domingo, 8 de maio de 2011

Carta do mês de maio de 2011

Muito amados irmãos e irmãs no Senhor gloriosamente Ressuscitado e a Ele semelhantes na morte e, também, na Ressurreição:

Assim como buscamos vivenciar fervorosamente os quarenta dias da santa Quaresma bem como a Santa Semana da Paixão, agora o Senhor Jesus, ressuscitado dos mortos, nos propicia as alegrias dos cinqüenta dias da Páscoa celebrada no último dia 24 de abril! Refletindo sobre em que fonte beber para partilhar nossas habituais reflexões mensais, lembrando este tempo de luz e de vida, penso tê-la encontrado atual, viva, oportuna e revigorante na VERBUM DOMINI (“A Palavra do Senhor”)[1] do Papa Bento XVI.

1. Viver a Ressurreição é viver o mistério da Cruz. Alimentado pelas “propostas[2]” dos Padres Sinodais, o Papa vai discernindo para o Povo de Deus o significado e os caminhos da Palavra no hoje da caminhada da história e da própria Igreja. Logo no início da Primeira Parte, encontramos O DEUS QUE FALA. É precisamente ali que está bem explicitada a identidade de Jesus com a Palavra do Pai: a Palavra do Pai é o seu próprio Filho.

No fascinante parágrafo 12, “Cristologia da Palavra”, nos deparamos com uma viva referência pascal à Palavra. Ao mostrar a vida do Verbo, Palavra do Pai, o Papa começa com a Encarnação: “O Senhor compendiou sua Palavra, abreviou-a (Is 10,23; Rm9, 28)... O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré”. Prosseguindo pela vida de Jesus, o texto chega à missão de Jesus que se cumpre no Mistério Pascal: “Por fim, a missão de Jesus cumpre-se no Mistério Pascal: aqui vemo-nos colocados diante da «Palavra da cruz» (cf. 1 Cor 1, 18).

A morte da Palavra na Cruz é mostrada como um silêncio dAquele que é a PALAVRA: “O Verbo emudece, torna-se silêncio de morte, porque Se «disse» até calar, nada retendo do que nos devia comunicar. Sugestivamente os Padres da Igreja, ao contemplarem este mistério, colocam nos lábios da Mãe de Deus esta expressão: «Está sem palavra a Palavra do Pai, que fez toda a criatura que fala; sem vida estão os olhos apagados d’Aquele a cuja palavra e aceno se move tudo o que tem vida». Aqui verdadeiramente comunica-se-nos o amor «maior», aquele que dá a vida pelos próprios amigos (cf. Jo 15, 13). Neste grande mistério, Jesus manifesta-se como a Palavra da Nova e Eterna Aliança: a liberdade de Deus e a liberdade do homem encontraram-se definitivamente na carne crucificada, num pacto indissolúvel, válido para sempre”!

Finalmente, depois dessas lembranças que chegam a emocionar, a VD chega ao mistério da Ressurreição!

1. Viver a ressurreição é viver na luz. Desde a noite do Sábado Santo – Vigília da Páscoa – a luz de Cristo brilha aos nossos olhos e ilumina a vida do cristão. Nessa noite, ao entrar na igreja com o Círio pascal já aceso, o diácono canta solenemente, por três vezes: “Eis a luz de Cristo”. Jesus já se havia identificado aos seus discípulos como a luz do mundo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Nossa experiência diária de contato e imersão nesta nossa cultura cada dia mais longe da verdadeira luz, pois é regida por critérios sempre mais distanciados dos do Reino anunciado e testemunhado por Jesus e, por isso mesmo, tão obscuros quanto raramente o foram. Mais do que em qualquer outro tempo, portanto, o tempo pascal nos serve para lembrar que viver a Ressurreição de Jesus, é viver na luz. Ou melhor, com Ele, ser luz também: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). Por isso, continuando o parágrafo anterior, lembra-nos o Papa na VD: “No mistério refulgente da ressurreição, este silêncio da Palavra manifesta-se com o seu significado autêntico e definitivo. Cristo, Palavra de Deus encarnada, crucificada e ressuscitada, é Senhor de todas as coisas; é o Vencedor, o Pantocrator, e assim todas as coisas ficam recapituladas n’Ele para sempre (cf. Ef 1, 10). Por isso, Cristo é «a luz do mundo» (Jo 8, 12), aquela luz que «resplandece nas trevas» (Jo 1, 5), mas as trevas não a acolheram (cf. Jo 1, 5).

Aparece aqui uma referência muito feliz a um Salmo dos mais significativos para nossa vida cristã: “Aqui se compreende plenamente o significado do Salmo 119 quando a designa «farol para os meus passos, e luz para os meus caminhos»; esta luz decisiva na nossa estrada é precisamente a Palavra que ressuscita. Desde início, os cristãos tiveram consciência de que, em Cristo, a Palavra de Deus está presente como Pessoa. A Palavra de Deus é a luz verdadeira, de que o homem tem necessidade. Sim, na ressurreição, o Filho de Deus surgiu como Luz do mundo. Agora, vivendo com Ele e para Ele, podemos viver na luz”.

2. Viver a Ressurreição é viver a “força criadora da Palavra de Deus” que proporciona “esperança e alegria”. Após vivermos os dias da Quaresma – só quem os viveu intensamente sabe o que isso pode ter significado na sua caminhada seguindo as pegadas do “Servo Sofredor” do profeta Isaias! – podemos sentir esta “força criadora da Palavra de Deus”. Criadora no sentido de, repletos da luz do Ressuscitado, colaborarmos para a criação de um “novo céu e uma nova terra” superando, assim, a corrupção e degradação que nos rodeiam. Depois de mostrar que no “Mistério Pascal realizam-se as palavras da Escritura”, a VD termina esse inspirado parágrafo ensinando-nos que “Deste modo São Paulo, transmitindo fielmente o ensinamento dos Apóstolos (cf. 1 Cor 15, 3), sublinha que a vitória de Cristo sobre a morte se verifica através da força criadora da Palavra de Deus. Esta força divina proporciona esperança e alegria: tal é, em definitivo, o conteúdo libertador da revelação pascal. Na Páscoa, Deus revela-Se a Si mesmo juntamente com a força do Amor trinitário que aniquila as forças destruidoras do mal e da morte”.

Um santo, alegre e iluminado tempo pascal, na companhia de Maria, a primeira ressuscitada com a Palavra, é o que, em nome do Grupo Executivo Nacional do MCC do Brasil, lhes deseja o irmão e amigo,



Pe. José Gilberto Beraldo
Grupo Sacerdotal do GEN
E-mail: beraldomilenio@uol.com.br

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