Retirolândia
28/07  Reunião preparatória -
Retirolândia
04/08  Reunião preparatória -
Retirolândia
11/08  Reunião preparatória -
Retirolândia
17 A 19/08  CURSILHO - Coité
24 A 26/08  CURSILHO -
Coite
01/09  Avaliação dos
Cursilhos - Retirolândia
21/10  Encontrão do MCC - Coité
24 e 25/11  Assembléia diocesana - Coité

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pensamentos e Sonhos sobre o Brasil

1. O povo brasileiro se habituou a “enfrentar a vida” e a conseguir tudo “na luta”, quer dizer, superando dificuldades e com muito trabalho. Por que não iria “enfrentar” também o derradeiro desafio de fazer as mudanças necessárias, para criar relações mais igualitárias e acabar com a corrupção?

2. O povo brasileiro ainda não acabou de nascer. O que herdamos foi a Empresa-Brasil com uma elite escravagista e uma massa de destituídos. Mas do seio desta massa, nasceram lideranças e movimentos sociais com consciência e organização. Seu sonho? Reinventar o Brasil. O processo começou a partir de baixo e não há mais como detê-lo.

3. Apesar da pobreza e da marginalização, os pobres sabiamente inventaram caminhos de sobrevivência. Para superar esta anti-realidade, o Estado e os políticos precisam escutar e valorizar o que o povo já sabe e inventou. Só então teremos superado a divisão elites-povo e seremos uma nação una e complexa.

4. O brasileiro tem um compromisso com a esperança. É a última que morre. Por isso, tem a certeza de que Deus escreve direito por linhas tortas. A esperança é o segredo de seu otimismo, que lhe permite relativizar os dramas, dançar seu carnaval, torcer por seu time de futebol e manter acesa a utopia de que a vida é bela e que amanhã pode ser melhor.

5. O medo é inerente à vida porque “viver é perigoso” e sempre comporta riscos. Estes nos obrigam a mudar e reforçam a esperança. O que o povo mais quer, não as elites, é mudar para que a felicidade e o amor não sejam tão difíceis.

6. O oposto ao medo não é a coragem. É a fé de que as coisas podem ser diferentes e que, organizados, podemos avançar. O Brasil mostrou que não é apenas bom no carnaval e no futebol. Mas também bom na agricultura, na arquitetura, na música e na sua inesgotável alegria de viver.

7. O povo brasileiro é religioso e místico. Mais que pensar em Deus, ele sente Deus em seu cotidiano que se revela nas expressões: “graças a Deus”, “Deus lhe pague”, “fique com Deus”. Deus para ele não é um problema, mas a solução de seus problemas. Sente-se amparado por santos e santas e por bons espíritos e orixás que ancoram sua vida no meio do sofrimento.

8. Uma das características da cultura brasileira é a alegria e o sentido de humor, que ajudam aliviar as contradições sociais. Essa alegria nasce da convicção de que a vida vale mais do que qualquer coisa. Por isso deve ser celebrada com festa e diante do fracasso, manter o humor. O efeito é a leveza e o entusiasmo que tantos admiram em nós.

9. Há um casamento que ainda não foi feito no Brasil: entre o saber acadêmico e o saber popular. O saber popular nasce da experiência sofrida, dos mil jeitos de sobreviver com poucos recursos. O saber acadêmico nasce do estudo, bebendo de muitas fontes. Quando esses dois saberes se unirem, seremos invencíveis.

10. O cuidado pertence à essência de toda a vida. Sem o cuidado ela adoece e morre. Com cuidado, é protegida e dura mais. O desafio hoje é entender a política como cuidado do Brasil, de sua gente, da natureza, da educação, da saúde, da justiça. Esse cuidado é a prova de que amamos o nosso pais.

11.Uma das marcas do povo brasileiro é sua capacidade de se relacionar com todo mundo, de somar, juntar, sincretizar e sintetizar. Por isso, ele não é intolerante nem dogmático. Gosta e acolhe bem os estrangeiros. Ora, esses valores são fundamentais para uma globalização de rosto humano. Estamos mostrando que ela é possível e a estamos construindo.

12. O Brasil é a maior nação neolatina do mundo. Temos tudo para sermos também a maior civilização dos trópicos, não imperial, mas solidária com todas as nações, porque incorporou em si representantes de 60 povos que para aqui vieram. Nosso desafio é mostrar que o Brasil pode ser, de fato, um pedaço do paraíso que não se perdeu.

Autor: Leonardo Boff

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

 
São Paulo, 04 de Outubro de 2011


Caros irmãos e irmãs de caminhada

Peregrinando rumo ao Jubileu...


“Que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé” (cf.4,12-13)



Estamos dia a dia nos aproximando do Ano Jubilar de nosso Movimento e a cada dia se renovam nossas esperanças e alegrias, na certeza que será um ano de grandes graças e, sobretudo de um novo Pentecostes.

Caros irmãos e irmãs coordenadores de GERS e GEDS, sabemos que para que aconteça este novo Pentecoste é necessário que criemos as condições favoráveis de abertura de coração e de mente.

O grupo executivo Nacional, reunido no dia 30 de setembro, acatando a sugestão do grupo de Apoio ao GEN, sugere e mesmo pede que cada GED, até o Natal, faça um solene ato de abertura do ano jubilar, de preferência com a presença de seu bispo diocesano, abrindo assim o ano do jubileu de ouro do Mcc do Brasil.

Em nível Regional sugerimos que seja por ocasião da realização de cada Assembléia Regional em 2012.

Comunicamos, também, que a abertura do Jubileu de ouro, em nível Nacional, dar-se-á no dia 15 de novembro, em Campo Grande, por ocasião da Assembléia Nacional com presença de Dom Dimas Lara, Arcebispo Metropolitano de Campo Grande.

Na certeza de contarmos com o entusiasmo e alegria de todos, nosso fraterno abraço.


Marum Mellem Jacob Neto                 
 Coordenador Nacional
                                          
Pe. Francisco Bianchim
Assessor Nacional


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CARTA SETEMBRO 2011

“Contigo está a sabedoria, que conhece tuas obras, a teu lado estava quando fizestes o mundo; ela sabe o que te agrada, o que corresponde a teus mandamentos.
Envia-a do céu sagrado, manda-a do teu trono glorioso, para que esteja a meu lado e trabalhe comigo, ensinando-me o que te agrada.
Ela, que tudo sabe e compreende, me guiará prudentemente em meus empreendimentos,e me guardará com seu prestígio”... (Sb 9,9-11)


Muito amados irmãos e irmãs, discípulos e discípulas, ouvintes todos e missionários da “Palavra divina que se fez Palavra humana”:

Entre as numerosas citações de referência ao MÊS DA BÍBLIA (na Igreja do Brasil, é o mês de setembro), mês da Palavra e da Sabedoria de Deus, porque não lembrar esta - ainda que mais ou menos longa - do Livro da Sabedoria, do Primeiro Testamento que prefigura, já, o Novo? Trata-se de uma belíssima perícope do AT sobre a “sabedoria” que nada mais é do que a simbolização do Verbo do Pai, Jesus Cristo encarnado no humano, e da ação do Espírito Santo. Proponho, pois, que nestes breves parágrafos façamos uma reflexão sobre a Cristologia da Palavra do Pai[1]. O tema está desenvolvido no contexto da Primeira Parte da Verbum Domini (VD), “O Deus que fala” no sexto parágrafo, “Cristologia da Palavra” (11 a 13) cuja leitura recomendo vivamente para que todos possam situar-se sem necessidade de tornar a repetir citações.

1. A Palavra do Pai na Encarnação do Verbo. Durante alguns séculos “Deus falou com seu povo escolhido através dos profetas e a ele revelou-se como único Deus verdadeiro e vivo, com palavras e obras”. Sempre se manifestou um Deus disposto ao diálogo e ao perdão, embora parecesse um Deus distante, mais juiz do que pai. Agora, porém, na pessoa de Jesus que se encarna, envia a sua própria Palavra. Assim se expressa o Papa: “Aqui a Palavra não se exprime primariamente num discurso, em conceitos ou regras; mas vemo-nos colocados diante da própria pessoa de Jesus. A sua história, única e singular, é a palavra definitiva que Deus diz à humanidade”. E, depois destas palavras tão próprias do diálogo do Pai com a humanidade, aparecem outras profundamente significativas para nossa reflexão de cristãos, quem sabe rotineiros ou tradicionais, isto é, cristãos por costume e não por convicção: “Daqui se compreende por que motivo, «no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo». A renovação deste encontro e desta consciência gera no coração dos fiéis a maravilha pela iniciativa divina, que o homem, com as suas próprias capacidades racionais e imaginação, jamais teria podido conceber”. E a chave de ouro que fecha este parágrafo deveria ser objeto de nossa mais profunda admiração: “A fé apostólica testemunha que a Palavra eterna Se fez Um de nos. A Palavra divina exprime-se verdadeiramente em palavras humanas”. Ao mesmo tempo deveria repercutir em cada um de nós uma pergunta insistente: com que atenção você costuma escutar esta Palavra para que ela repercuta no seu coração e na sua prática de vida?

2. A história humana do Verbo e a realização dos mistérios da salvação. Logo no início deste parágrafo, chama nossa atenção uma expressão carregada de significado, que foge das maneiras habituais de falar de Jesus-Palavra: “O Verbo abreviou-se”. Citando a tradição dos antigos Padres da Igreja e lembrando algumas outras passagens da Escritura (por exemplo, “O Senhor compendiou sua Palavra, abreviou-a”, Is 10,23; Rm 9,28),) a VD põem-nos diante de uma realidade que eu chamaria de comovedora: “O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez--Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós». Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré”. E porque “comovedora”? Muito simples sua compreensão: porque, não há necessidade de ficar imaginando como seria a face de Jesus (interpretada, tantas vezes, com traços tão estranhos, como as ideias de quem a retratou!), pois é bastante ouvirmos e interiorizarmos a Palavra para saber como é Jesus. Hoje! Agora! Em mim! No meu próximo!

Em seguida a VD chega às outras maneiras que o Pai usa para manifestar o Seu Logos, a Sua Palavra e chega ao Mistério Pascal, escrito, assim, com maiúsculas, referindo-se ao mistério da cruz, ao silenciamento da Palavra: “Por fim, a missão de Jesus cumpre-se no Mistério Pascal: aqui vemo-nos colocados diante da «Palavra da cruz» (cf. 1 Cor 1, 18). O Verbo emudece, torna-se silêncio de morte, porque Se «disse» até calar, nada retendo do que nos devia comunicar. Sugestivamente os Padres da Igreja, ao contemplarem este mistério, colocam nos lábios da Mãe de Deus esta expressão: «Está sem palavra a Palavra do Pai, que fez toda a criatura que fala; sem vida estão os olhos apagados d’Aquele a cuja palavra e aceno se move tudo o que tem vida». Aqui verdadeiramente se nos comunica o amor «maior», aquele que dá a vida pelos próprios amigos (cf. Jo 15, 13)[2]. Fechando esse parágrafo, a VD sintetiza a Palavra na figura da “Luz do mundo”: “Desde o início, os cristãos tiveram consciência de que, em Cristo, a Palavra de Deus está presente como Pessoa. A Palavra de Deus é a luz verdadeira, de que o homem tem necessidade. Sim, na ressurreição, o Filho de Deus surgiu como Luz do mundo. Agora, vivendo com Ele e para Ele, podemos viver na luz”.

Pergunte-se agora, meu irmão, minha irmã: de verdade, a Palavra-Jesus-Luz tem iluminado o caminho de sua vida? Ou você se deixa invadir por outros focos que, de repente, vão-se apagando?

3. O “coração da ‘Cristologia da Palavra’”. O Mistério Pascal, conforme a VD, realiza a unidade do projeto de Deus com o Verbo encarnado. Por isso, o mesmo Mistério Pascal é posto como o “coração da Cristologia da Palavra”: “No Mistério Pascal, realizam-se «as palavras da Escritura, isto é, esta morte realizada “segundo as Escrituras” é um acontecimento que contém em si mesmo um logos, uma lógica: a morte de Cristo testemunha que a Palavra de Deus Se fez totalmente “carne”, “história” humana»....Deste modo São Paulo, transmitindo fielmente o ensinamento dos Apóstolos (cf. 1 Cor 15, 3), sublinha que a vitória de Cristo sobre a morte se verifica através da força criadora da Palavra de Deus. Esta força divina proporciona esperança e alegria: tal é, em definitivo, o conteúdo libertador da revelação pascal. Na Páscoa, Deus revela-Se a Si mesmo juntamente com a força do Amor trinitário que aniquila as forças destruidoras do mal e da morte”.

Por fim, para que meus leitores possam degustar todo o sabor delicioso tema, não resisto a não transcrever suas últimas frases: “Assim, recordando estes elementos essenciais da nossa fé, podemos contemplar a unidade profunda entre criação e nova criação e de toda a história da salvação em Cristo. Recorrendo a uma imagem, podemos comparar o universo com uma partitura, um «livro» – diria Galileu Galilei – considerando-o como «a obra de um Autor que Se exprime através da “sinfonia” da criação. Dentro desta sinfonia, a determinado ponto aparece aquilo que, em linguagem musical, se chama um “solo”, um tema confiado a um só instrumento ou a uma só voz; e é tão importante que dele depende o significado da obra inteira. Este “solo” é Jesus (…). O Filho do Homem compendia em Si mesmo a terra e o céu, a criação e o Criador, a carne e o Espírito. É o centro do universo e da história, porque n’Ele se unem sem se confundir o Autor e a sua obra».

A todos meu abraço fraterno, desejando-lhes um iluminado Mês da Bíblia- Palavra de Deus com Maria “Mater Verbi et Mater laetitae” = Mãe da Palavra e Mãe da alegria!

Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do GEN
E-mail: beraldomilenio@uol.com.br

sábado, 20 de agosto de 2011

ASSUNÇÃO DE NOSSA MÃE






Nossa Mãe Maria está na glória. Esta é uma verdade de fé que nos produz íntima alegria. Deus quis que a Mãe de seu Filho fosse Imaculada desde a sua conceição, e que fosse assumida na glória do paraíso com corpo e alma. Maria é figura da Igreja na qual vivemos, cujo destino último é a mesma glória na qual vive Maria. Porque é cheia de graças, porque é imaculada, porque é Mãe de Deus, Maria ganhou todos os privilégios possíveis. A Senhora da glória intercede junto a seu Filho por todos os seus e pela Igreja, que é comunidade marcada de santidade, mas composta ainda de pecadores que precisam de purificação. Maria da Glória atrai os homens para o destino último que é o céu.

Fonte Ged de Estância Sergipe



sábado, 30 de julho de 2011

Carta MCC Agosto 2011 (144ª.)

“Vós todos sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo. Assim, na Igreja, Deus estabeleceu, primeiro, os apóstolos; segundo, os profetas; terceiro, os que ensinam; depois, dons diversos: milagres, cura, beneficência, administração, diversidade de línguas. Acaso todos são apóstolos? Todos são profetas? Todos ensinam? Todos fazem milagres? Todos têm dons de cura? Todos falam em línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos dons mais elevados” (1Cor 12,27-31).

Meus sempre amados irmãos e irmãs, que formamos o corpo de Cristo, a comunidade santa e pecadora do Povo e da Família de Deus: estejam com todos vocês a graça e a paz do Senhor Jesus pela ação do Espírito Santo:

A Igreja Católica no Brasil faz do mês de agosto o Mês das Vocações. Porque, então, citar aqui essa admoestação de São Paulo aos Coríntios? Que importância têm os dons de cada um no contexto eclesial? O que têm a ver os dons do Espírito Santo com vocação? Que atitudes assumir para corresponder fielmente ao chamado do Senhor e vivê-lo em plenitude? Para responder a estas e outras eventuais perguntas a respeito do tema, proponho alguns pontos visando a uma breve reflexão.

1. Escolha, chamado e envio pelo Pai através do Filho pelo Espírito Santo. No batismo, ao sermos enxertados na própria vida divina pela graça, somos escolhidos e articulados como membros num só corpo que, como nos ensina o Apóstolo, é o corpo de Cristo, a Igreja. E, então, já se manifestam em cada um os dons do Espírito ou carismas que correspondem à vocação para a qual todos somos chamados: a vocação à santidade: “Santificai-vos e sede santos, porque eu sou santo” (Lv 11,44). E, na palavra de Jesus, ser santo é ser perfeito como o Pai: “Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). A vocação à santidade é compreendida, portanto, como uma escolha do Senhor e como um seu chamado a todos os batizados e não, unicamente, aos sacerdotes ou aos religiosos ou aos consagrados e consagradas. E aqueles mesmos carismas ou dons – como os chama São Paulo – ajudam-nos a tornar concreta nossa resposta à medida que os colocamos a serviço da comunidade humana e eclesial. E, como Deus concede os carismas - especiais, a cada um -, cada um deverá manifestá-los vivenciando a sua própria vocação. Escrevendo ao seu dileto filho espiritual e discípulo muito amado, Timóteo, São Paulo lembra que: “Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não em atenção às nossas obras, mas por causa do seu plano salvífico e da sua graça, que nos foi dada no Cristo Jesus antes de todos os tempos” (2Tm 1,9).

2. Resposta do escolhido, vocacionado e enviado: assumir o envio. Num dos mais preciosos documentos do magistério eclesiástico do século passado, “A Evangelização no mundo contemporâneo” (EN), o Papa Paulo VI assim se expressa quanto à vocação da Igreja e de cada um dos cristãos católicos: “A Igreja sabe-o bem, ela tem consciência viva de que a palavra do Salvador, "Eu devo anunciar a Boa Nova do reino de Deus", se lhe aplica com toda a verdade. Assim, ela acrescenta de bom grado com São Paulo: “Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é, antes, uma necessidade que se me impõe”... “Ái de mim, se eu não anunciar o evangelho”... "Nós queremos confirmar, uma vez mais ainda, que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja"; tarefa e missão, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição” (EN 14). E o mais recente e luminoso Documento de Aparecida insiste no caráter missionário do discípulo de Jesus e o exprime já no seu lema: Discípulos missionários de Jesus Cristo para que nEle, nossos povos tenham vida”. Ora, sendo vocação e missão de toda a Igreja anunciar a Boa Notícia a toda a humanidade, para todo o católico cristão, leigo ou consagrado, para aquele no meio das duras realidades do mundo, independente de permissão ou mandato ou, até, dependência de bispos ou de sacerdotes, constitui a concretização de sua vocação laical.

3. A orientação de Jesus aos escolhidos, vocacionados e enviados. Ao enviar os seus discípulos em missão, Jesus lhes dá orientações muito claras: “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel!” (Mt 10,6). Vivemos num tempo no qual tantos filhos e filhas da Mãe Igreja abandonam a casa paterna, aderindo a outras crenças ou ideologias, seduzidos por propostas nem sempre condizentes com os critérios e valores anunciados por Jesus no Evangelho. E o fazem, talvez, movidos pela esperança de um sucesso imediato, ou pelas facilidades de alcançar o ter e o poder, ou em busca de sonhadas facilidades ou tentando resolver, quem sabe, problemas de ordem pessoal ou familiar... (Cf.DAp 100, letra f). Por isso, nossos Pastores, também no Documento de Aparecida (DAp), lançam um apelo urgente: “A Igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais” (DAp 11). E, mais: “Aqui está o desafio fundamental que afrontamos: mostrar a capacidade da Igreja para promover e formar discípulos e missionários que respondam á vocação recebida e comuniquem, por toda a parte, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo” (DAp14). É neste contexto que me permito deixar aqui uma pergunta, talvez incômoda: será que nós, vocacionados e enviados para as “ovelhas perdidas da casa de Israel” (refiro-me, sobretudo, a alguns Movimentos eclesiais que deveriam distinguir-se por sua missão de busca dos afastados da Igreja, como o Movimento de Cursilhos, por exemplo) não continuamos buscando, quase sempre, as mesmas ovelhas já bem protegidas e melhor nutridas no calor do redil, enquanto milhares e milhares estão lá fora, abandonadas, e morrendo de fome e frio?

4. Desafios e riscos que esperam os escolhidos, chamados e enviados em missão. Assim como os primeiros discípulos, os de hoje somos enviados a um mundo globalizado, tanto para o bem, mas, sobretudo para o mal incalculável que é o distanciamento do Deus da vida, do seu plano de amor; globalizado numa cultura de morte e destruição dos valores fundamentais da dignidade humana, da família e da convivência entre semelhantes: “Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10,3). E, talvez, um dos maiores e mais insidiosos desafios esteja, muito mais frequentes do que nos tempos de Jesus, naqueles que se apresentam camuflados: “Eis eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10,3). Nestas circunstâncias adversas à fé cristã, temos que pedir, com insistência e perseverança, o dom do Discernimento!

5. Atitudes que Jesus espera dos escolhidos, chamados e enviados em missão. São aquelas atitudes derivadas da opção fundamental feita pelos que são chamados, consagrados ou leigos e leigas, para trabalhar na vinha do Senhor: “De graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, pois o trabalhador tem direito a seu sustento” (Mt 10, 8-10). O seguimento nas pegadas do Mestre; a cruz abraçada com alegria; a renúncia constante e a oração perseverante constituem o mais seguro itinerário dos vocacionados para a sublime aventura evangelizadora!

6. A recompensa reservada aos escolhidos, chamados e enviados em missão. Simples assim: “Neste encontro com Cristo, queremos expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor e de termos sido enviados com o tesouro do Evangelho” (DAp 28). E, ainda: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp 29). Alegria! Alegria” Alegria!

Concluo com a presença de Maria, a primeira escolhida, chamada e enviada: “Que (Maria) nos ensine a sair de nós mesmos no caminho de sacrifício, de amor e serviço, com o fez na visita à sua prima Isabel, para que, peregrinos a caminho, cantemos as maravilhas que Deus tem feito em nós, conforme a sua promessa” (DAp 553). A todos os meus amados, deixo-lhes um carinhoso abraço fraterno no Senhor Jesus. De todos, servidor e irmão,

Pe. José Gilberto Beraldo

Equipe Sacerdotal do GEN

domingo, 17 de julho de 2011

Crise terminal do capitalismo?

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adapatar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugual 12% no pais e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos paises periféricos. Hoje é global e atingiu os paises centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentitentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamene nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários paises europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhois gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

Texto de Leonardo Boff. http://www.amaivos.com.br/

sábado, 4 de junho de 2011

SANTO PADRE JOÃO PAULO II



Há um mês, toda a Igreja celebrou a beatificação de João Paulo II. Mais de 1 milhão de peregrinos se reuniram na Praça São Pedro, no Vaticano, para participar da cerimônia que foi considerada uma das maiores da história da Igreja.


Um dos momentos marcantes foi a Vigília que antecedeu a Missa de Beatificação, no Circo Máximo de Roma. Cerca de 200 mil pessoas estiveram presentes para rezar e relembrar fatos marcantes da vida do saudoso Pontífice. Já na abertura da Vigília, um vídeo de João Paulo II falando aos jovens no jubileu do ano 2000 emocionou os participantes. E a noite prosseguiu com testemunhos de diversas autoridades que conviveram de perto com o Papa, entre eles o ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Joaquim Navarro Vals, e o ex-secretário pessoal de João Paulo II e atual Arcebispo de Cracóvia, Cardeal Stanislaw Dziwisz.

Mas a grande festa mesmo aconteceu no domingo, 1º de maio, com a missa de beatificação. Após a leitura da fórmula que proclamou o novo beato, os fiéis reunidos na Praça São Pedro celebraram com uma salva de palmas, que se prolongou por vários minutos, e só foi contida a pedido, para que a Celebração pudesse continuar. A vibração e alegria eram nítidas entre os presentes, que aguardavam ansiosos por esse momento.

Na homilia, o Papa Bento XVI recordou que, embora a tristeza pela perda de João Paulo II fosse profunda no dia de sua morte, a sensação de que uma graça especial envolvia o mundo todo era ainda maior. 'Já naquele dia sentíamos pairar o perfume da sua santidade, tendo o Povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele. Por isso, quis que a sua Causa de Beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade', explicou.

Bento XVI destacou também que as palavras pronunciadas por João Paulo II na sua primeira Missa solene: 'Não tenhais medo! Escancarai as portas a Cristo!', foram primeiramente vividas por ele. 'Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e econômicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade. Sintetizando ainda mais: deu-nos novamente a força de crer em Cristo, porque Cristo é o Redentor do homem', salientou.

Alguns fatos interessantes da beatificação foram que, durante a Missa, Bento XVI usou uma casula e uma mitra que pertenceram a JPII e, também, utilizou o Cálice que o Papa Wojtyla usou nos últimos anos de seu Pontificado. A data escolhida para a festa litúrgica de João Paulo II - 22 de outubro - faz referência ao dia da primeira Missa de seu Pontificado.

domingo, 8 de maio de 2011

Carta do mês de maio de 2011

Muito amados irmãos e irmãs no Senhor gloriosamente Ressuscitado e a Ele semelhantes na morte e, também, na Ressurreição:

Assim como buscamos vivenciar fervorosamente os quarenta dias da santa Quaresma bem como a Santa Semana da Paixão, agora o Senhor Jesus, ressuscitado dos mortos, nos propicia as alegrias dos cinqüenta dias da Páscoa celebrada no último dia 24 de abril! Refletindo sobre em que fonte beber para partilhar nossas habituais reflexões mensais, lembrando este tempo de luz e de vida, penso tê-la encontrado atual, viva, oportuna e revigorante na VERBUM DOMINI (“A Palavra do Senhor”)[1] do Papa Bento XVI.

1. Viver a Ressurreição é viver o mistério da Cruz. Alimentado pelas “propostas[2]” dos Padres Sinodais, o Papa vai discernindo para o Povo de Deus o significado e os caminhos da Palavra no hoje da caminhada da história e da própria Igreja. Logo no início da Primeira Parte, encontramos O DEUS QUE FALA. É precisamente ali que está bem explicitada a identidade de Jesus com a Palavra do Pai: a Palavra do Pai é o seu próprio Filho.

No fascinante parágrafo 12, “Cristologia da Palavra”, nos deparamos com uma viva referência pascal à Palavra. Ao mostrar a vida do Verbo, Palavra do Pai, o Papa começa com a Encarnação: “O Senhor compendiou sua Palavra, abreviou-a (Is 10,23; Rm9, 28)... O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré”. Prosseguindo pela vida de Jesus, o texto chega à missão de Jesus que se cumpre no Mistério Pascal: “Por fim, a missão de Jesus cumpre-se no Mistério Pascal: aqui vemo-nos colocados diante da «Palavra da cruz» (cf. 1 Cor 1, 18).

A morte da Palavra na Cruz é mostrada como um silêncio dAquele que é a PALAVRA: “O Verbo emudece, torna-se silêncio de morte, porque Se «disse» até calar, nada retendo do que nos devia comunicar. Sugestivamente os Padres da Igreja, ao contemplarem este mistério, colocam nos lábios da Mãe de Deus esta expressão: «Está sem palavra a Palavra do Pai, que fez toda a criatura que fala; sem vida estão os olhos apagados d’Aquele a cuja palavra e aceno se move tudo o que tem vida». Aqui verdadeiramente comunica-se-nos o amor «maior», aquele que dá a vida pelos próprios amigos (cf. Jo 15, 13). Neste grande mistério, Jesus manifesta-se como a Palavra da Nova e Eterna Aliança: a liberdade de Deus e a liberdade do homem encontraram-se definitivamente na carne crucificada, num pacto indissolúvel, válido para sempre”!

Finalmente, depois dessas lembranças que chegam a emocionar, a VD chega ao mistério da Ressurreição!

1. Viver a ressurreição é viver na luz. Desde a noite do Sábado Santo – Vigília da Páscoa – a luz de Cristo brilha aos nossos olhos e ilumina a vida do cristão. Nessa noite, ao entrar na igreja com o Círio pascal já aceso, o diácono canta solenemente, por três vezes: “Eis a luz de Cristo”. Jesus já se havia identificado aos seus discípulos como a luz do mundo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Nossa experiência diária de contato e imersão nesta nossa cultura cada dia mais longe da verdadeira luz, pois é regida por critérios sempre mais distanciados dos do Reino anunciado e testemunhado por Jesus e, por isso mesmo, tão obscuros quanto raramente o foram. Mais do que em qualquer outro tempo, portanto, o tempo pascal nos serve para lembrar que viver a Ressurreição de Jesus, é viver na luz. Ou melhor, com Ele, ser luz também: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). Por isso, continuando o parágrafo anterior, lembra-nos o Papa na VD: “No mistério refulgente da ressurreição, este silêncio da Palavra manifesta-se com o seu significado autêntico e definitivo. Cristo, Palavra de Deus encarnada, crucificada e ressuscitada, é Senhor de todas as coisas; é o Vencedor, o Pantocrator, e assim todas as coisas ficam recapituladas n’Ele para sempre (cf. Ef 1, 10). Por isso, Cristo é «a luz do mundo» (Jo 8, 12), aquela luz que «resplandece nas trevas» (Jo 1, 5), mas as trevas não a acolheram (cf. Jo 1, 5).

Aparece aqui uma referência muito feliz a um Salmo dos mais significativos para nossa vida cristã: “Aqui se compreende plenamente o significado do Salmo 119 quando a designa «farol para os meus passos, e luz para os meus caminhos»; esta luz decisiva na nossa estrada é precisamente a Palavra que ressuscita. Desde início, os cristãos tiveram consciência de que, em Cristo, a Palavra de Deus está presente como Pessoa. A Palavra de Deus é a luz verdadeira, de que o homem tem necessidade. Sim, na ressurreição, o Filho de Deus surgiu como Luz do mundo. Agora, vivendo com Ele e para Ele, podemos viver na luz”.

2. Viver a Ressurreição é viver a “força criadora da Palavra de Deus” que proporciona “esperança e alegria”. Após vivermos os dias da Quaresma – só quem os viveu intensamente sabe o que isso pode ter significado na sua caminhada seguindo as pegadas do “Servo Sofredor” do profeta Isaias! – podemos sentir esta “força criadora da Palavra de Deus”. Criadora no sentido de, repletos da luz do Ressuscitado, colaborarmos para a criação de um “novo céu e uma nova terra” superando, assim, a corrupção e degradação que nos rodeiam. Depois de mostrar que no “Mistério Pascal realizam-se as palavras da Escritura”, a VD termina esse inspirado parágrafo ensinando-nos que “Deste modo São Paulo, transmitindo fielmente o ensinamento dos Apóstolos (cf. 1 Cor 15, 3), sublinha que a vitória de Cristo sobre a morte se verifica através da força criadora da Palavra de Deus. Esta força divina proporciona esperança e alegria: tal é, em definitivo, o conteúdo libertador da revelação pascal. Na Páscoa, Deus revela-Se a Si mesmo juntamente com a força do Amor trinitário que aniquila as forças destruidoras do mal e da morte”.

Um santo, alegre e iluminado tempo pascal, na companhia de Maria, a primeira ressuscitada com a Palavra, é o que, em nome do Grupo Executivo Nacional do MCC do Brasil, lhes deseja o irmão e amigo,



Pe. José Gilberto Beraldo
Grupo Sacerdotal do GEN
E-mail: beraldomilenio@uol.com.br

quinta-feira, 21 de abril de 2011

ASSEMBLÉIA DO GER

Aconteceu de 25 a 27 de março/2011, na Mansão da Paz Pai Bico em Conceição do Coité a XXIX assembléia regional do GER – GRUPO EXECUTIVO REGIONAL NE III – BAHIA E SERGIPE – com a finalidade de avaliar as atividades de 2010 e planejar as atividades para 2011.

A acolhida se deu as 13h30mim seguido de almoço. Logo após o almoço, para iniciarmos as atividades sistemáticas da assembléia, com a celebração Eucarística que marcou o inicio do evento sob a coordenação de Raimunda Crispim – coordenadora do GER, pertencente ao GED de Itabuna.

Com o tema “Que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé”, deu-se o início da ultima parte do tríduo – o AGIR – que levou-nos a refletir acerca do MCC no Brasil para que possamos celebrar com entusiasmo o jubileu no próximo ano (2012), corrigindo as distorções e retornando aos trilhos de onde nunca deveríamos ter saído!

A presença de Pe. Beraldo tornou o encontro mais rico, que juntou - se a outros sacerdotes da Bahia e Sergipe – doze – sem contarmos a presença do nosso Pastor, D. Ottorino , e uma rápida visita do nosso pároco Pe. Charles. As conclusões da assembléia serão do conhecimento de todos os cursilhistas atuantes mediante resumo da ata que será enviado para cada GED no momento oportuno.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

CARTA MCC BRASIL ABRIL 2011 – (140ª.)

“Acaso ignorais que todos nós, batizados no Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados?

Pelo batismo fomos sepultados com Ele na morte, para que,como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai,assim também nós vivamos uma vida nova.Pois, se fomos, de certo modo, identificados a ele por uma morte semelhante á sua,seremos semelhantes a ele também pela ressurreição” (Rm 6,3-5).

Muito amados e amadas que, juntos, nesta peregrinação quaresmal rumo à Páscoa, cantamos com o Salmista, “peregrinos e felizes caminhando para a casa de Deus”, alimentados pela esperança, gritando: “A minh’alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (Cf Salmo 41):

Sempre fortalecidos pela ação inspiradora do Espírito Santo e animados pelo seguimento de Jesus como discípulos missionários dEle, chegamos à nossa centésima quadragésima carta mensal. São elas dirigidas, primeiramente, aos participantes do Movimento de Cursilhos do Brasil. Graças, também, à generosidade e colaboração de tantos irmãos e irmãs, ela tem chegado, tanto em português como em espanhol, a milhares de outros companheiros e companheiras de jornada não só do MCC, como na peregrinação comum da vida dos seguidores de Mestre. Como sabem os que acompanham estas cartas, escritas em nome do Grupo Executivo Nacional do MCC do Brasil, elas trazem um conteúdo que não visa particularmente o Movimento de Cursilhos, mas, a quem por elas se interessa, querem oferecer elementos para reflexão de temas propostos, naquele mês, pela própria Igreja ou, então, de importantes Documentos do Magistério eclesial. Todas elas veem encabeçadas por uma citação bíblica, pois é na Palavra, autêntica fonte da água que sacia todas as sedes – “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede, E a água que lhe der se tornará nele uma fonte de água pura que jorra para a vida eterna” (Jo 4, 13-15) – que procuramos alicerçar, às vezes ainda que indiretamente, nossas reflexões. A esse direcionamento preside a intenção de não só atingir as pessoas, mas, também, a de ajudar no enriquecimento do Movimento na prática do seu carisma e nos esforços para alcançar seus objetivos: mostrar que a pessoa é objeto do amor de Deus; oferecer a essa mesma pessoa contínuas oportunidades de um encontro com Cristo vivo que a envia para exercer sua missão de ser fermento, sal e luz no seu ambiente natural, testemunhando ali, com sua vida e unida com outros irmãos e irmãs, numa verdadeira comunidade de fé, os valores e critérios de Jesus; ser, enfim, no seu ambiente, verdadeiro discípulo missionário do Senhor.

Para este mês, ainda quaresmal no seu início e luminosamente pascal no seu término, proponho dois pontos centrados nessas importantes celebrações.

1º ponto. Semanas finais da Quaresma (4ª. e 5ª. e Semana Santa). Ao iniciar o mês de abril, estaremos, ainda, num clima de preparação para celebrar a maior festa da nossa fé, a Páscoa. Primeiramente, deveríamos nos examinar se, até aqui, vivemos de verdade a proposta do jejum, da abstinência e da esmola ou da solidariedade, que é como podemos entender a “esmola” nos dias de hoje. Bem nos disse o Profeta Joel, na Quarta-feira de Cinzas: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo” (Jl 2,12-13). “Voltar ao Senhor” não exige outra atitude de cada um e cada uma de nós, senão a de recomeçar a cada dia, a cada instante da vida. Devido às nossas naturais limitações humanas, inclinados que somos à acomodação, à preguiça, ao conformismo com as nossas pretensas vitórias – ainda que não apareçam... – e ao “já feito”, nossa tendência, via de regra, é não enfrentar e assumir o novo a cada dia; é “deixar como está pra ver como é que fica”, ou dizer para si mesmo: “já fiz muito, agora chega...”! Meu irmão, minha irmã: voltemos à Quaresma, voltemos ao espírito, à proposta e, sobretudo, à prática da Quaresma, esse tempo privilegiado de anseio pelo abraço do Pai misericordioso; tempo precioso de preparação para a Ressurreição, portanto, para, de novo, saborearmos e vivenciarmos a festa da Vida nova em Cristo. Para isso temos, ainda, algumas semanas: aproveite-as! Continue seu exercício quaresmal. Dê uma pausa na sua vida. Leia atentamente todo o Capítulo 53 de Isaías. Ponha-se no lugar daquele Servo Sofredor! Coragem! Ânimo!

2º ponto. Páscoa da Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. É a celebração maior da nossa vida de discípulos missionários de Jesus, pois foi a celebração maior da vida do Filho de Deus feito homem e irmão de todos nós nessa aventura da vida na terra. Durante toda a sua vida pública Jesus preparou seus seguidores para esse momento – não pensassem eles que a missão do Mestre deveria esgotar-se com a proclamação de um reinado terreno sendo ele o Rei supremo. Nada disso. Mostrou-lhes, antes, o sofrimento e a cruz. Não se iludissem, sonhando com algum “ministério” como recompensa por terem deixado tudo e seguido seus passos: “Olha! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?” (Mt 19,27). A recompensa foi e continua sendo para nós, seus fiéis seguidores, muito maior, indescritível, misteriosa e, sobretudo, verdadeira e, por isso, carregada de esperança. Ou, neste nosso tempo consumista, na cultura que respiramos, numa sociedade pessimista e sonhadora apenas com a riqueza material, com os bens transitórios resumidos em mansões maravilhosas ou em carros do último grito ou, especialmente, numa gorda conta bancária, ou num futuro chamado de “promissor”, não seria nisso tudo que estamos depositando nossas esperanças? Mesmo sabendo e experimentado que tudo isso é transitório? Por quê? Não é verdade o que a nossa fé nos diz quando ensina que, um dia, todos ressuscitaremos com Cristo? É Ele quem afirma: “É esta a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Esta é a vontade do meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 39-40). E num confortador momento da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios ele nos ajuda na certeza da nossa própria ressurreição ao afirmar, enfaticamente, sobre a ressurreição dos mortos: “E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados” (1Cor 15,17). E, ainda, tratando da esperança cristã, Paulo não se refere a nenhuma “reencarnação”, isto é, a inumeráveis manifestações (ainda que pareçam momentaneamente muito consoladoras!) dos que já morreram. Infelizmente, até muitos católicos, contrariando a fé do seu próprio batismo, andam acreditando na vã esperança de ver e falar com espíritos de mortos eternamente reencarnando-se, quando é muito mais confortador crer num Cristo vivo que com Ele nos ressuscitará no último dia. Por isso, São Paulo conclui: “Se é só para esta vida que pusemos nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão” (1Cor 15,19).

Com meu abraço fraterno, uma feliz e santa Páscoa, toda iluminada pela esperança no Ressuscitado e, sobretudo, vivenciada no seu dia a dia, é tudo o que, neste momento e do íntimo do meu coração sacerdotal, eu posso desejar, em nome do Grupo Executivo Nacional do MCC do Brasil, a todos os queridos irmãos e irmãs, fieis leitores desta mensagem mensal.



Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do GEN

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Carta MCC Brasil – Março 2011

“Pois agora, então – oráculo do Senhor – voltai para mim de todo o coração, fazendo jejuns, chorando e batendo no peito! Rasgai vossos corações, não as roupas! Voltai para o Senhor vosso Deus, pois Ele é bom e cheio de misericórdia! É manso na raiva, cheio de carinho e retira a ameaça! Quem sabe Ele volta atrás, tem compaixão e deixa para nós uma bênção! (Joel 2, 12-14a).

Meus amados, companheiros de peregrinação pelas estradas da Quaresma e da Cruz rumo à Vida e à Ressurreição!

Não poderia ser outro o foco da nossa proposta de reflexão neste mês de março senão a Quaresma e seu longo, mas gratificante itinerário rumo à Páscoa da Ressurreição.

Quaresma, todos sabemos, é o tempo que vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Quinta-feira Santa, na Ceia do Senhor, exclusive. Entretanto, Quaresma não é somente um tempo no Ciclo Litúrgico ou um tempo marcado por algumas ações especiais ou meramente tradicionais por parte dos cristãos. Nesta nossa Carta mensal, quero propor aos meus queridos irmãos e leitores que façamos da Quaresma uma caminhada vivencial, um itinerário místico até a Ressurreição de Jesus. É um itinerário que poderá exigir de cada um uma mudança de mentalidade, uma grande capacidade de renúncia, um mergulho consciente num clima de oração e uma radical atitude de solidariedade. Vamos, então, colocar nossos passos nas pegadas de Jesus e, juntamente com Ele, iniciar o percurso do nosso místico itinerário quaresmal? Mas, logo no inicio da caminhada, Ele nos pede despojamento, renúncia e plena disponibilidade: “Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola pelo caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão...” (Mt 10,9b-10a).

1. Porque chamar de “místico” este nosso itinerário quaresmal? Porque se trata de fazer uma experiência na qual a gente empenha toda a vida: inteligência, vontade, coração. De fato, “místico” tem muito do experimentar, do degustar o sabor, do “sofrer” uma atitude, um gesto, um comportamento, o relacionamento com Deus e com o próximo. “Místico” significa esse “sofrer” uma experiência que transforma uma mentalidade e que proporciona novos horizontes. Aqui, no itinerário quaresmal, supõe assumir a experiência da oração, do jejum, da solidariedade e nela mergulhar durante a peregrinação para a Sexta-feira Santa do abandono, do despojamento até a Cruz e para o Domingo da Páscoa da Ressurreição, o domingo da eterna experiência do “Caminho, da Verdade e da Vida” (Jo 14,6)! Ponhamos, então, nossos pés nas pegadas de Jesus!

2. Primeiro passo com Jesus: a oração. ”Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar. Passou a noite toda em oração a Deus” (Lc 6,12). A oração é uma atitude constante na vida de Jesus. Com o “subir à montanha”, isto é, com o isolar-se do ruído e da pressão das multidões e, até, da proximidade dos discípulos, Jesus nos ensina qual deve ser a frequência e a atitude na oração. Por que não amiudarmos, nesta Quaresma, a “leitura orante da Bíblia” ou a chamada “Lectio divina” hoje tão enfatizada e valorizada pela Igreja? Por ser aqui limitado nosso espaço, aconselho vivamente que aproveitemos esse tempo privilegiado da Quaresma para ler, estudar e refletir a Exortação Apostólica “Verbum Domini” (VD) do Papa Bento XVI, que nos ensina, de maneira didática e quase intuitiva, o que significa um “Deus que fala” (VD 6-21), “a resposta do homem ao Deus que fala” (VD 22-28) e, sobretudo, o que é a “leitura orante da Sagrada Escritura e a “lectio divina” (86-87). Faça essa experiência indescritível de mergulhar na Palavra orando a Deus com as mesmas Palavras dEle!

3. Segundo passo com Jesus: o jejum. “Jesus foi conduzido ao deserto para ser posto à prova pelo diabo. Ele jejuou durante quarenta dias e quarenta noites” (Mt 4,1-2). Para os cristãos de hoje, pressionados por tantas “necessidades desnecessárias”, há uma nova maneira de se interpretar o jejum quaresmal. Não basta somente o jejum dos alimentos e da bebida. O jejum, hoje, passa pela abstinência do orgulho, da vaidade, das ambições desmedidas, do consumismo exagerado, da sede do ter e do poder. Examine-se, meu irmão, minha irmãs, e durante esta Quaresma, ao praticar esse tipo de jejum, una-se ao jejum de Jesus no deserto.

4. Terceiro passo com Jesus: a solidariedade e a partilha (esmola). “Vendei vosso bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, ai estará também o vosso coração” (Lc 12, 33-34). Devido às circunstâncias atuais de tanta injustiça, de tanto ódio, de tanta exclusão, a esmola adquire novas tonalidades e sentidos, concretizados em atitudes de solidariedade e partilha. Os católicos e outras pessoas de boa vontade têm uma excelente e providencial oportunidade de praticar a solidariedade e a partilha evangélicas participando ativamente da Campanha da Fraternidade que a Igreja no Brasil promove todos os anos durante a Quaresma.

Meus amados: preparemo-nos para percorrer com ânimo e muita coragem, fortalecidos pelo Divino Espírito Santo, o nosso místico itinerário quaresmal. Caminhemos, pois, não ‘docemente constrangidos’ ou ‘folcloricamente pressionados’. Pode ser que nos esperem a cruz e algum sofrimento. Mas lembremo-nos de que Jesus caminha conosco: basta que ponhamos os nossos pés nas pegadas que Ele vai deixando para nos guiar! Façamos nossas as palavras e os sentimentos de São Paulo aos Colossenses: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja” (Cl 1,24).

Em nome do Grupo Executivo Nacional do Movimento de Cursilhos do Brasil, fica o abraço fraterno e carinhoso do irmão e companheiro de peregrinação.


Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do GEN





quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

RETIRO ESPIRITUAL


Acontecerá noso dias 19 e 20 mais um retiro Espiritual do Movimento de Cursilhos de Cristandade da Diocese de Serrinha - Bahia, e terá como tema: "que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé" retirado da carta de São Paulo aos Efésios capitulo 4, será coordenado pela Irmã Eliete, começará as 16h do dia 19 e terminará às 11h com a celebração da Eucaristia presidida por Padre Charles.
O retiro espiritual será também o inicio da preparação para os trabalhos do MCC na Diocese em prol da realização de mais dois cursilhos no mês de setembro.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CARTA FEVEREIRO 2011

'A Palavra do Senhor permanece eternamente.
E esta é a palavra do Evangelho que vos foi anunciada' (1 Pd 1,25; cf.Is 40,8).

Muito amados irmãos e irmãs, 'praticantes da Palavra, e não meros ouvintes...' (Cf. Tg 1,22):

Não sou pessimista. Não quero ser pessimista. Apesar de todas as atuais evidências, resisto à tentação de ser pessimista perdendo, assim, as esperanças de tempos mais iluminados pela Palavra. Uma imagem visível do pessimismo são as trevas, a escuridão. As realidades sociais, econômicas e, até, muitas das realidades religiosas são manifestações inequívocas da escuridão e das espessas trevas que envolvem o mundo, as pessoas e as coisas. Faço essa referência sempre encarando a realidade à luz da fé. De fato, mirando os horizontes do mundo moderno, acabamos por nos convencer - sempre procurando contemplá-los com os olhos de Deus - que caminhamos, a cada dia com maior celeridade, para um completo distanciamento dEle, o que significa um distanciamento da Palavra, de Jesus, Verbo eterno do Pai, no qual 'estava a vida e a vida era a luz dos homens' (Jo 1,4). Entretanto, depois de tantos séculos 'a luz continua brilhando nas trevas, e as trevas, todavia, não conseguem vislumbrá-la' (Cf. Jo 1,5). Ao me referir a estas palavras joaninas, tenho certeza de estar na mais abalizada das companhias, pois os mais recentes documentos do Magistério eclesiástico são demasiadamente pródigos na análise da realidade ao ressaltar, sobretudo, muitos dos seus aspectos dolorosamente obscuros.

Eis que acaba de vir à luz um precioso documento do magistério eclesiástico que lança raios de luz intensa sobre os nossos caminhos nem sempre bastante iluminados. Movido por meu próprio entusiasmo pelo que esse documento significa para toda a Igreja, mas especialmente para os Movimentos eclesiais - e, aqui faço uma referência especial ao Movimento de Cursilhos que se define como querigmático-vivencial - iniciei a redação de uma série de artigos sobre essa Exortação e, nesta carta, meus sempre benévolos leitores, permito-me partilhar com vocês algumas considerações sobre esse tão importante Documento do Papa Bento XVI. Trata-se da Exortação Apostólica Verbum Domini sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (VD).

Julgo oportuno lembrar que uma Exortação Apostólica é um documento-síntese redigido pelo Papa depois de uma Assembléia Geral de um Sínodo da Igreja Católica. O Sínodo é uma instituição surgida depois do Concílio Vaticano II e, periodicamente, reúne representantes dos Episcopados do mundo inteiro e alguns convidados de outras crenças religiosas. Suas sugestões e reflexões são encaminhadas ao Papa que lhes dá sua chancela de documento oficial do magistério eclesiástico. Uma Exortação Apostólica, portanto, é um documento que manifesta a comunhão eclesial dos nossos Pastores. E, como em todos os demais documentos eclesiais, neste também, o Papa - em três momentos-chaves ou em três partes - ao mesmo tempo em que proclama, ensina e questiona o povo de Deus.

Primeiro momento: a Palavra de Deus. É necessário lembrar que o Papa afirma que a VD terá como referência medular e constante o Prólogo do Evangelho de João. O Deus-Pai-Amor que pronuncia a sua Palavra desde toda a eternidade é 'O Deus que fala': 'comunica-se a si mesmo por meio do dom da sua Palavra' e 'A Resposta do homem ao Deus que fala', entre outras preciosas considerações, apresenta 'O pecado como não escuta da Palavra de Deus' e, finalmente, nos aponta 'Maria, ‘Mãe do Verbo de Deus' e ‘Mãe da fé'': '...por isso é necessário olhar para uma pessoa em Quem a reciprocidade entre Palavra de Deus e fé foi perfeita, ou seja, para a Virgem Maria'. A seguir, mostra-nos como deve ser a relação entre a Palavra de Deus e a vida da Igreja. Pergunte-se: você é ouvinte assíduo da Palavra? Como a está ouvindo? Como está a ela respondendo? Você a está testemunhando?

Segundo momento: a Palavra na vida da Igreja. É fundamental que cada cristão católico sinta-se membro e participante do Povo de Deus, 'Igreja que acolhe a Palavra'. E que, naturalmente, esteja sempre aberto e disponível para descobrir ou re-descobrir no interior da Igreja as múltiplas oportunidades que ela nos apresenta para vivenciar a Palavra. E, sobretudo, vivenciá-la em comunhão como nos adverte Bento XVI: 'A este propósito, porém, deve-se evitar o risco de uma abordagem individualista, tendo presente que a Palavra de Deus nos é dada precisamente para construir comunhão, para nos unir na Verdade no nosso caminho para Deus. Sendo uma Palavra que se dirige a cada um pessoalmente, é também uma Palavra que constrói comunidade, que constrói a Igreja. Por isso, o texto sagrado deve-se abordar sempre na comunhão eclesial'. Pergunte-se: sua vivência eclesial está sempre em sintonia com a Palavra legitimamente anunciada pela sua Igreja? Ou você costuma interpretá-la ao seu bel prazer ou de acordo com sua conveniência do momento? Ou se presta somente para você citá-la de vez em quando?

Terceiro momento: a Palavra no mundo. Aqui está o momento missionário e essencial da VD. Que alegria poderemos experimentar se conseguirmos 'Anunciar ao mundo o ‘Logos' da Esperança'! Meu irmão: leia, por favor, o parágrafo 91 da VD. Enquanto isso, vá saboreando a escolha que o próprio Jesus faz de você para ser seu missionário e anunciador da Palavra: 'Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para todos, para cada homem'. E o anúncio necessita ser confirmado pelo testemunho de vida: 'Antes de mais nada, é importante que cada modalidade de anúncio tenha presente a relação intrínseca entre comunicação da Palavra de Deus e testemunho cristão; disso depende a própria credibilidade do anúncio. Por um lado, é necessária a Palavra que comunique aquilo que o próprio Senhor nos disse; por outro, é indispensável dar, com o testemunho, credibilidade a esta Palavra, para que não apareça como uma bela filosofia ou utopia, mas antes como uma realidade que se pode viver e que faz viver...Particularmente as novas gerações têm necessidade de ser introduzidas na Palavra de Deus «através do encontro e do testemunho autêntico do adulto, da influência positiva dos amigos e da grande companhia que a comunidade eclesial'. Pergunte-se: o 'sabor' que a Palavra lhe proporciona fica somente para sua própria 'degustação' ou você, missionário-missionária de Jesus, o tem partilhado com os que vivem ao seu redor, na sua família, na sua comunidade de convivência diária, no seu ambiente de trabalho?

Caríssimos: espero tê-los motivado o suficiente para a leitura, a reflexão e a colocação em prática da VD não só individualmente,mas em seus grupos e comunidades , deixo a todos o meu carinhoso abraço fraterno.


José Gilberto Beraldo

Grupo Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional do MCC

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Carta MCC Brasil - Jan/2011

'Vi então um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe...' 'A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito de dor, porque as coisas anteriores passaram...'. 'Aquele que está no trono disse: ‘Eis que faço novas todas as coisas'' (Ap 21, 1.4b.5).

Meus amados e amadas no 'Verbo que se fez carne e veio armar a sua tenda no meio de nós':

Uma citação do Apocalipse logo na primeira carta do ano? - poderia perguntar-se alguém. Mas o Apocalipse não é um livro de fim de mundo? De maus agouros? De ameaças, de castigos terríveis? De vinganças de um Deus-juiz implacável? Não. Pelo contrário. O que desejo mostrar com a citação desse texto está na síntese de um comentário final sobre o Apocalipse na Bíblia Sagrada, tradução da CNBB: 'A esperança e a perseverança. O olhar apocalíptico serve para abrir uma perspectiva de esperança, que nos dá força para perseverar no seguimento do Cordeiro. As cartas às igrejas terminam sempre: ‘o vencedor''. Miremos, então, ainda que sumariamente, mas com os olhos da fé, alguns dos momentos deste início de ano e o que pode nos esperar.

1. Momento de desafios. Muito apropriadamente, o Documento de Aparecida descreve e analisa os momentos de desafios e de mudanças pelos quais passa a sociedade contemporânea e, obviamente, também a Igreja: a globalização, o progresso vertiginoso da ciência e da tecnologia, a manipulação genética, o relativismo, a indiferença religiosa, a profunda crise da instituição familiar, etc.. Na impossibilidade de uma análise mais extensa, aconselho uma leitura mais atenta desse capítulo. Penso, até, que no decorrer desses breves quase quatro anos depois de Aparecida, alguns desses desafios já se agravaram, enquanto outros mais surgiram no horizonte da história. 'Como discípulos de Jesus Cristo, sentimo-nos desafiados a discernir os ‘sinais dos tempos' à luz do Espírito Santo, para nos colocar a serviço do Reino anunciado por Jesus, que veio para que todos tenham vida e para que a tenham em plenitude (Jo 10,10).'

2. Momento de renovação do compromisso missionário. Por isso, neste início de um novo ano, de uma nova etapa da história humana, de novo - discípulos de Jesus que nos dizemos - somos convidados a renovar o nosso compromisso missionário com Ele e com o Reino de Deus: 'Por esta razão, os cristãos precisam recomeçar a partir de Cristo, a partir da contemplação de quem nos revelou em seu mistério a plenitude do cumprimento da vocação humana e de seu sentido. Necessitamos nos fazer discípulos dóceis, para aprender dEle, em seu seguimento, a dignidade e a plenitude de vida. E necessitamos, ao mesmo tempo, que o zelo missionário nos consuma para levar ao coração da cultura de nosso tempo aquele sentido unitário e completo da vida humana que nem a ciência, nem a política, nem a economia nem os meios de comunicação poderão proporcionar'. Lembremos de que, logo no início do ano celebramos a festa da Epifania, isto é, da manifestação de Jesus-Homem à humanidade. A Epifania vem nos lembrar que - novos reis magos - somos enviados para gritar ao mundo, pela palavra e, sobretudo, pelo nosso testemunho de vida, que Jesus está vivo entre nós; vivo em cada pessoa; vivo no mundo; vivo nas realidades cotidianas; vivo nos acontecimentos de cada dia. E que, portanto, nós seus seguidores, devemos renovar, a cada instante da vida, custe o que custar, a nossa responsabilidade de discípulos missionários dEle.

3. Momento de esperança. É precisamente aqui que pode realizar-se a visão apocalíptica da esperança: a de 'um novo céu e de uma nova terra' com a promessa de Deus: 'Eis que faço novas todas as coisas'. Alimentar esperança não significa cruzar os braços e deixar acontecer. Alimentar esperança exige, também, a nossa participação no projeto de Deus para que, efetivamente, possam acontecer um 'novo céu e uma terra', na prática da justiça, da solidariedade e do perdão para construirmos juntos a UNIDADE e a PAZ! Nesta caminhada, Maria nos acompanha. Logo em seguida ao Natal, a Igreja nos propõe a celebração de Maria como Mãe. Durante todo o ano ela estará conosco, lembrando-nos a responsabilidade de irmãos de Jesus e, ao mesmo tempo, enchendo-nos de alegria. Sendo a Mãe do Verbo de Deus, da Palavra, que é o próprio Jesus, é ela, também, nossa Mãe. 'Mãe do Verbo e Mãe da alegria', lembra o Papa Bento XVI. Maria vai cumular-nos de alegria no seguimento missionário de Jesus.

Em nome do Grupo Executivo Nacional do MCC do Brasil e no meu próprio, a todos desejo um fecundo e muito missionário ano de 2011, último da preparação para o Jubileu de Ouro da presença do MCC no Brasil!

Até nosso próximo encontro através destas Cartas, despeço-me com meu abraço fraterno;

Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal Nacional