segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Carta MCC Brasil – Março 2011

“Pois agora, então – oráculo do Senhor – voltai para mim de todo o coração, fazendo jejuns, chorando e batendo no peito! Rasgai vossos corações, não as roupas! Voltai para o Senhor vosso Deus, pois Ele é bom e cheio de misericórdia! É manso na raiva, cheio de carinho e retira a ameaça! Quem sabe Ele volta atrás, tem compaixão e deixa para nós uma bênção! (Joel 2, 12-14a).

Meus amados, companheiros de peregrinação pelas estradas da Quaresma e da Cruz rumo à Vida e à Ressurreição!

Não poderia ser outro o foco da nossa proposta de reflexão neste mês de março senão a Quaresma e seu longo, mas gratificante itinerário rumo à Páscoa da Ressurreição.

Quaresma, todos sabemos, é o tempo que vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Quinta-feira Santa, na Ceia do Senhor, exclusive. Entretanto, Quaresma não é somente um tempo no Ciclo Litúrgico ou um tempo marcado por algumas ações especiais ou meramente tradicionais por parte dos cristãos. Nesta nossa Carta mensal, quero propor aos meus queridos irmãos e leitores que façamos da Quaresma uma caminhada vivencial, um itinerário místico até a Ressurreição de Jesus. É um itinerário que poderá exigir de cada um uma mudança de mentalidade, uma grande capacidade de renúncia, um mergulho consciente num clima de oração e uma radical atitude de solidariedade. Vamos, então, colocar nossos passos nas pegadas de Jesus e, juntamente com Ele, iniciar o percurso do nosso místico itinerário quaresmal? Mas, logo no inicio da caminhada, Ele nos pede despojamento, renúncia e plena disponibilidade: “Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola pelo caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão...” (Mt 10,9b-10a).

1. Porque chamar de “místico” este nosso itinerário quaresmal? Porque se trata de fazer uma experiência na qual a gente empenha toda a vida: inteligência, vontade, coração. De fato, “místico” tem muito do experimentar, do degustar o sabor, do “sofrer” uma atitude, um gesto, um comportamento, o relacionamento com Deus e com o próximo. “Místico” significa esse “sofrer” uma experiência que transforma uma mentalidade e que proporciona novos horizontes. Aqui, no itinerário quaresmal, supõe assumir a experiência da oração, do jejum, da solidariedade e nela mergulhar durante a peregrinação para a Sexta-feira Santa do abandono, do despojamento até a Cruz e para o Domingo da Páscoa da Ressurreição, o domingo da eterna experiência do “Caminho, da Verdade e da Vida” (Jo 14,6)! Ponhamos, então, nossos pés nas pegadas de Jesus!

2. Primeiro passo com Jesus: a oração. ”Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar. Passou a noite toda em oração a Deus” (Lc 6,12). A oração é uma atitude constante na vida de Jesus. Com o “subir à montanha”, isto é, com o isolar-se do ruído e da pressão das multidões e, até, da proximidade dos discípulos, Jesus nos ensina qual deve ser a frequência e a atitude na oração. Por que não amiudarmos, nesta Quaresma, a “leitura orante da Bíblia” ou a chamada “Lectio divina” hoje tão enfatizada e valorizada pela Igreja? Por ser aqui limitado nosso espaço, aconselho vivamente que aproveitemos esse tempo privilegiado da Quaresma para ler, estudar e refletir a Exortação Apostólica “Verbum Domini” (VD) do Papa Bento XVI, que nos ensina, de maneira didática e quase intuitiva, o que significa um “Deus que fala” (VD 6-21), “a resposta do homem ao Deus que fala” (VD 22-28) e, sobretudo, o que é a “leitura orante da Sagrada Escritura e a “lectio divina” (86-87). Faça essa experiência indescritível de mergulhar na Palavra orando a Deus com as mesmas Palavras dEle!

3. Segundo passo com Jesus: o jejum. “Jesus foi conduzido ao deserto para ser posto à prova pelo diabo. Ele jejuou durante quarenta dias e quarenta noites” (Mt 4,1-2). Para os cristãos de hoje, pressionados por tantas “necessidades desnecessárias”, há uma nova maneira de se interpretar o jejum quaresmal. Não basta somente o jejum dos alimentos e da bebida. O jejum, hoje, passa pela abstinência do orgulho, da vaidade, das ambições desmedidas, do consumismo exagerado, da sede do ter e do poder. Examine-se, meu irmão, minha irmãs, e durante esta Quaresma, ao praticar esse tipo de jejum, una-se ao jejum de Jesus no deserto.

4. Terceiro passo com Jesus: a solidariedade e a partilha (esmola). “Vendei vosso bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, ai estará também o vosso coração” (Lc 12, 33-34). Devido às circunstâncias atuais de tanta injustiça, de tanto ódio, de tanta exclusão, a esmola adquire novas tonalidades e sentidos, concretizados em atitudes de solidariedade e partilha. Os católicos e outras pessoas de boa vontade têm uma excelente e providencial oportunidade de praticar a solidariedade e a partilha evangélicas participando ativamente da Campanha da Fraternidade que a Igreja no Brasil promove todos os anos durante a Quaresma.

Meus amados: preparemo-nos para percorrer com ânimo e muita coragem, fortalecidos pelo Divino Espírito Santo, o nosso místico itinerário quaresmal. Caminhemos, pois, não ‘docemente constrangidos’ ou ‘folcloricamente pressionados’. Pode ser que nos esperem a cruz e algum sofrimento. Mas lembremo-nos de que Jesus caminha conosco: basta que ponhamos os nossos pés nas pegadas que Ele vai deixando para nos guiar! Façamos nossas as palavras e os sentimentos de São Paulo aos Colossenses: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja” (Cl 1,24).

Em nome do Grupo Executivo Nacional do Movimento de Cursilhos do Brasil, fica o abraço fraterno e carinhoso do irmão e companheiro de peregrinação.


Pe. José Gilberto Beraldo
Equipe Sacerdotal do GEN





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